Usina de Letras
Usina de Letras
29 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62303 )

Cartas ( 21334)

Contos (13268)

Cordel (10451)

Cronicas (22541)

Discursos (3239)

Ensaios - (10397)

Erótico (13575)

Frases (50695)

Humor (20043)

Infantil (5465)

Infanto Juvenil (4787)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140831)

Redação (3311)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6215)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Amazônia -- 13/11/2006 - 17:03 (edson pereira bueno leal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
AMAZÔNIA . Prof. Edson Pereira Bueno Leal



Novembro de 2006, atualizado em março de 2012.



AMAZONAS



O Estado do Amazonas conta com a Zona Franca de Manaus que por preceito constitucional garante até 2023 a isenção de IRPJ, IPI e Imposto de Importação, além do direito de receber até 75% de ressarcimento do ICMS devido ao governo do Estado.

A Zona Franca , criada em 1967 conta em 2008 com 500 empresas , como Nokia e Honda, que faturaram R$ 46 bilhões em 2007 , cerca de 80% do PIB do Amazonas , empregando 80.000 pessoas .

A arrecadação é inferior a 10% do faturamento das empresas , contra uma média de 30% do resto do país.

Para o economista Rodemarck Castelo Branco , o Polo Industrial de Manaus " não apenas salvou a economia como também a floresta dessa parte do Brasil " , ao concentrar o grosso da atividade econômica na capital e tirar a floresta do foco , gerando ainda receitas para que o Estado bancasse projetos de desenvolvimento sustentado no interior . Veja, 28.12.2005 , p. 182) .



AMAZÔNIA



A Amazônia é a maior reserva florestal contínua do planeta, com cerca de 3,6 milhões de km2 . Abriga 15 vezes mais peixes que todos os rios europeus no Rio Amazonas e em seus mais de 1.000 afluentes , guarda 20% da água potável do mundo e tem a maior linhagem de aves, primatas , roedores, jacarés , insetos e lagartos da Terra , cerca de 10 a 20% das espécies conhecidas do planeta ( 40 mil de plantas – 93% do Brasil e 17% do mundo , 3.000 de peixes – 50% das Américas do Sul e Central e 23% do mundo ; 1294 de aves – 77% do Brasil e 13% do mundo ; 427 de anfíbios – 71% do Brasil e 10% do mundo ; 427 de mamíferos – 81% do Brasil e 9% do mundo ; 378 espécies de répteis – 81% do Brasil e 6% do mundo ) . A área apresenta 70 tipos diversos de vegetação em 23 grandes ecorregiões . Em apenas 1 hectare de floresta podem existir até 300 tipos de árvore . Há 226 mil indígenas vivendo na região , falando 250 línguas diferentes , sendo que 50 grupos de índios ainda não foram contatados.

É a mais extensa e intocada das três florestas tropicais remanescentes ( as outras duas pertencem ao Congo e à Nova Guiné ) . ( Veja, 40 anos , setembro de 2008 , p. 228) .

As áreas de proteção federais e estaduais , florestas nacionais e terras militares representam 8,5% da área total . Ainda existem 379 terras indígenas , somando mais de 1 milhão de km 2, quase 21% da Amazônia Legal onde vivem 180 mil índios

O rio Amazonas é o maior rio do mundo , com 140 km a mais do que o Nilo segundo estudo realizado pelo Inpe . Utilizando imagens de satélites verificou-se que o Amazonas tem 6.992,06 quilômetros , contra 6.852,15 do Nilo , 6.300 do Yang Tse na China e 6.270 do Mississipi Missouri nos EUA .

O rio é o de maior profundidade que chega a 100 metros , largura que chega a 50 quilômetros . Deposita a cada mês 100 milhões de toneladas de sedimentos e um volume de água de 200.000 metros cúbicos por segundo . ( F S P, 3.7.2008 ,p. A-17) .

Estudos desenvolvidos desde os anos 1970 pelo físico brasileiro Enéas Salati constataram que a floresta “exporta” parte da umidade para o centro-sul do Brasil . Uma árvore de grande porte chega a transpirar 200 litros de água por dia “ . ( Exame, 30.07.2008 , p.114) .

Segundo um novo mapa produzido pelo IBGE , o percentual de área da Amazônia Legal que é plana e favorável à ocupação humana é de 13% . As áreas em alto risco de inundação também somam 13% do total . Cerca de 12% do território da Amazônia Legal tem relevo bastante acidentado e por isso é mais vulnerável à erosão , especialmente em terras desmatadas . ( F s P , 11.07.2009, p. A-14)



SAÚDE



A saúde assusta . A Amazônia concentra a maior incidência de tuberculose no país , média de 46 casos por 100.000 habitantes , 20% a mais do que a média nacional . Lidera os casos de hanseníase no Brasil neste século . De 2001 a 2007 , a Região Norte registrou a maior média de novos casos da doença 69,4 em cada 100.000 , mais do que o dobro da média brasileira de 26,2 por 100.000 habitantes . Estudo do Inpa verificou que 10% das crianças de Manaus são desnutridas e no interior o número sobe para 23% . Nas comunidades ás margens do rio Negro , onde a quantidade de peixes é menor , o percentual sobe para 35% . A média brasileira na faixa pré-escolar é 7% . ( Veja , Especial Amazônia , set 2009, p. 17) .

Em relação á leishmaniose em apenas seis anos , entre 2002 e 2008 o número de ocorrências registradas dobrou , passou de 2,5 para 5,2 por 100.000 habitantes . A malária é endêmica na Região Norte , que registrou 297.000 casos de 2008 . Em algumas cidades não se pergunta se a pessoa já teve malária , mas quantas vezes ela teve . ( Veja , Especial Amazônia , set 2009, p. 39-40) .



