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Textos_Religiosos-->OS APÓGRIFOS -- 23/04/2014 - 14:11 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Os Apócrifos

Categoria: Apócrifos


 

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Distinções Prévias:

Católicos e gregos distinguem entre livros canônicos (também protocanônicos), deuterocanônicos e apócrifos, referidos aos escritos sagrados. Os canônicos são todos os aceitos como autênticos sempre, e dentro do AT também tidos como Escritura, tanto por judeus como por evangélicos. Os deuterocanônicos (segundo cânon) são livros do AT tidos como escritura pelos gregos da diáspora e como tais aceitos na Igreja mas que não formaram o cânon judaico escrito em hebraico e sim no grego da Septuaginta.

Os judeus do concílio de Jâmnia (90DC) os identificaram como fora do cânon autêntico. O Talmud [= recopilação das tradições da Mishná (2a lei, ou seja a não escrita) e Guemará (tradições orais) judaicas] os consideram como Sefarim Hizonim (livros estranhos). No concílio de Trento em que definitivamente a 8 de abril de 1546 foi declarada canônica a Vulgata (=tradução latina usada na Igreja ocidental), esses livros entraram para formar parte da Escritura, admitida como autêntica pela Igreja Católica. Os tais foram: Tobias, Judite, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico, Macabeus I e II e partes de livros já admitidos como canônicos como Baruc, Daniel e Ester. Estes textos e livros são denominados deuterocanônicos pelos católicos e recebem o nome de apócrifos pelos evangélicos. Do Novo Testamento temos como deuterocanônicos a carta aos Hebreus, atribuída a Paulo, mas escrita após a morte dele, a carta de Tiago, a segunda de Pedro, II e III de João, a de Judas e o Apocalipse.

Houve dúvidas na antiguidade, mas hoje todos eles estão incluídos como canônicos na Igreja católica e como tal admitidos na Igreja Oriental e na maioria dos evangélicos. Isto  apesar de que alguns deles só foram admitidos catolicamente no século V. Um exemplo: a Bíblia da Sociedade Bíblica do Brasil traz todos eles. Estes livros são adotados pela maioria das diversas igrejas cristãs.

APÓCRIFOS DO AT:

Do AT existem muitos livros que os judeus denominam apócrifos (escritos ocultos, literalmente) que outrora chamaram de pseudo-epígrafos (escritos espúrios) entre os quais a Ascensão de Isaias, a Assunção de Moisés, a Vida de Adão e Eva, o Testamento dos doze Patriarcas, etc.

APÓCRIFOS DO NT:

No vocabulário da Igreja romana esta palavra tem um significado particular. O primeiro que usou a palavra foi S. Jerônimo (+420). Outros os chamam de antilegoumena (=disputados). Parece que a distinção entre antilegoumena e apócrifos é que estes últimos foram escritos por hereges e contêm doutrinas contrárias às da Igreja. Vejamos alguns exemplos.

A Estichometria de Nicéforo teve origem em Jerusalém talvez no século IV. Seu nome alude à quantidade das linhas ( um esticho é um verso de 15-16 sílabas, escrito numa única linha)e cada escrito tem suas linhas numeradas. Traz como duvidosos os Apocalises de João, e de Pedro, a Epístola de Barnabé e o Evangelho segundo os hebreus. Como apócrifos ou espúrios os chamados períodos de Pedro, João e Tomás, o evangelho de Tomás, a Dídaque dos apóstolos, as cartas de Clemente, de Ignácio e de Policarpo e o Pastor de Hermas.

O chamado Decreto Gelasiano (inícios do século VI)tem uma lista de 61 livros, entre eles os evangelhos de Pedro, Tiago e Tomás conservados até hoje, e umas cartas entre Abgar e Jesus que ultimamente tem sido muito divulgadas.

Também do século VI temos uma lista de Timóteo, presbítero, de livros de origem maniqueista: O Evangelho da vida, os Atos dos apóstolos de André, e o Evangelho de Filipe.

Os Evangelhos Apócrifos (Século II )

Evangelho dos Hebreus:

A conclusão dos expertos é que existia na metade do século II e talvez em data anterior que não ultrapassa a metade do século I. A língua foi o aramáico, escrito em caracteres hebraicos, segundo S. Jerônimo. O autor ou autores eram judeus-cristãos que se refugiaram em Péla, na margem oriental do Jordão, hoje identificada com Hirbet Fahil na antiga Decápolis e situada ao sul das duas cidades de Hipos e Gádara e em frente de Escitópolis. Embora não seja mencionada na Escritura, é lugar conhecido desde o século XIV aC pelas histórias profanas.

