CHEIRO DE CAFÉ! SAUDADES DE MEU PAI!
O relógio toca, toca, toca.
Aperto o botão ainda dormindo
Hora de levantar, muita preguiça
É dia de trabalho, não adianta lamentar.
Ah! Chuveiro milagroso!
Suas águas me renovam, dando energia
O dia promete, e eu prometo trabalhar
Necessidade me empurra dando coragem
Troca de roupa, sapatos, perfumes, que legal!
Tão bom sentir-se útil, capaz e viva,
Mas, sem um cafezinho, impossível
E o tempo, não vai dar, o relógio anda.
Ando depressa, entro no carro, hora de sair
Há tempo ainda para saborear um cafezinho
Não no bar, nem na padaria, nem no trabalho
Só na Casa da mamãe, que maravilha!
Ainda na rua, o carro à mil, segue quase sozinho
Mesma rua, mesmo horário, mesmo destino
Alguém sempre me espera, que delícia
Isso é mais gostoso que o café.
Chego e todos os dias ele está chegando também.
Nas mãos, sacolinha com pães, que gostosura!
Ah! Mas o cheirinho da mortadela é demais,
Meu pai sorridente, havia comprado os pãezinhos.
Juntos, entramos na cozinha, outro cheirinho,
Café! Não dá prá aguentar. Só resta agora
Sentar, olhar para a mesa e se deliciar
Café, leite, pão, manteiga e mortadela.
Hum! Ainda sinto este cheiro.
Cheiro do café, do pão com mortadela,
Cheiro do amor, da energia, da felicidade.
Cheiro da presença, cheiro de meu pai.
Cheiro, agora só posso sentir e lembrar
Lembrar do meu querido pai, que todos os dias
Acordava e pensava no meu cafezinho
E eu podia usufruir todos estes momentos.
E agora, o relógio toca, chuveiro, roupas,
Sapatos, perfumes, trabalho, cansaço.
Não tomo mais café, vou direto pro trabalho
A saudade aperta, não tenho mais pai.
Ele se foi, Deus o levou para sempre
Estou só e tudo daria, se quando eu saísse
Em toda manhã avistasse aquele homem
Apressado com pão e mortadela nas mãos
E o café reforçar minha energia.
Veneza de Almeida Babicsak |