ENERGIA



A Amazônia é a região que produz a energia mais suja do Brasil. São 260 usinas termelétricas instaladas no Acre, Rondônia , Amapá , Amazonas , Pará, Roraima e Mato Grosso queimam 6,3 milhões de litros de óleo por dia , produzindo 6 milhões de toneladas de CO2 por ano , o dobro das emissões de poluentes de toda a frota de veículos da cidade de S. Paulo .

As termelétricas respondem por 85% da eletricidade consumida no Amazonas , 70% no Acre e 60% no Amapá . Como o óleo diesel queimado nas usinas vem de São Paulo, Rio de Janeiro ou é importado , o diesel é subsidiado por um mecanismo chamado de CCC – Conta de Consumo de Combustíveis , valor estimado em R$ 2,7 bilhões em 2009 que é rateado por todos os consumidores do país . Ou seja, entre 2 a 3% da conta de luz que o brasileiro paga é subsídio para a energia da Amazônia . Todos os meses cinco petroleiros carregados com 180 milhões de litros de óleo diesel percorrem quase 6.000 km do Sudeste até Manaus e de lá, o diesel é levado para outras cidades da Região Norte a bordo de quase 200 balsas-tanque e 500 caminhões . Dependendo do destino do diesel , que pode ser de mais de 4.000 km de navegação , chega-se a gastar 2 litros de diesel para transportar cada litro que vai alimentar uma termelétrica .

Há 18 projetos de hidrelétricas que não saem do papel ou cujas obras estão atrasadas por causa de ações judiciais que questionam seu impacto ambiental por variados motivos : os rios que receberão as turbinas passam por reservas indígenas ou áreas de preservação .

A energia eólica tem potencial restrito na região , podendo ser explorada quase que exclusivamente na costa do Amapá , com condições de vento semelhantes às do Nordeste . A opção mais viável é a energia solar , pois a Amazônia tem média de radiação solar três vezes superior à de países como a Alemanha . Caldeiras alimentadas a biomassa podem substituir geradores a diesel . ( Veja , Especial Amazônia , set 2009, p. 42-47) .



O vapor de água que a Amazônia produz por meio da evaporação , responde por 60% das chuvas que caem nas regiões Norte , Centro-Oeste , Sudeste e Sul do Brasil . ( Veja , Especial Amazônia , set 2009, p. 22) .





URBANIZAÇÃO



Em 1969 , apenas 3,5% da população da Amazônia vivia em cidades. Em 2009 são 73% . Só as regiões metropolitanas de Manaus e Belém , abrigam ,cada uma , 2 milhões de habitantes . Na região que concentra 80% da água doce do planeta , falta água encanada. Em Rondônia , apenas 40% das casas tem acesso a esse serviço . A situação dos esgotos ainda é pior : somente 9,7% dos domicílios do Norte estão ligados á rede coletora . A média nacional é de 51% . Mais de 90% dos municípios não dispõem de aterros sanitários . O lixo é disposto a céu aberto ou despejado in natura nos rios . ( Veja , Especial Amazônia , set 2009, p. 39) .





COLONIZAÇÃO POR ESTÍMULO GOVERNAMENTAL



Com relação á Amazônia é comum a disseminação periódica de boatos de que a floresta pode ser internacionalizada .

Por esta razão , no final da década de 1960 , sob a justificativa de que a região precisava ser ocupada para evitar sua internacionalização , o governo militar estimulou com a distribuição gratuita de terras e subsídios a ocupação da Amazônia .

Com isso , em 2008 cerca de 36% do gado bovino e 5% das plantações de soja do país encontram-se na região amazônica . O ocupação continua intensa estimulada pelo valor das terras que é até dez vezes menor do que no Sudeste . Além disso , os bancos oficiais oferecem linhas de crédito com juros anuais subsidiados na faixa de 5 a 9% , contra 26 a 34% em outras regiões . ( Veja, 26.03.2008 , p. 103) .

Nesta região , os projetos do governo prevêem até 2007 a pavimentação ou construção de 8.000 quilômetros de estradas , mais de uma dezena de portos, quatro aeroportos , dois gasodutos , três usinas termelétricas , a segunda etapa de Tucuruí , a de Belo Monte no rio Xingu , as hidrovias Araguaia-Tocantins (2.250 km) e do Madeira ( 1.056 km) , milhares de quilômetros de linhas de transmissão de energia e um trecho de 1.400 quilômetros da ferrovia Norte-Sul.

Entre os ecologistas mais moderados predomina a concepção de que o controle do meio ambiente não deve ser feito para evitar a ocupação , que é irreversível, mas para garantir que ela ocorra respeitando a legislação e mantendo o equilíbrio ecológico regional .

No Amapá , Amazonas e Roraima a floresta ainda está 95% intocada . As ameaças ocorrem em Mato Grosso , Pará e Roraima . No Norte da floresta as pressões são provocadas pela crescente urbanização da população e pela tensão entre índios e plantadores de arroz pela posse de áreas em Roraima . A Oeste o perigo são as guerrilhas e as drogas . O Exército aumentou em 30% o número de soldados na região, mas o risco ambiental ainda é desprezível.

Segundo dados oficiais na Amazônia já foram devastados mais de 650.000 km2 , porém pelo menos 160.000 km2 estão subutilizados ou abandonados , havendo portanto espaço para o avanço da soja nestes locais já degradados .

Dados apresentados por cientistas na 3ª Conferência Científica do LBA em Brasília indicam que o aquecimento global e o desmatamento somados podem transformar até 60% da Amazônia em cerrado nas próximas décadas no pior cenário . ( F S P 28.07.2004 , p. A-12) .

Estudo apresentado no Rio de Janeiro em 2007 previu que o aquecimento global pode reduzir a floresta amazônica , transformando-a em cerrado . Segundo o geógrafo Aziz Ab’Sáber isso não vai acontecer pois os estudos não levam em consideração a importância das correntes marítimas e o regime de chuvas será pouco alterado com o aquecimento . Para ele no máximo pode haver uma nova delimitação dos bordos da Amazônia . ( F S P 15.03.2007 , p. A-16) .