Não deve confundir-se com a Péla de Alexandre Magno da Macedônia, lugar onde nasceu o conquistador. Pompeio (c75 aC ) formou a federação das dez cidades ou Decápolis, em cujo território Péla chegou a ser famosa pelas fontes de sua comarca. Para ela fugiram os cristãos para evitar as calamidades da destruição de Jerusalém no ano 70, segundo relato de Eusébio (+339). Foi importante núcleo de cristãos, pois temos listas de seus bispos dos séculos V e VI dC e se encontraram interessantes vestígios cristãos em suas ruínas: uma basílica e um mosteiro. Nela se deu a batalha em que os árabes conquistaram a Palestina dos bizantinos no século VIII. Hoje é uma miserável aldeia da Jordânia, uma de tantas aldeias árabes como abundam no Oriente Próximo.

Língua:

Segundo S. Jerônimo(+419), o evangelho estava escrito em caracteres hebraicos, mas a língua era o aramaico, ainda hoje usado em remotas aldeias do Líbano. Ele teve um exemplar nas mãos e o traduziu ao grego e latim.

Origem:

S. Jerônimo fala dos Nazarenos de Berea(Aleppo) perto do Eufrates. Ele diz que na biblioteca de Cesareia se conservava o texto em hebraico e que comumente é chamado de Mateus autêntico, o qual é afirmado também por S. Epifânio (+403). Não eram heréticos como os Ebionitas, a quem também se atribui a autoria deste evangelho, mas seguiam ainda os ritos judaicos. Orígenes(+254) dá a entender que o tal evangelho não era herético como o dos Doze Apóstolos.

A opinião dos modernos é que constituía um Targum(= tradução livre) de Mateus. Um exemplo: Há pouco me tomou minha mãe, o Espírito Santo, por um de meus cabelos e me levou ao monte sublime do Tabor. Explica-se que chame de mãe ao Espírito Santo porque em hebraico a palavra Ruah (=Espírito) é feminina.

Uma outra passagem é sobre a parábola dos talentos. Distingue três servos: Um que tinha procedido de modo a multiplicar o dinheiro. Um outro que enterrou o mesmo e um terceiro que o dissipou com meretrizes e flautistas. O primeiro foi bem recebido, o segundo unicamente admoestado e o terceiro foi jogado no xadrez.

Uma frase que não está nos evangelhos: Nunca estareis contentes senão quando olhardes a vosso irmão com amor. É o evangelho que claramente narra a aparição a Santiago. Após dar o lençol ao servo do sacerdote, foi a Tiago e apareceu a ele. Trazei a mesa e o pão, disse. E na continuação tomou um pouco de pão, abençoou o mesmo, o partiu e o deu a Tiago, o justo, dizendo: Meu  irmão, come teu pão, porque o Filho do Homem ressuscitou dos mortos.

No Pai nosso, no lugar de pão de cada dia traz a palavra mahar que significa de amanhã. E fica assim o versículo: Dá-nos hoje o pão do amanhã ou seja o pão que nos darás no teu reino.

De Barrabás diz que seu nome significa Bar-rabban ou seja filho do mestre.

O véu do templo não se rasgou mas foi a arquitrave do mesmo que se partiu.

Na ressurreição Jesus disse: não sou um demônio sem corpo no lugar de um fantasma.

Entre os crimes maiores está ter causado tristeza à alma de teu irmão.

Quando cita o AT usa o texto hebraico, conhecido e usado por S. Jerônimo para a tradução latina de sua Vulgata, e não o texto dos setenta dos evangelhos canônicos em geral.

Evangelhos Heterodoxos (século II)

Introdução:

O evangelho apócrifo antes estudado era mais ou menos ortodoxo, mas agora vamos estudar algumas heresias e os evangelhos redigidos para seus adeptos. Antes de analisar o conteúdo desses evangelhos vamos estudar os primeiros gnósticos cristãos. Pois é de sua doutrina que se derivam algumas das afirmações ditas nos evangelhos.

O Gnosticismo:

É a doutrina da salvação por meio do conhecimento. Deriva de Gnosis, que é conhecimento e gnostikós, bom de conhecimento. Tanto o judaísmo como o cristianismo afirmam que a salvação depende do Supremo Poder, que exige fé e obediência aos seus mandatos. O gnoticismo a estabelece num conhecimento quase intuitivo dos mistérios do Universo e em fórmulas mágicas, expressivas de tal saber e ciência. O gnóstico (o sábio, diríamos) por sua ciência especial pertence a uma classe à parte e superior entre os outros seres: um em mil e dois em quatro mil, afirmam eles. Podemos definir gnosticismo como nome coletivo para um grande número de seitas panteístas e eruditas que floresceram desde tempos anteriores a Cristo até o século V dC.

