VOAR... VOAR... VOAR...
Durante anos lhe amei,
dediquei-lhe minha vida, pra valer.
Iludi-me, querendo, reconheço...
na esperança de um dia, você ver.
Com amor, três filhos fecundei.
Alegrias, ansiedade, tristeza, transmiti...
angustias, saudades de dias passados,
e uma vida que passei e não vivi.
Nada vale a vida que eu levo...
maltratada, explorada e mau amada,
numa gaiola vivem pássaros angustiados,
numa esperança leve de breve se libertarem.
Não sei porque erramos tanto...
Quanto mais, querermos mais errar.
Liberdade é palavra que muitos falam,
e numa gaiola fico a chorar.
Chorar por dias passados.
Passados sem ter visto passar.
Chorar por momentos de alegria,
alegria remota, que não vejo chegar.
Só vejo um remédio pra tudo,
a gaiola lentamente espedaçar.
Jogar fora os lamentos...
Voar... voar... voar.
Durante anos lhe amei, cegamente
Dediquei-lhe meus momentos e que momentos
Vivi uma vida falsamente.
Na lembrança, só os tormentos.
Uma vida a dois sem sentido.
Um querer a muito desejar.
Uma cama, um lençol, um gemido.
Uma saudade que quase chega a matar.
Uma mesa, um espaço, um vazio,
Uma cadeira, um copo a esperar...
Um som baixo, cafona se escuta,
E as lágrimas não param de rolar.
Um umbigo parte o elo da criança
daquela que o tempo transformou.
nove meses gerando, respirando...
o ar de dois que um só mandou.
A Deus entrego minha vida...
pedindo benção se não é demais.
Deixo no passado minhas amarguras...
Caminho para nova vida...
já que não posso VOAR... VOAR... VOAR.
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