Segundo dados recentes se persistir o ritmo atual de devastação da floresta pela pecuária e soja e pela exploração madeireira , cerca de 40% da floresta deverá desaparecer até 2050 . Simulações climáticas indicam ainda que 30% da mata pode se transformar em cerrado , pois o aumento da temperatura impossibilitará a sobrevivência de várias espécies próprias da floresta tropical , no fenômeno conhecido como "savanização " . Segundo estudo de autoria de Peter Cox , do Hadley Centre britânico, um dos mais respeitados institutos de modelagem climática do planeta , a temperatura na Amazônia deve subir 10 graus Celsius nos próximos 100 anos por conta do aquecimento global e isto pode eliminar parte considerável da floresta . É a previsão mais pessimista . Tabulando dados parecidos o Earth Simulator de Yokohama , aponta para um aquecimento entre 4 e 7 graus Celsius .



14% TERRA DE NINGUÉM



Levantamento concluído pelo INCRA em junho de 2008 , revela que o órgão desconhece uma área da Amazônia Legal que somada , equivale a duas vezes o território da Alemanha ou às áreas dos Estados de São Paulo , Rio Grande do Sul e Paraná juntas . O INCRA não sabe se esses 710,2 mil km2 estão nas mãos de posseiros ou de grileiros .Nem o que está sendo produzido , plantado ou devastado nestas terras públicas da União .

O volume desconhecido , que representa 14% da Amazônia Legal e 65% da parte sob responsabilidade exclusiva do INCRA na região , está espalhado pelos Estados do Norte e Mato Grosso . A maior quantidade de terrenos desconhecidos do ponto de vista da situação fundiária está no Pará com 288,6 mil km2, área equivalente ao Rio Grande do Sul e que representa 23% da área total do Estado. No Pará, chama a atenção o fato de as “manchas” desconhecidas estarem sobrepostas às rodovias BR – 163 ( Cuaibá – Santarém ) e Transamazônica e ao leste do Estado onde há o forte avanço da pecuária e da mineração . Em Roraima são desconhecidos 89.373 km2 , 37,62% da área do Estado, em Roraima 65.551 km2 , 29,23% da área , Amapá 36.959 km2 , 25,88% da área , no Amazonas 141.826 km2, 9,02% da área , em Tocantins 23.558 km2, 8,49% da área , em Mato Grosso 62.692 km2 , 6,94% da área , no Acre 1.640 km2 , 1,08% da área e no Maranhão não há áreas desconhecidas .

Segundo o INCRA , da área total da Amazônia Legal 5.088.668,43 km2 , 493.354 km2 , estão sob a responsabilidade do governo do Amazonas , 9,83% da área , 625.613 km2 do Ministério do Meio Ambiente 12,46% do total , 1.167.834 km2 do Incra , 23,26% do total, 1.201.250 km2 da FUNAI , 23,93% do total e 1.532.335 km2 de outros , 30,52% do total . ( F S P , 27.06.2008 , p. A-4).

Apenas 4% das terras da Amazônia tem títulos de propriedade . Co tamanha anarquia legal e jurídica fica difícil garantir a preservação da floresta ou melhorar a qualidade de vida do povo da Amazônia .

Para José Augusto Pádua , da UFRJ, o clima de faroeste na região mostra não só a baixa atuação do Estado como a necessidade de pensar a Amazônia de uma forma atualizada .

O perigo para a região são o vale-tudo e a ilegalidade predatória e não as reservas indígenas . “É fundamental a imposição do Estado de Direito e, mais ainda , de um novo modelo de ocupação , não a repetição de modelos tradicionais da história brasileira .

... A preocupação com a defesa do território e do tesouro que é a Amazônia é razão para o fortalecimento das Forças Armadas – a região precisa de mais Estado , não menos ... O desarmamento do Velho Oeste não aconteceu por obra do acaso . Foi um processo político de imposição do Estado de Direito numa região de fronteira onde a violência era privada e descontrolada ...

.. A Amazônia aparece com muita força , quando se pensa o futuro da Terra, por quatro razões que não estavam colocadas tradicionalmente.

Em primeiro lugar , há a biodiversidade – tanto em termos científicos quanto econômicos com a biotecnologia .

Depois, a água doce – questão mais imediata e urgente , pois já se desenha escassez de água com potenciais conflitos de acesso a ela . Também o clima – tanto o que a Amazônia representa em termos de armazenamento de carbono , quanto sua influência sobre o sistema de chuvas . Mais que 60% do vapor de água para as chuvas do Brasil vêm da floresta , portanto a Amazônia é fundamental para a agricultura do Brasil como um todo . E a biomassa , uma das alternativas mais concretas para um mundo pós-petróleo . ( F S P, Mais, 1.6.2008, p. 7) .



AMAZÔNIA MENOS PROTEGIDA NO BRASIL



Levantamento feito por 11 ONGs sul-americanas concluiu que 39,6% da Amazônia brasileira estão sob proteção na forma de terras indígenas e unidades de conservação de vários tipos, contra 56% da Amazônia colombiana , 79,7% da equatoriana e 71,5% da venezuelana . A proteção no Brasil só é maior do que a do Peru 34,9% . O mapa foi produzido pela Raisg ( Rede Amazônia de Informação Sociambiental Georreferenciada e é o primeiro a localizar as áreas protegidas e os territórios indígenas dos nove países amazônicos . ( F S P , 29.03.2009, p. A-10).



DOAÇÃO DE TERRAS A POSSEIROS



Quem estiver morando desde antes de dezembro de 2004 em imóveis com até 400 hectares ficará com a terra de graça ou por um preço simbólico . O posseiro com área de até 100 hectares não pagará nada . Os com propriedades entre 101 e 400 hectares pagarão um valor , no prazo de 20 anos , a ser calculado com inúmeras variantes que tornarão o preço simbólico, alterando o critério atual que determina o pagamento pelo preço de mercado . Cerca de 290 mil posseiros na Amazônia deverão ser beneficiados , equivalendo a uma regularização de área equivalente a 4% de toda a Amazônia . ( F s p , 23.01.2009, p. A-8) .