Tomando diversas noções da filosofia platônica e de doutrinas maniqueístas defendiam a perversidade da matéria como uma decadência do espírito e afirmavam que o Universo era uma degeneração da deidade para esperar a regeneração da matéria num retorno ao Pai-Espírito mediante um salvador enviado por Deus. Muitos estudiosos porém, asseguram que não pode existir uma definição comum e abrangente do gnosticismo. Só podemos afirmar que existem pontos comuns numa série de heresias que aparecem nos séculos II, III e IV, pretendendo reduzir o Cristianismo da fé a uma religião de ciência esotérica. Estudaremos alguns dos principais heresiarcas.

Basílides (primeira metade do século II)

Vida:

É o mais antigo dos gnósticos alexandrinos, florescendo durante os reinados de Adriano e Antonino Pio (120-140). Teve um filho Isidoro, continuador da obra do pai. Basílides inventou profetas que falavam em seu nome como Barcabbas e Barcof, e ele mesmo se declarou discípulo de Glaucias, este por sua vez de Simão Pedro. Dizia que recebia mensagens de Matias, o apóstolo.

Doutrina:

Só a conhecemos pelos testemunhos de S. Ireneu (c 170) de S. Clemente de Alexandria (208-210) e Hipólito de Roma(225). Segundo Ireneu, Basílides era dualista (dois princípios: o do bem e o do mal) e emanantista (os seres saem diretamente da divindade por emanação). Para Hipólito ele era panteísta (tudo é deus) e evolucionista (a diferença da emanação de um princípio único, o progresso, por vezes degeneração, se dá por novas qualidades adquiridas  entre as diferentes criaturas). Segundo Ireneu, Basílides ensinava que a Mente (Nous) foi o primeiro ser que nasceu do não nascido (eterno?) Pai que receberá o nome de Abrasax, porque, segundo a gematria, a suma dos números de suas letras é 365, tanto quanto é o número dos céus ou dos dias do ano.

Para Hipólito, Basílides dirá deste deus único que é como o Pansperma (semente total, ou melhor todo semente). Da Mente nasceu o Logos (razão), do Logos a Frônesis (prudência), desta a Sofia(sabedoria) e a Dínamis (força), e destas últimas, as Virtudes, Principados e Arcanjos, que são espíritos de alta qualidade e por meio dos quais o mais alto céu foi feito, que parece recebeu o nome de Plêroma. Os descendentes dessas potências superiores construíram outros céus inferiores até o número 365, céus que recebem o nome de Eons, segundo a interpretação de Ireneu. Esta emanação é uma degeneração em poder e substância, cada vez mostrando-se mais fraca, com menos energia. O último céu, que é o mundo dos homens, foi feito da matéria eterna pelos anjos.

Estes últimos o ornaram com todas as coisas que vemos. Os anjos dividiram entre si os diversos povos e etnias como se fossem seus chefes. Porém um dos anjos, o mais poderoso, se tornou o deus dos judeus e como tal quis subjugar outras nações. A lei foi dada por esse anjo-chefe que livrou os judeus do faraó. Por isso enfrentou-se as outras potências angélicas; daí a aversão dos povos contra os judeus. Vendo isso o Pai, Abrasax, enviou seu primogênito, o Nous  (logo chamado Cristo, mas que tem o nome mágico de Caulacau) para libertar seus crentes do poder das potências angélicas que tinham construído o mundo.

Para os homens, Cristo parecia um homem que obrava milagres. No momento de ser crucificado ele trocou seu corpo com o de Simão de Cirene, de modo que foi este último o morto como Jesus, enquanto o verdadeiro Jesus, o Cristo, ficou livre sob a figura do Cirineu, até seu retorno ao Pai. Pelo conhecimento de Cristo as almas são salvas porém os corpos perecem.

Ética:

Parece que discípulos de Basílides admitiram a promiscuidade e a poligamia. Também uma conduta relaxa com respeito aos idolotitos (comidas oferecidas aos ídolos) porque deus não se interessa nessas minudências. De fato Isidoro, o filho, aconselha a livre satisfação dos desejos carnais para que a alma possa encontrar paz nas suas preces.

Justino,  na sua primeira apologia (150-155), sugere que os crimes de que eram acusados os cristãos como imoralidade e magia eram propriamente práticas gnósticas, citando como responsáveis Simão, Menandro e Marcion, coisa que também afirma Ireneu, dizendo que usavam imagens, e se serviam de conjuros e encantamentos. É interessante observar como os escritores cristãos rejeitam as doutrinas gnósticas por não se conformar com a tradição da Igreja, mas sendo interpretadas individualmente. Isto muitos antes do concílio de Trento.

Valentin ou Valentino(circa 150)

História:

Valentino nasceu no Egito, segundo Epifânio de Salamis ou Constância, a metrópole de Chipre (+403), foi educado na ciência helenística em Alexandria. Como outros hereges, veio à Roma durante o pontificado de Higínio (138-40) e alí permaneceu até o pontificado de Aniceto (155-166). Seus erros levaram-no à excomunhão. Por isso fugiu para Chipre, onde, como professor, morou até sua morte em 160 ou 61.

