A noite ainda veste de negro o dia que se inicia.
Madrugada fria, manhã de um inverno seco, sem chuva.
Trinados de pássaros engaiolados no corredor.
Pela fresta da porta, uma réstia de luz.
Cheiro de café novo no fogão à lenha...
Lá fora, pela janela,
a Serra coberta pela neblina,
a mata envolvida num manto difuso de um branco sujo.;
abaixo o som do rio
que castiga as pedras do seu leito por séculos a fio...
Vozes que partem do mercado próximo,
vozes que resmungam, conversam e riem.
Passos que sobem a ladeira,
que trazem o peixe, a caça, a fruta.;
a farinha ainda morna da fornada da madrugada.
Gosto doce do doce de abóbora, de laranja,
doce de jabuticaba, de jenipapo.
Doce de leite, doce de buriti...
Mingau de carimã, de tapioca,
mungunzá, pamonha de milho verde...
Ervas p’ra banho, p’ra olhado,
p’ra tempero de angola.....
ervas p’ra mau de homem, p’ra mau de mulher.
Ervas para o bem de quem quiser.....
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