O governo determinou o deslocamento de 350 servidores do INCRA para uma nova diretoria do Ministério do Desenvolvimento Agrário , criada para em três anos , coordenar o processo de posse de ao menos 295 mil famílias .

Os servidores ficarão cedidos ao ministério por pelo menos cinco anos e deixarão de fazer os serviços de agronomia, cartografia e topografia para a criação de assentamentos . Com isso a criação de assentamos vai ficar em segundo plano . O número de famílias assentadas na Amazônia legal caiu desde 2006 – 2003 – 24 mil, 2004 – 53,5 mil, 2005 – 85,1 mil, 2006 – 102,6 mil, 2007 -42,3 mil e 2008 47,2 mil . ( F S P , 14.02.2009, p.A-8) .



SÊCA



Estudo “Os Ciclos Viciosos da Amazônia” , feito pelo especialista em ecologia amazônica Daniel Nepstad , encomendado pela Ong WWF , até 2030 metade da mata amazônica será derrubada , explorada por madeireiros ou afetada pela seca. Segundo ele , a savanização ocorrendo nos próximos 15 a 25 anos , ocorrerá a emissão de 15 a 25 bilhões de toneladas de carbono até o final do período , algo como quatro vezes o que Kyoto de propôs a cortar .

Segundo ele ainda , a seca prevista para a Amazônia pode já ter se instalado . No nordeste do Mato Grosso onde Nepstad mantém um projeto de pesquisa, 2007 foi um ano atípico , muito seco e muito quente . “ Normalmente faz 32°C na sombra da mata no verão [época da seca] . Neste ano fez 38.°C .”. A fumaça das queimadas pode estar colaborando para secar a floresta , ao inibir a formação de nuvens . ( F S P , 6.12.2007 , p. A-20)

Estudo feito pelo climatologista Peter Cox , do Met Office com os brasileiros José Marengo e Carlos Nobre do Inpe mostrou que a redução na quantidade de partículas (aerossóis) de enxofre no ar do hemisfério Norte , resultado de leis contra a poluição , acabou se somando ás emissões de dióxido de carbono para produzir o clima anormal no Oceano Atlântico que provocou uma das piores estiagens em cem anos na Amazônia .

A previsão é de que o sucesso cada vez maior das políticas à combate da poluição por enxofre , tornará mais freqüentes grandes secas na Amazônia , região que detém 10% do carbono armazenado nos ecossistemas terrestres . ( F S P , 8.5.2008 , p. A-16) .

Por meio da evaporação, a Amazônia produz um volume de vapor d’água que responde pela formação de 60% das chuvas que caem sobre a região Norte, Centro-Oeste , Sudeste e Sul do Brasil .

A devastação da Amazônia irá provocar alterações climáticas em várias regiões do planeta . O sul e o sudeste brasileiro seriam afetados por uma seca que comprometeria os rios da Bacia do Prata . ( Veja, 28.12.2005 , p. 174) .



FLORESTA E AQUECIMENTO GLOBAL



Estudo de cientistas do Reino Unido, coordenado por Yadvinder Malhi , da Universidade de Oxford , publicado na revista “PNAS” concluiu que a floresta amazônica pode ser menos vulnerável ao aquecimento global do que se temia , porque muitas das projeções subestimam o volume de chuvas .

O novo estudo contrasta com projeções de que a floresta amazônica pode ser totalmente substituída por uma espécie de cerrado . O meteorologista Peter Cox, previu , por exemplo que o colapso da Amazônia poderia ocorrer em 2050 . A nova pesquisa afirma que todos os 19 modelos climáticos globais subestimam as chuvas na maior floresta tropical do mundo . As planícies amazônicas tem uma precipitação anual média de 2.400 milímetros e mesmo com a redução nas chuvas a região ainda teria umidade suficiente para sustentar uma floresta . ( F s P ,11.02.2009, p. A-16) .

O Centro Hadley, instituto de Metereologia do Reino Unido , durante o Congresso Científico sobre Mudanças Climáticas , em Copenhague , afirmou que a Amazônia está condenada a perder no mínimo 20% de sua fisionomia original por conta das mudanças climáticas . Os resultados , que serão publicados na revista “Nature Geoscience “ , são pessimistas . Até 2100 , uma elevação entre 1ºC e 2º C causaria uma “retração” na floresta de 20% a 40% , e os efeitos serão bem mais severos se as temperaturas romperem este patamar . A pior hipótese testada é uma alta de 4ºC , que reduziria a Amazônia a apenas 15% do que é hoje . ( F s P , 12.03.2009, p. A-16)

Trabalho coordenado por Eric Davidson do Centro de Pesquisas de Woods Hole (EUA) concluiu que o desmatamento , o aquecimento global e a expansão da agricultura estão levando a região a se tornar mais uma fonte dos gases de efeito estufa do que um ralo para absorvê-los . O estudo , publicado na edição de janeiro de 2012 da revista “Nature” foi um balanço de quase 20 anos de pesquisa do LBA, ( Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia), o maior projeto de pesquisa em ecologia e geociências da região .Ainda não há como estimar o fluxo líquido de carbono para toda a bacia Amazônica . Os efeitos já sentidos são redução de chuvas sob as florestas, ressecamento e morte de árvores, perda da biodiversidade e alteração no volume dos rios . ( F S P , 19.01.2012, p. C-7).