Valentino proclamava que ele tinha aprendido suas doutrinas de Theodas ou Theudas, discípulo de S. Paulo, mas evidentemente seu sistema é um amálgama  das mais fantásticas idéias gregas e orientais com pensamentos cristãos. Especialmente sua filosofia depende de Platão. Dele tomou o conceito paralelo entre o mundo das idéias(pleroma) e o mundo dos fenômenos (kenoma).

Doutrina:

No pensamento neoplatônico eón é cada uma das potências ou hipóstases eternas emanadas do Uno, o ser primigênio (Bythos) que após períodos de silêncio e contemplação originou outros seres por um processo de emanação. A primeira série de criaturas eram trinta em número, representando os quinze syzzygios (par) ou pares sexuais complementares.

O primeiro par era o abismo e o silêncio( Ver Gênesis) Deles derivam mente e verdade, que por sua vez geraram palavra (logos) e vida (João no prólogo). Pela fraqueza e pecado do 13oeon, a Sofia (sabedoria), que quis penetrar no abismo, gerou-se uma grande desordem dentro do pleroma (domínio divino). De um dos eons inferiores, teve origem o mundo inferior sujeito à matéria. O ser humano, o mais excelente ser do mundo inferior, participa de ambos componentes: o psíquico (espiritual) e o hílico (da matéria). A redenção consiste em liberar o superior, espiritual, da servidão do inferior (material). Este foi o trabalho e missão de Cristo e do Espírito Santo.

Marcion (85-160 dC):

Marcião a figura principal entre os hereges gnósticos. Dele diz-se que é uma das figuras mais influentes na História da Igreja e um dos hereges mais combatidos de todos os tempos. Vamos pois, conhecer sua história, seus postulados, antes de ver sua influência e os apócrifos escritos na base de sua heresia.

História:

Nasceu em Sinope, pequena península do Ponto, Ásia Menor, às margens do mar Negro no ano de 85. Seu pai era bispo cristão da cidade. Parece que era Nautes ou Nauclerus, dono portanto de um barco. S. Epifânio (escreve 40 anos após sua morte) dirá dele que na sua juventude fez voto de castidade, mas que ao ter relações com uma jovem seu pai o expulsou da Igreja. Ele implorou perdão ao seu pai, mas este recusou e, levado pela vergonha e o desprezo de seus coetâneos, secretamente deixou Sinope e viajou a Roma. Roma estava então, sede vacante, após a morte de Higino (140). Dizem que Marcião era bispo, o que contradiz o relato anterior e foi com esse título que os seus discípulos o veneraram. Título, aliás,  que nenhum dos seus adversários negou.

Imediatamente após a sua chegada em Roma doou à igreja 200 mil sextércios (7 mil dólares), soma que lhe foi devolvida após sua ruptura com a Igreja. Esta separação parece deu-se ao que parece no ano 144 fazendo causa comum com Cerdão, gnóstico de origem síria, que tinha vindo a Roma em tempos do Papa Higíno(136-140). Cerdão opunha o Deus Justo (Jahveh) do AT ao Deus Bom do NT e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.

É propriamente o que constituiu o gnosticismo judeu-cristão. Existe uma anedota sobre Marcião quando da visita em Roma de S. Policarpo no ano de 150, relatada por S. Ireneu: Marcião pergunta a Policarpo se o conhecia. A resposta do santo foi: “Te conheço como o primogênito de Satanás”. Tertuliano, que escreve em 207 diz que Marcion se arrependeu e recebeu como condição de sua readmissão na Igreja trazer de volta aqueles que ele tinha separado. Sua morte prematura impediu que isso acontecesse.

Doutrina:

Nos anos 70-140 o número de seitas dentro da Igreja foi enorme. Basta recordar as dos ebonitas, satornilos, alobianos, severianos, apotácticos, sacóforos e hidropasianos  entre outras. Quase todas elas tinham como base intelectual o gnosticismo dualista (dois princípios vitais) e esotérico (nem todos os ensinamentos de Jesus foram transmitidos, mas houve uma tradição oculta, privilegiada a uns poucos discípulos); e como ética o desprezo da matéria (especialmente do vinho e do sexo). Muitos afimam que Marcião não foi gnóstico no sentido verdadeiro da palavra.

Para Marcião interessava acabar com o judaísmo como antecessor do cristianismo, porque o AT era um escândalo para os crentes e um obstáculo intransponível para os cultos pagãos por sua dureza e crueldade. Por isso, para remover estes obstáculos, ele admitia uma deidade secundária para o AT, um demiurgo que era deus em certo sentido mas não o Supremo Deus: era justo até o extremo, tinha ótimas qualidades, mas não era o Deus bom, que foi o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.

