Tudo o que vejo é tosco e feio
E o que sinto é afável e caridoso
E é nesse amor que caio e quebro meus ossos.
Estou sempre buscando o mar
E ele está sempre no mesmo lugar.
Viajo de um canto do quarto a outro canto
E pela imaginação calejo meus pés por andar tanto.
Me afogo no que sinto, me perco pelo amor agora.
E a beleza de morrer assim é tão tentadora...
Se me presenteias com a tua presença
Uma profecia surge e, logo após, uma decepção imensa.
Estou sempre abaixando os olhos para esconder
O que sinto. Mas lá está de novo.; sua imagem.; você.
Por que? Perguntas vêem fáceis.; respostas, devagar.
Mas, se existissem só respostas, então por que indagar?
Se à noite fico olhando as estrelas, é só para te encontrar.
Tem uma que brilha tanto... Sim, talvez você esteja lá.
E nesta mesma noite, chego em casa tão triste
Que até meu cachorro me late... Mas, a tristeza resiste...
Então, com uma rima triste, encerro este meu dia,
Pois sonhando meus sonhos, vejo que tudo é melancolia.
Se realmente fosse, eu ia...
Com alegria.
E tudo o que vejo é tosco e feio
E o que sinto é afável e caridoso
E é nesse amor que caio e quebro meus ossos.
São tulipas o que vejo
Ou violetas? É torpe este ensejo?
Se Deus me chama pelo nome
Não é porque Ele me considera homem?
Todas as flores comigo levaria
Pois não é tão difícil escrever poesia.
O que necessito é apenas de sua companhia
Para prosseguir pelo caminho que eu ia.
Há o conflito, há a dúvida.; por que me tortura?
Agora sou eu quem chora pela vida futura.;
Vida que terei quando me for embora
Em penúria, na morte que minha vida chora.
Que direi, então, quando encontrá-la
Sozinha naquela enorme sala?
Como é difícil conseguir um sorriso sincero!
Do meu, às vezes, nem percebo e o teu, sempre quero.
Se sonho ou não, às vezes eu me esqueço,
Pois minh’alma se embriaga quando adormeço.
Mas tudo é torto, tudo é equivocado,
Tudo me cerca, perco por todos os lados.
E quando chegar ao centro escaldante
Talvez Perséphone entenda meu coração amante
E me mande de volta sem a punição de Orfeu
E liberte em mim, das correntes, algum Prometeu,
Que por acaso exista, agrilhoado
E me liberte como aves que voam por abertos prados.
E tudo o que vejo é tosco e feio
E o que sinto é afável e caridoso
E é nesse amor que caio e quebro meus ossos.
Hoje, o sol não veio, não apareceu
E quando substituiu o triste marasmo, choveu.
Eu, triste... não sei se era eu
Nem sempre se sabe o que se sente, por Deus!...
Se o sol não tinha aparecido
Talvez foste por vergonha, ficou inibido
De mostrar sua luz alegre e desinteressada
Diante de um rosto sem sorriso, sem sentidos, sem nada.
Às vezes jogo, sem saber se estou jogando
E por isso não sei se estou perdendo ou ganhando.
Com’è difficile dire tutto questo a te.
Pois, nem sempre é bom ser sincero, pero yo quiero ser.
Já andei demais hoje, e isso não me satisfez,
Por isso estou escrevendo sobre tudo que o amor me fez.
Debilmente caminho neste mundo indiferente,
Me perdendo com um único caminho a minha frente.
Quanto à literatura, hoje é um reflexo de uma arritmia.;
A ordem, reflexões confusas, todas sem harmonia.
Talvez assim seja realmente a mente humana.;
É assim que ela é: egocêntrica e ufana.
E tudo o que vejo é tosco e feio
E o que sinto é afável e caridoso
E é nesse amor que caio e quebro meus ossos.
Se existe amor maior que o meu
Só mesmo o próprio Amor.; amor de Deus
Tu não só esconde o que sente
Mas também esconde o por que esconde a mente
Meu amor é intemporal e onipresente
E minha existência é a única que mente
Me disseram para não esconder com uma túnica
A minha alma, mas só tenho ela, é a única
O que aconteceria se o amor a achasse,
A roubasse de mim e a rasgasse?
O espaço entre o nascimento e a morte
Diminuiria, pois tenho minha alma como suporte
Para entender o que sinto e o que vejo.;
Por que vivo, por que rimo, por que me deixo.
Se pudesse vencer a brevidade da vida
E o tempo escravocrata, a minha ida
Ao além irreal das ilusões mantidas
Seria doce e não, para muitos, dolorosa e fingida.
E se chove e se choro... Tristeza por que me foges?
Se ainda existe o Improbe Amor, quid mon mortalia pectora cogis!
E tudo o que vejo é tosco e feio
E o que sinto é afável e caridoso
E é nesse amor que caio e quebro meus ossos.
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