CHAMINÉ DE CARBONO



Segundo Luiz Aragão , pesquisador da Universidade de Oxford , “A Amazônia , antes de 2005, absorvia 400 milhões de toneladas de carbono por ano . Durante o fenômeno ( seca) , não absorveu nada e passou a emitir 900 milhões de toneladas de carbono . A contribuição da seca de 2005 para o agravamento do aquecimento global não será imediata segundo Aragão . O carbono que passou a ser emitido pelo sistema não está ainda todo liberado na atmosfera . Ele continua preso , por exemplo, em folhas , ou galhos mortos e além disso a floresta fica mais vulnerável a queimadas . ( F S P , 6.3.2009, p. A-16) .



CUSTO PARA SALVAR A FLORESTA



Segundo estudo da consultoria McKinsey , cerca de 17 bilhões de reais é o volume de investimentos necessários para preservar a Amazônia ao longo de duas décadas , pouco mais de 1% dos tributos arrecadados em um ano no Brasil e equivalente ao gasto anual do Bolsa Família .

Fortalecimento Institucional – regularizar 90% das propriedades rurais e elevar de 70.000 para 100.000 o número de policiais na região – R$ 3 bilhões ;

Vigilância – Triplicar a quantidade de guardas florestais e fiscais, rastrear o gado e mapear a expansão da área da soja – R$ 1,5 bilhão ;

Incentivos – Ampliar reflorestamentos, dar estímulos financeiros à preservação de matas e subsidiar o aumento da produtividade na pecuária – R$ 2,5 bilhões;

Desenvolvimento Econômico – Formalizar os trabalhadores, criar 2 milhões de empregos para pessoas que vivem dos desmatamentos e estimular a criação de negócios legais – R$ 4,5 bilhões ;

Desenvolvimento Social – Ampliar e melhorar a qualidade das redes de ensino e saúda nas cidades da região amazônica – R$ 5,5 bilhões . ( Veja, 11.03.2009, p. 96-97) .



SAVANIZAÇÃO



Um grupo liderado pelo climatologista Carlos Nobre do INPE elaborou cenários para a Amazônia em caso de aumento da temperatura , usando modelos computacionais .

Cenário B – 1 é mais otimista com previsão de aumento de temperatura de até 3° C até 2100 :

40% da floresta desmatada até 2050 – 66,2% da floresta remanescente pode voltar a crescer e 170% de aumento da savana

60% da floresta desmatada até 2050 – 53,7% da floresta remanescente pode voltar a crescer e 196,1% de aumento da savana

Cenário A-2 É mais pessimista, com previsão de aumento da temperatura em 4° ou 5° C até 2100:

40% da floresta desmatada até 2050 – 64,1% da floresta remanescente pode voltar a crescer e 174,9% de aumento da savana

60% da floresta desmatada até 2050 – 44,2% da floresta remanescente pode voltar a crescer e 215,6% de aumento da savana. ( F S P , 17.03.2009, p. A-12) .



ESTAÇÕES E RESERVAS ECOLÓGICAS



Outro aspecto positivo na questão ecológica brasileira representa a ação governamental na preservação da cobertura florestal . Enquanto nos países desenvolvidos, a Revolução industrial praticamente devastou a cobertura vegetal, no Brasil, embora grande parte da Mata Atlântica tenha desaparecido, ainda é possível salvar a Amazônia.

O governo federal no final dos anos 70 criou mais de 30 estações e reservas ecológicas que representam a preservação de 3,2 milhões de hectares de matas virgens, um território do tamanho da Bélgica. Estas estações devem-se ao incansável trabalho do prof. Paulo Nogueira Neto, que foi Secretário Especial do Meio Ambiente de 1974 a 1986 e que criou entre outras as Estações do Rio Acre , da Juréia em São Paulo e Raso da Catarina na Bahia e a reserva gaúcha de Ilha dos Lobos.) ( Veja, 26.02.92., p. 50-51) .

Hoje , o Brasil possui quase 54 milhões de hectares protegidos por lei, em 250 reservas federais que estão em condições satisfatórias de conservação e formam um patrimônio impar para a pesquisa científica. Porém o Ibama possui apenas 1.483 agentes para policiar estas áreas o que dá cerca de 36.400 hectares para cada um .

Em 22.08.2002 , foi criado pelo governo federal o Parque Nacional das Montanhas de Tumucumaque no Amapá, com 38.867 km2 o maior parque tropical do mundo . Com o parque , a área de conservação da Amazônia chega a 7,5% . ( F S P 23.08.2002 , p. A-10) . Considerando que outros 20% da Amazônia são áreas indígenas , chega a quase um terço da região a proteção potencial da devastação.

Em 2004 o governo do Amazonas criou um conjunto de nove reservas contínuas , o chamado mosaico de Apuí , com 3,1 milhões de hectares , que é a segunda maior área protegida do país , perdendo apenas para o Parque de Tumucumaque . O mosaico , do tamanho da Bélgica , está entre os município de Apuí e Manicoré , na divisa com Mato Grosso e Pará . ( F S P 17.12.2004 , p. A-20) .

Em 2006 foi criado o quarto maior parque nacional do Brasil , entre Mato Grosso e Amazonas , o Parque Nacional do Juruena , com área de 1,9 milhões de hectares, criando uma ponte entre o mosaíco de Apuí , e as récem criadas reservas ao longo da Rodovia Cuiabá Santarém BR 163 e formando um continuo de unidades de conservação e terras indígenas que começa no parque Indígena do Xingu e acompanha a divisa MT-PA-AM até Rondônia . Com esta área chega a 48,3 milhões de hectares o total de áreas protegidas na Amazônia , excluindo as áreas indígenas , chegando a quase 10% de sua extensão .

Ainda em 2006 foram criadas três novas reservas ambientais na Amazônia , com áreas que somam 1,84 milhão de hectares . Foram criados o Parque Nacional dos Campos Amazônicos , com 880 mil hectares e as reservas extrativistas do rio Unini ( 830 mil hectares ) e Arapixi ( 133 mil hectares) . Nas reservas extrativistas é autorizado que as comunidades locais vivam da agricultura de subsistência , da criação de pequenos animais e de recursos naturais , mas no parque o ambiente é totalmente protegido , permitidos apenas o turismo ecológico e pesquisas . ( F S P 22.06.2006 , p. A-15) .