Para isso ele suprimiu todos os textos que eram contrários ao seu dogma. De fato ele criou um NT consistente num Lucas mutilado e no que ele chamava de Apostolikon, com dez epístolas paulinas. S. Justino contemporâneo (+165) dirá: Com a ajuda do diabo, Marcião tem contribuído em todos os países a blasfemar e recusar o Criador de todo o orbe como Deus.

Marcião reconhece um outro deus e, porque ele é essencialmente maior, tem feito coisas muito melhores que o antigo. É o Supremo Deus, o Bom, o Justo e Íntegro. O Bom Deus é todo amor, enquanto o deus inferior é dominado por uma furiosa cólera. O criador tem sua esfera própria e não é oposto ao Bom Deus, como Ormuz(bom) e Arimam(mau), os dois princípios do maniqueísmo. Mas o Bom Deus, sozinho, é quem intervêm em favor dos homens e ama mais a misericórdia que o castigo. Todos os homens são criados pelo demiurgo mas esse deus do AT escolheu os judeus como próprios e assim se tornou seu Deus.

O Novo Testamento:

Marcião rejeita as passagens de Lucas sobre o batismo de Jesus nas quais o Batista anuncia seu messiado. Também repudia a história das tentações no deserto. Elimina os capítulos I e II por seguirem tradições hebraicas em demasia: a perícope 4,1-3 por sua referência ao Deuteronômio e 4, 16-30 do discurso da sinagoga em que Jesus afirma que seu ministério é completar o Velho Testamento. Das epístolas paulinas, únicas admitidas,  elimina trechos inconvenientes para sua doutrina, como os capítulos 9-11 e todo o que segue ao 14,23 da epístola aos romanos. Não admite outros livros do NT.

Às vezes interpreta “modo peculiari’ passagens claramente por todos admitidas. Um exemplo óbvio: no lugar de “venha o teu reino”, ele traduz “venha o Espírito Santo sobre nós e nos purifique”. Ao que parece, o reino era um termo errôneo do AT.

Matrimônio e Sexo:

Marcião e seus seguidores eram ascetas rígidos. Pregavam um rigorismo estrito, negavam o direito ao matrimônio e formulavam normas muito austeras para o jejum. Durante os séculos II e III muitos grupos heréticos afirmavam que o matrimônio era satânico e similar à fornicação. Seus seguidores falavam do corpo como se fosse um ninho de pecados. É lógico pensar que essa idéia de Marcião sobre uma abstinência sexual contribuiu muito para a desaparição da seita.

Reação Cristã:

Para os Padres Apostólicos e para as diversas igrejas a eles unidas, a heresia de Marcião era o desvio mais violento da verdade apostólica. Ele negava a inspiração do AT e e a continuidade do Deus Criador com o Deus Salvador, Pai de Jesus. Por isso foi expulso -excomungado – da Igreja de Roma que devolveu o dinheiro em 144. Com o dinheiro devolvido, Marcião foi capaz de iniciar um movimento missionário, fundando novas igrejas em todo a margem do Mediterrâneo. Sua obra continuou durante 150 anos até a metade do século IV.

Resultados:

1o) O estabelecimento de um canon do NT como foi o de Muratori ( perto do ano 150). Entendendo o canon como o conjunto de escritos em que a inspiração está presente, Marcião foi o primeiro a delimitar seu número a uns poucos, bem determinados. A Igreja então aceitou como válidos os outros três evangelhos sem que prevalecesse o critério de distinguir ente o que era AT e o que era revelação nova do NT. Todos os apóstolos foram admitidos com o mesmo critério.

2o)Admissão do judaísmo dentro do cristianismo como base fundamental, da qual somos herdeiros. Porém a Igreja compreendeu que o cristianismo não era uma revelação oposta e separada do judaísmo, ou que existisse uma contradição total entre o evangelho e a Torá .O cristianismo era o cumprimento das promessas do judaísmo. Foi preciso a destruição do mesmo por Tito para os cristãos se tornarem independentes da antiga lei dos sacrifícios. Paulo vivia e sentia a história de Israel e o templo continuava para ele como o lugar da presença de Deus com seu povo. Só que agora era um povo diferente, que em Cristo tinha fundamento e na cruz alcançava sua máxima expressão.

3o) Uma maior dependência e valorização da tradição apostólica, como verdadeira intérprete dos livros inspirados e autêntica leitura do sentido de suas diversas partes. O conhecimento secreto, a gnosis de Marcião, encontrou um muro intransponível na tradição apostólica: o que ela não afirmava não estava em parte alguma e não era reconhecido como inspirado. Também Valentin apoiava-se no conhecimento secreto. Mas a Igreja não admitiu outro conhecimento além do público da tradição apostólica. Qualquer revelação particular não tem o carimbo da autenticidade que é o passo prévio para a verdade.

4o)A Igreja sempre se opôs à fornicação e principalmente ao adultério; mas também afirmou claramente que o matrimônio era lícito e que o sexo dentro do mesmo era moralmente um ato de amor,  honesto e necessário.

