Minha querida Ana:
Sempre desejei publicar uma carta endereçada a você. Pode parecer "brega", mas creio que me conhece bem a ponto de compreender perfeitamente o sentimento que impulsiona tudo isso. Não dá para fugir do comum, ou seja, tenho que iniciar dizendo algo sobre a primeira impressão que você me causou. O obstetra, no intervalo entre as contrações, havia lamentado a ausência de uma menininha em sua prole de varões. Logo depois, em bom tom e num alegre entusiasmo, exclamou: -"É uma menina! E linda!... "
A questão, Aninha, é que depois desse dia minha vida nunca mais foi a mesma, ou seja, transformou tudo e me modificou para melhor. Quando observo as suas atitudes perante a vida e a sua postura para com o próximo, tenho de admitir que superou minhas expectativas quanto às considerações éticas que enfatizei ao longo do tempo. Não foi em vão o mundo tê-la recebido junto com o nascer do Sol!... Realmente você é uma alegria para todos aqueles que a conhecem, sorriso aberto, meiga e sempre pronta para compreender seja lá o que for. E o que dizer de suas palavras amigas que tranqüilizam e restabelecem a esperança? Realmente não há nada igual!...
Mutante, você também é, Carolina, minha melhor amiga. Passa por irmã nos conflitos por bolsas ou maquiagem, sugere a figura de mãe quando recebo conselhos acomodada em seu colo e incorpora austera mestra quando praticamente me obriga a comparecer à academia, meu corpo cheio de preguiça.
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Espero, filhinha, estar por perto quando você de mim precisar, ajudando-a na concretização dos seus sonhos. Como sei que isso não será sempre possível, alegro-me por sua sensatez e confio em sua "loucura" - é sempre importante que ela exista! - objetivando ser feliz. Na vida é imprescindível valorizar as próprias crenças, por mais sem sentido que possam parecer aos outros.
Orgulho-me de você, que apesar da pouca trajetória dos seus dezenove anos, tem se mostrado tão sábia e como disse o obstetra, tão linda! (em todos os aspectos...).
Muitos e muitos beijos de sua mãe,
Gina
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