O governo do Pará , no final de 2006 assinou a criação do maior conjunto de áreas de conservação em floresta tropical do planeta . Na calha norte do rio Amazonas foram colocados sob proteção oficial 12,7 milhões de hectares em cinco unidades de conservação . A Estação Ecológica Grão Pará possui 4,2 milhão de hectares , sendo a maior unidade de conservação em floresta tropical do mundo e a Floresta Estadual do Paru 3,6 milhões de hectares , terceira maior do mundo . As duas estão conectadas com o Parque Nacional Montanhas de Tumucumaque , de 3,9 milhões de hectares . Três destas unidades são Florestas Estaduais ( Flotas) que admitem usos econômicos como a exploração sustentável da madeira . As outras duas são de proteção integral, destinadas unicamente à proteção da biodiversidade e da pesquisa . Somadas a duas outras áreas criadas na calha sul , as reservas do Pará perfazem 15 milhões de hectares , quase 3% da porção protegida da Amazônia . O mosaico paraense completa o maior corredor ecológico do planeta, com 22 milhões de hectares na Calha Norte , que se estende da fronteira entre o Amazonas e a Colômbia , até o litoral do Amapá , perfazendo 3.000 km dentro de áreas protegidas entre parques , reservas indígenas e florestas de uso sustentável . ( F S P 5.12.2006 , p. A-19) . Todavia , de nada adianta criar imensas reservas ecológicas apenas no papel sem uma efetiva implementação e sem a presença do Estado. Ausente o poder público as áreas são invadidas e desmatadas , tornando-se uma terra de ninguém .

Por outro lado, um decreto de 1990, tem levado grandes empresas e fazendeiros a transformar parte de suas propriedades em reservas particulares de preservação ambiental. Nestas áreas , a fauna e a flora são intocáveis, é proibido vender a terra ou utilizá-la para qualquer outra finalidade que não seja a preservação ou a pesquisa de animais e plantas.

O Ibama , para autorizar uma reserva particular exige que ela tenha : 1) importância biológica, ou seja , uma variedade de fauna e flora a ser preservada ; 2) beleza cênica ; 3) mata nativa preservada ou passível de regeneração .

Ao transformar sua terra em reserva ambiental, o proprietário ganha isenção fiscal sobre a área preservada, podendo usá-la como propaganda o que hoje é uma alternativa atraente, pois o aumento da consciência ecológica pode favorecer o consumo de mercadorias de empresas que demonstrem cuidados com o meio ambiente . É dada ainda prioridade na concessão de créditos e financiamentos federais destinados à área ambiental . ( Veja, 26.01.2005, p. 94-99 ) .

Em todo o Brasil já existem 656 reservas particulares, cerca de 75% delas pertencentes a pessoas físicas . A Fundação O Boticário, mantém a reserva Salto Morato, no litoral do Paraná. A empresa de celulose Vera Cruz mantém 6070 hectares protegidos na Bahia, que funcionam como um cinturão que abriga os predadores das pragas do eucalipto. É a conciliação da preservação com os interesses de lucratividade. O SESC tem uma reserva no Pantanal , de 106.000 hectares .

As áreas preservadas , somadas ao monitoramento por meios eletrônicos das regiões , agora aumentado com a entrada em operação do Projeto Sivam na Amazônia, ampliam as chances de manter parte substancial da floresta amazônica preservada .

Em junho de 2008 o governo federal criou mais três unidades de conservação ambiental na Amazônia , com área total de 26,5 mil km2 , quase 18 vezes a cidade de São Paulo .

A maior é o Parque Nacional de Mapinguari , no Amazonas . A mais polêmica é a Reserva Extrativista do Médio Xingu no Pará , em decorrência da expectativa de setores do governo de aproveitar o potencial hidrelétrico do rio Xingu . A terceira unidade , Ituxi ( AM), também é uma reserva extrativista . ( F S P , 6.6.2009 , p. A-6) .





MAPA DE FLORESTAS



Em julho de 2007 o serviço florestal ( www.sfb.gov.br) lançou a primeira versão do Cadastro Nacional de Florestas Públicas . O registro equivale a uma certidão de nascimento das florestas brasileiras em posse do governo federal . Ele reúne , em uma só base de dados, todas as unidades de conservação federais , reservas extrativistas e terras arrecadadas pelo Incra e outros órgãos públicos e que ainda não foram destinadas a nenhum uso .

O cadastro é um poderoso instrumento contra a grilagem , pois não será mais possível a alguém querer reivindicar a posse de terra pública . Ele permitirá ainda que crimes ambientais nessas áreas , sejam tratados pela Polícia Federal , resolvendo o conflito de competências que às vezes deixa desmatamentos impunes .

O mapa constrange ainda os Estados a delimitarem suas florestas públicas e lançarem suas áreas na mesma base de dados .

O mapa ainda é preliminar e as áreas somam 193,8 milhões de hectares, 94% deles espalhados pelos Estados da Amazônia Legal e abrangendo 23% do território brasileiro , duas vezes a área do Sudeste e equivalente ao território do México .( F S P , 9.7.2007 , p. A-12)



ZONEAMENTO ECONÔMICO ECOLÓGICO



O mapa do zoneamento econômico-ecológico da Amazônia , em elaboração no governo , reconhece que a quarta parte da região (26%), é ocupada por intensa atividade econômica e não terá mais de recompor 80% da floresta , como prevê o limite legal de desmatamento . Essa área mede 1,3 milhão de quilômetros quadrados e equivale a mais de cinco vezes o tamanho do Estado de São Paulo . Mas o mapa indica que o corte raso chegou ao limite e grandes extensões de terras terão de reordenar a produção, de forma a conter pressões por mais desmatamento . Não há estimativa segura entretanto , do tamanho da floresta que terá de ser recuperada , o chamado “passivo ambiental “. Todavia o que fica claro é que a fronteira agrícola está esgotada . O trabalho deve ser concluído em um ano e só poderá ser revisto dez anos depois . ( F S P , 14.08.2008, p. A-17 ) .