Evangelhos dos Ebionitas (Século II).

Introdução:

Desde os primeiros anos do cristianismo houve heresias. As principais delas derivadas de uma interpretação filosófica errada e de práticas judaicas ultrapassadas. À parte os judaizantes, que Paulo tanto combateu, temos três heresias, nascidas no judaísmo:  DOCETAS (ou doketas). Admitiam que Jesus não era o Cristo mas uma aparência de corpo, provavelmente guiados pelo gnosticismo de seus fundadores, já que uma das doutrinas básicas gnósticas é seu maniqueísmo (= dualidade entre bem e mal) em que a matéria é vista como origem do mal.

Daí provém sua rejeição absoluta à matéria. A segunda é a dos EBIONITAS judeus-cristãos que na sua rama de heterodoxos admitiam os princípios gnósticos nos séculos II e III, tendo seu centro em Alepo, no norte da Síria. Rejeitavam a divindade de Jesus, reduzindo-o a um demiurgo, entidade que ordena a matéria segundo o exemplar das idéias, e assim configura os entes (Filosofia platônica). É a terceira hipóstase detrás do Uno e do Nous segundo Plotino. Finalmente temos os KASAITAS, também judeus-cristãos que misturam a gnosis com elementos da astrologia dos caldeus, antigos descendentes dos sumérios na região baixa da Mesopotâmia.

Evangelho:

É também chamado de evangelho dos Doze. É um livro heterodoxo em que os chefes da seita, além de querer impor os costumes legais judaicos aos cristãos provenientes do paganismo, rejeitando a divindade de Jesus, usavam seu evangelho próprio no qual os apóstolos narram os fatos e Mateus escreve essas narrações. Daí o nome dos DOZE com o qual também é conhecido. O nome de ebionitas deriva de Ebionim (em grego Ptoxoi, e em latim pauperes que podemos traduzir por mendigos); refere-se à pobreza que professavam. Eram vegetarianos e consequentemente modificavam algumas passagens evangélicas, como aquela em que João, o Batista (sem citar as lagostas porque eram animais), só comia mel selvagem, cujo gosto era como pão empapado em azeite. (Mt 3, 4-7)

Uma outra passagem modificada ou tergiversada é o acréscimo às palavras do batismo de Jesus: Além do “Tu és meu Filho amado’, a voz diz: “Eu hoje te gerei” .Está clara a finalidade da tendência gnóstica de ver em Jesus uma criatura, não eterna como o Pai.  Contra essa heresia foi precisamente escrito o prólogo de João, o evangelista.

Uma outra passagem interessante a encontramos em Mt 5,17 quando Jesus afirma que não veio abolir a lei e acrescentam : “Vim abolir os sacrifícios e se não deixardes de sacrificar não se afastará de vós a minha ira”. Pela mesma razão de não comer carne Jesus perguntará: “É que eu tenho desejado comer CARNE convosco nesta Páscoa? A interrogação muda completamente o sentido da frase.

Ao comentar:

“muitos por dentro são lobos rapazes”(Mt 7,15) o evangelho ebionita lamenta aqueles que vivendo entre riquezas e luxúrias não davam nada aos pobres e os recrimina  porque teriam que dar conta de não ter-se compadecido daqueles que deviam ter amado como a si mesmos, embora os vissem sumidos na pobreza.

Como vemos são só algumas frases heréticas que indicam o evangelho ser seguido em quase a sua totalidade. Porém tendo seus pontos conflituosos em que a ideologia substituía a verdade transmitida. Em tempos mais recentes haverá quem fixe seu pensamento numa frase única para modificar todo um ensinamento ou toda uma tradição. Em termos morais é como se se condenasse toda uma vida por um só ato pecaminoso.

Heterodoxia do Século II:

Como temos visto Marcião foi a cabeça de uma heresia que teve grande aceitação no Egito. Encontramos aí a mesma com o nome de Encratitas. A igreja dos encratitas separou-se da igreja oficial, chamada Católica, na metade do século II e até que pode se remontar aos tempos apostólicos, para se prolongar até o fim do século IV. O nome deriva de um termo grego que significa comedido ou moderado. Proibiam a carne e o vinho nas comidas e eram opostos ao matrimônio.

Para justificar suas teses serviam-se das passagens do NT que recomendavam temperança isolando-as do contexto, interpretando-as unilateralmente e até alterando-as. São seus apócrifos: os Atos de Paulo, João e Pedro. Seus precursores foram os Alobianos, (entre os sármatas, povos nômades de origem iraniana que se uniram aos escytas e que no século II aC estavam nas margens do mar Negro). Deste grupo parece formar parte por seu nascimento Marcião.

