Tão perto o que imaginava tão longe
A montanha que sei que sou eu
E que nasce nas nuvens, no apogeu
E cresce em direção ao inferno
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Em ondulações imperfeitas cobertas de grama crespa
Tão feliz, tão amado quanto o inverno
Quis correr atrás do mundo
Mas, nele, não encontrei meu espírito
Procurei, então, na humanidade
Que tornou-se racionalista
Levando meu espírito a fugir
Pelo medo de ser julgado e condenado por apenas existir
Portanto, lá não o encontrei...
Imaginei, então, que ele estaria
Se escondendo nas nuvens
Acobertado pelo assédio dos anjos
Porém, meu espírito, nem um anjo é capaz de amar
E quase chorando, gritei diante do desespero
E rompi as barreiras do Tempo
Então, procurei meu espírito
No suntuoso palácio do rei Salomão
Mas fui preso, pois me confundiram
Com um filisteu espião, porém o Tempo é meu
E saindo da prisão deixando os agrilhões vazios
Fui atrás de um especialista
O qual chamavam de Platão
Que disse pra mim:
- A alma é imortal, um dia tu a encontras
- Mas eu não sou igualmente imortal – respondi
E insatisfeito, percebi que o Tempo
Não era suficiente
Então procurei meu espírito nos livros
E fui pro inferno de Dante
Que encontrei ao lado de Virgílio
E os acompanhei até ao paraíso
Mas foi em vão
Entrei nas pinturas de Raphael
E no meio de tantas e lindas cores
Não encontrei meu espírito
Procurei em Monet e nada encontrei
Assim, cansado e chorando,
Com todo o meu corpo dolorido e retorcido
Vi-me em uma pintura modernista
E meu espírito não estava lá
Numa última tentativa, então
Chamei a “nova religião”
E ela me encheu de pensamentos confusos...
Entretanto, por fim, não queria desistir agora
Mas meu pessimismo chegou ao extremo
Levando-me a imaginar que meu espírito
Tinha-se dissipado formando assim
Uma brilhante constelação no céu
E nessa desesperança, tomei o punhal de Julieta
E rasguei o meu peito triste...
...Então, o que vi foi tão estarrecedor
Que fiquei em transe até morrer:
Meu espírito estava dormindo com o amor
Dentro de mim
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