Exploração de madeira



A Amazônia tem um estoque potencial de madeira de US$ 8,6 trilhões . Desse total , o equivalente a US$ 5 trilhões poderia ser explorado em regime de manejo sustentável , mas atualmente a maior parte do corte é ilegal.

Um dos graves problemas ainda a estimular o desmatamento é a exploração de madeira por parte de empresas de capital estrangeiro. Segundo dados da Secretaria de Estudos Estratégicos, existem 22 empresas atuando na região, processando 30 milhões de metros cúbicos de madeira sem nenhuma preocupação com a preservação ambiental. Um relatório preparado pelo órgão demonstra que 80% da madeira é extraída de forma ilegal e 65% da madeira cortada não é aproveitada pelas empresas. Apenas 35% é aproveitada , 22% vira carvão e 43% vira lixo.

As empresas asiáticas que estão atuando na Amazônia, por todos os países onde passaram deixaram um rastro de destruição segundo a Greenpeace. Estas empresas entraram na Amazônia através da aquisição de empresas brasileiras falidas ou em dificuldades. A WTK incorporou a indústria amazonenese Amaplac é a única que há comprovação da compra de terras 300.000 hectares em Caruari no Amazonas e suspeitas de domínio sobre outros 900.000 hectares em terras indígenas e de florestas. A WTK e a Samling possuem áreas de exploração na Malásia, Papua-Nova-Guiné, Cambodja e Guiana. A Samling comprou a Compesa. A Rimbunam Hijau comprou a Maginco que tem 20.000 hectares no Pará. Empresas européias, que exploram madeira na África estão se preparando para atuar no Brasil em razão dos conflitos étnicos e estado de guerra civil permanente em vários países africanos que dificulta a exploração econômica.

Em 1997 o IBAMA que tem apenas 160 fiscais para cobrir uma área de 1,5 milhão de quilômetros quadrados “já apreendeu 70.000 metros cúbicos de madeira serrada e 300.000 metros cúbicos em tora” (O Estado de São Paulo; 7.9.97,p. A-16).

As reservas asiáticas estão chegando ao fim, o consumo mundial cresce 2% ao ano e o Brasil poderá se tornar um dos maiores fornecedores mundiais do produto, caso haja um controle da exploração. Com esta exploração predatória atual , sem nenhum manejo , inevitavelmente vai ocorrer o esgotamento do potencial de exploração. Em 1992 Paragominas que era o principal polo madeireiro do país já tinha perdido 35% de sua cobertura vegetal.

A impressão que se tem quando se chega a “Paragominas, o maior polo madeireiro do Brasil, é de que se está diante de uma gigantesca serraria. O céu perdeu a cor natural e ganhou tonalidade indefinida por causa do pó de serra e da poeira que toma conta das ruas. A maior parte da população da cidade - localizada no Nordeste do Pará - é empregada pelas indústrias, que exportam o equivalente a 40% da madeira consumida no mercado interno... Paragominas tem 112 empresas e duas classes sociais : os madeireiros e os seus empregados... E hoje, num raio de 150 quilometros, existem cerca de 200 serrarias”.( O Estado de São Paulo;7.9.97,p. A-15).

Por esta realidade Paragominas chegou a ser chamada de Paragobalas . Porém com a pressão ambiental e a certificação do selo verde a situação mudou substancialmente na região . Grande parte das serrarias convencionais estão fechando e ficando em seu lugar outras que fazem a extração certificada.

A Organização Internacional de Madeiras Tropicais (OIMT), definiu que a partir do ano 2000 não deverá haver a exportação de madeiras que não tenham a sua origem em florestas auto-sustentadas.

Estudos feitos mostram que com apenas 6% da área total da Amazônia é possível fazer uma extração racional de madeira com faturamento , que atenda à demanda mundial com faturamento em torno de US$ 3 bilhões.

Entre 1990 e 2004 a fabricação mundial de papel , cuja matéria prima é a celulose avançou de 240 para 337 milhões de toneladas . No Brasil cresceu de 4,7 para 8,4 milhões de toneladas . As florestas artificiais já ocupam 187,5 milhões de hectares no mundo e apenas 5,4 milhões de hectares no Brasil . O eucalipto no Brasil pode ser cortado em cinco a sete anos, enquanto no Canadá e na Finlândia demora mais de 30 anos. Não existe nenhum lugar do mundo com potencial tão alto para exploração de madeira como no Brasil .

Um sistema adotada para aumentar o controle sobre a exploração de madeira , adotado pelo Ibama em setembro de 2006 com a criação do DOF documento de origem florestal, emitido eletronicamente , durou apenas dois meses sem ser burlado . Em novembro de 2006 três funcionários do Ibama montaram um guichê paralelo de emissão de DOFs no Pará e despacharam documentos frios para a venda de 760.000 metros cúbicos de madeira cortada ilegalmente , equivalente a 100.000 árvores ou R$ 700 milhões . A propina recebida segundo cálculos superou os R$ 15 milhões . Neste caso a Polícia Federal conseguiu prender os responsáveis pela fraude e identificar as madeireiras , muitas delas com endereços frios . ( Veja, 27.06.2007 , p. 67) .

Pesquisa apresentada na Universidade de Brasília pelo engenheiro Julio Cesar da Silva mostra que nada menos do que 92% da madeira de origem amazônica é extraída ilegalmente . A proporção que havia diminuído em 2003, voltou a crescer em 2004 . A proporção de madeira ilegal foi de 95,5% em 2000, 90,4% em 2001 , 90,2% em 2002 , 84% em 2003 , 89,3% em 2004 , 91,3% em 2005 e 92,8% em 2006 . Silva chegou a esta conclusão , cruzando os dados do IBAMA com o dos governos estaduais . ( Veja, 13.08.2008, p. 47) .