Já nos inícios, o cristianismo egípcio deu origem a heterodoxos, grandemente influídos pelo gnosticismo. Somente na segunda metade do século II a igreja egípcia integrou-se na Grande Igreja e esta integração se realizou fundamentalmente em Alexandria onde no século III destaca a enorme tarefa de S. Clemente e de Orígenes. No restante do país parece que seguiram sua evolução autônoma com o surgimento de outras correntes cristãs paralelas de caráter mais ou menos heterodoxo.

O fato de que a língua predominante fosse o copta, (forma evolucionada do antigo egípcio) frente ao grego dominante em Alexandria, foi um fator que facilitou esse desenvolvimento,. oposto ao cristianismo oficial que tinha aceito e assimilado valores urbanos.  O copta assume atitudes ascéticas de ruptura total com o mundo para se dedicar a uma vida de anakhoresis (separação, fuga, retiro), termo com o qual se designava um fenômeno político-administrativo  formado pela fuga dos camponeses de sua aldeia de origem a outra, a um templo ou ao deserto para escapar à opressão fiscal, ao serviço militar ou outras obrigações.

Na época imperial romana está amplamente testemunhada esta fuga de desarraigados, devedores, bandidos ou descontentes. Era uma forma de protesto e a única saída que tinham estes desarraigados. Na anakhoresis cristã (daí vem a palavra anacoreta) buscam um contato direto com Deus sem nenhum intermediário eclesial, unicamente tendo como norma a recomendação evangélica. Muitos seguem as palavras “vende quanto tens e dá aos pobres e vem e segue-me” como um mandato supremo. O fenômeno foi maciço e o número de monges anacoretas chegou a se contar por milhares no século IV. Neste ambiente nasceu esta seita.

Evangelho dos Egípcios (Sec  II).

Evangelho:

O chamado evangelho dos egípcios nasce dentro desse ambiente. Por egípcios devemos entender os habitantes da Tebaida e da Líbia e não os grecofalantes de Alexandria como temos visto antes. É posterior ao ano 150 mas sem dúvida o mais antigo dos evangelhos apócrifos heréticos. Suas raízes heterodoxas têm como base os erros encratistas:  condenação do matrimônio; gnósticos sobre a alma, atribuídas aos  naassenos, isto é, dos cultuadores da serpente (Naas em hebraico quer dizer serpente); trinitários dos sabelianos.(de Sabelio, heresiarca condenado por Calixto I[217-222]) que embora não negasse a distinção das pessoas na Trindade, a reduzia.

Esta doutrina recebeu vários nomes como modalismo(o Filho e o Espírito eram modos de se apresentar a figura do Pai) ou monarquismo no final do século II (nome dado por Tertuliano), aos  que afirmavam que em Deus não existe mais do que uma pessoa. Na sua rama adocionista admite que Jesus , puro homem, recebeu uma parte da divindade no batismo ao ser adotado pelo Pai. O principal defensor desta heresia foi Paulo de Samosata, bispo de Antioquia, destituído em 268. O apócrifo evangelho de São Tomé foi utilizado principalmente pela seita gnóstica dos Naassenos.

Evangelho de Tomé (séc II).

Descoberta: Em dezembro de 1945, pero da vila de Nag Hammadi no alto Egito, um camponês árabe que cavava ao redor de uma grande pedra em busca de fertilizantes para seus campos, encontrou uma velha ânfora de cerâmica. Pensava fosse um tesouro escondido; rompeu a jarra com seu pico e encontrou dentro mais de uma dúzia de códices de papiro envoltos em couro. Eram textos manuscritos depositados na jarra provavelmente perto do ano 390 por monges do próximo mosteiro de S. Pacômio  para escapar da destruição ordenada pela igreja ortodoxa em destruição de toda heterodoxia e heresia.

Os manuscritos contêm 52 textos correspondentes aos evangelhos gnósticos dos quais a ortodoxia cristã percebeu ser a mais perigosa e insidiosa das heresias, incluindo um grande número de escritos gnósticos, que se pensava fossem destruídos durante as primeiras lutas para definir a ortodoxia das escrituras. Entre elas estão os evangelhos de Tomé, de Filipe e o Evangelho da Verdade. Pelas características de linguagem parece terem origem na Síria numa comunidade judeu-cristã. Parte de suas logia (=ditos) foram encontrados nos fragmentos de papiros de Oxyrhynchus datados estes últimos do século III.

Lugar e Tempo:

O Evangelho de Tomé é da metade do século II como original. O  códice mais antigo (séc IV) forma parte do grupo de Nag Hammadi, que como temos explicado foi encontrado em 1945.

Conteúdo:

Não é um evangelho, pois falta a parte narrativa e sim um conjunto de logia entre as quais podemos contar algumas parábolas tão breves, que podem ser contadas como logia. O número das mesmas é de 144 das quais 21 têm uma correspondência muito próxima nos sinópticos. Outras parecem-se com as existentes nos dois evangelhos dos Hebreus e dos Egípcios. A imensa maioria começa com disse Jesus.

AUTOR:

Não é Tomé o discípulo incrédulo de que fala o evangelho de João. Por isso dirá S. Cirilo de Jerusalém no fim do século IV: Que ninguém leia o evangelho de Tomé, pois não é um dos 12 apósotlos mas um dos três discípulos pérfidos de Manes.

Caráter:

Embora a maioria dos logia possa ser entendida de modo canônico, existe um substrato maniqueu. Exemplo a 77: Disse Jesus Eu sou a luz que está sobre todos eles. Eu sou o universo: o universo surgiu de mim e tem chegado até mim. Parti um madeiro e ai estou eu, levantai uma pedra e ai me encontrarei. Outra a 144: Simão Pedro lhes disse: Que se afaste Mariam de nós, pois as mulheres não são dignas da vida.  Disse Jesus: Olha eu me encarregarei de de torna-la macho de modo que também ela se transforme em espírito vivente, idêntico a nós os homens, pois toda mulher que se torne hpmem entrará no reino do céu.

Evangelho de Filipe (séc II).

Lugar e Tempo:

O evangelho teve origem no final do século II e estava no grupo de códices de Nag Hammadi. O apóstolo Filipe é o preferido pelos gnósticos para difundir sua doutrina esotérica (oculta e reservada).

Conteúdo:

São 127 sentenças ao estilo do evangelho de Tomé, espécie de pensamentos de fundo gnóstico-valentiniano que constituem um testemunho original da gnosis cristã do século II, especialmente em seu aspecto soteriológico (salvação por Cristo) O ideal do gnóstico é a conjunção da imagem(= sêmen espiritual ou alma do pneumático como elemento feminino) com seu anjo ( elemento masculino), como corresponde ao matrimônio entre Cristo e o Espírito Santo ou entre o Salvador e a Sofia interior no plano superior; ou entre Jesus e Maria Madalena na esfera terrena. Esta união entre sementes pneumáticas e seus anjos se contrai no sacramento da câmara nupcial como símbolo dos escolhidos no Pleroma.

Os Sacramentos:

São denominados mistéria. Na sentença 68 enumeram-se cinco sacramentos: batismo, unção, eucaristia, redenção e matrimônio. Não sabemos qual é o sacramento da redenção que pode ser a unção dos enfermos ou o sacramento da penitência.

Exemplos:

52.-Um asno, dando voltas ao redor de uma pedra de moinho caminhou 100 milhas e quando o desataram encontrava-se no mesmo lugar. Há homens que caminham muito sem adiantar um passo em direção alguma. Ao terminar o dia não tem visto nem cidades, nem vilas, nem criação alguma, nem natureza, nem potências, nem anjos. Esforçaram-se em vão! 53 : A Eucaristia é Jesus, pois a este se denomina em siriaco Pharisata, que quer dizer aquele que está estendido (=crucificado). pois Jesus veio crucificar o mundo.- 55: A Sofia. Chamada estéril, é a mãe dos anjo, a companheira de Cristo é a Madalena.O Senhor amava-a mais do que a todos os discípulos e a beijou na boca…72: Jesus tinha corpo perfeito, uma carne verdadeira ao ser ressuscitado. Nossa carne não é autêntica mas uma imagem da verdadeira [contra os modernos que supõem que a ressurreição é espiritual]. 110: Quem possui o conhecimento (gnosis) da verdade é livre e quem é livre não peca, pois quem peca é escravo do pecado.

Evangelho da Vida

Não é um evangelho nem tampouco logia ou ditos de Jesus mas uma longa disquisição de fundo gnóstico em que se fala do Pai( o sem limites e inconcebível), do Todo, do Logos(o primeiro a brotar do Pai),  de Jesus a quem num de seus parágrafos chama de Mãe, e do Espírito Santo que é o seio do Pai, da Verdade como sendo a boca do Pai cuja língua é o Espírito Santo. Os espaços são as emanações do Pai.

Cita também o Pleroma e fala dos Eons como coisas conhecidas, sem explicar os significados das mesmas. Parece que é o filho do Pai o que aparece em forma de carne. O número 100 significa o Pai. O Pleroma é o lugar do descanso, mas por outra parte todas as emanações saídas do pai são Pleromas.É difícil e fatigoso ler semelhante sermão sem unidade e com numerosas repetições nem sempre concordantes.

Conclusão

Os apócrifos praticamente não acrescentam nada aos evangelhos e parecem ser bem mais comentários gnósticos de verdades evangélicas misturadas com filosofias neoplatônicas. Não existe uma unidade de idéias, e a confusão é a base de sua inverosimilitude ou falsidade. A ortodoxia os combateu com o recurso à tradição apostólica. Terminamos assim um resumo das heresias e dos evangelhos não canônicos escritos no século II.

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Pe. Ignácio dos Padres escolápios

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