Madeira Certificada



Em 1998 , cerca de 86% da madeira colhida na Amazônia era consumida no Brasil. Em 2000 foi criado o grupo dos Compradores de Madeira Certificada , que reúne empresas como a Tramontina e a Tok&Stok para combater a venda clandestina. ( Veja, 22.08.2001, p. 776-81) . Para o exterior iam 14% da madeira extraída na Amazônia , quase toda ela certificada . Em 2004 esta relação mudou para 64 e 36% , aumentando as exportações de US$ 381 milhões em 1998 para US$ 943 milhões em 2004 . A área certificada aumentou de 80 mil hectares em 1998 para 1,3 milhão de hectares em 2004 . ( F S P 28.03.2005 , p. A-11) .

Apenas 20% das 3.000 madeireiras da Amazônia respeitam as leis ambientais e trabalhistas . Destas apenas 15, cerca de 0,5% do total exercem sua atividade com padrão de excelência que preenche todos os requisitos internacionais de preservação ambiental . Não cortam árvores raras ou jovens e respeitam um intervalo de 25 anos para explorar uma mesma área - medida que permite a regeneração da floresta , possuindo o certificado Forest Stewardship Council FSC .

As legais só derrubam espécies autorizadas pelo Ibama e preservam árvores com risco de extinção cortando em média 600 árvores por km2. As ilegais , 80% do total cortam qualquer árvore com valor comercial e para retirar 900 árvores por km2 , destroem outras 450 .

Em novembro de 2005 a Gethal Amazonas , fábrica de compensados , uma das quinze que tinha o selo verde fechou as portas por que o Ibama protelou a autorização de concessão de novas autorizações para extração de madeira da floresta amazônica . A empresa , como usa padrão internacional não derrubou árvores ilegalmente e vendeu seus estoques até acabarem e em seguida demitiu os 720 funcionários . Em 2005 , o Ibama também não concedeu nenhuma autorização para outras sete serrarias também detentoras do selo verde . Duas outras empresas estão em situação semelhante à Gethal , a Precious Woods e a Cikel . Com esta incrível história o Ibama ao impedir empresas sérias de trabalhar abre espaço para as devastadoras que atuam na ilegalidade , sem respeitar regra nenhuma . ( Veja , 9.11.2005 , p. 66-67 ) .

O Greenpeace fechou um acordo com a madeireira Mil/Precious Woods , localizada em Itacotiara , certificando a madeira desde que a empresa mantenha em pé 85% das árvores localizadas em suas propriedades e não usando nenhum tipo de pesticida ou produto químico para o replantio. . A madeireira possui uma área de 80.000 hectares e trabalha no país seguindo normas internacionais de extração madeireira , já tendo recebido o selo verde da Forest Stewardship Council ( FSC). ( Veja, 14.06.2000 , p. 66) .

A exploração certificada usa tratores que não entram na mata e danifica somente 132 árvores contra 235 na extração convencional.

Outra empresa ecologicamente correta é a Maflops ( Manejo Florestal e Prestação de Serviços ) , fundada em 2000 em Santarém que compra madeira de associações de colonos dos assentamentos do Incra e implantou o manejo florestal “ sustentável” numa área de 80 mil hectares , onde a exploração predatória praticamente foi banida . ( F S P 28.06.,2003 ,p. A-19) .

Dados estatísticos mostram que o Brasil não é apenas o maior produtor mundial de madeira tropical , mas é também o maior consumidor. Cerca de 23% de toda a madeira tropical produzida no mundo é consumida no Brasil . Os dados mostram que dos 28 milhões de metros cúbicos de toras saídas da Amazônia, apenas 14% são exportados , o restante é consumido no Brasil

CONSUMO DE MADEIRA TROPICAL NO MUNDO E NO BRASIL

PAÍSES % CONSUMO Madeira amazônica Destino

Brasil 23 São Paulo 20

Japão 19 Minas Gerais 9

União Européia 8 Rio Grande Sul 9

China 5 Rio Janeiro 6

Taiwan 4 Paraná 5

Santa Catarina 4

Exterior 14

Fonte : Imazon e Itto , in Veja, 9.6.99 , p. 100 .

Em novembro de 2002 o mogno foi incluído entre as espécies protegidas pela Convenção internacional sobre o Comércio de Espécies Ameaçadas da Fauna e Flora Selvagem ( Cites) , o que exigirá maior fiscalização sobre a extração dessa árvore e dificultará a sua comercialização de forma ilegal .

Os EUA os maiores exploradores de madeira no mundo , com 500 milhões de metros cúbicos por ano, conseguem fazer com que suas florestas cresçam 0,3% ao ano.

Pela primeira vez , em 2004 foi feita uma grande operação policial para combater o crime ambiental, tendo sido expedidos 32 mandados de prisão em dezembro de 2003 contra empresas de nove municípios paraenses , a maioria do nordeste do Estado . Em operação conjunta da Polícia Federal e do Ibama , foram presos em 22.01.2004 em Belém cerca de 11 proprietários de madeireiras , acusados de fraudar a ATPF , Autorização de Transporte de Produtos Florestais . Detectou-se uma fraude praticada desde 2001 com o preenchimento correto da ATPF na via que vai para o Ibama e o preenchimento da via que ia para o destinatário com espécies diferentes e volumes maiores . ( F S P 23.01.2004 , p. A-8 ) .

De 1998 a 2004 , dez regiões na Amazônia se tornaram grandes pólos madeireiros Novas fronteiras estão sendo ocupadas pela atividade, em regiões de floresta relativamente intacta como o sudeste do Amazonas . Novos eixos surgiram , como a BR 163 ( rodovia Cuiabá Santarém ) , o oeste do Pará , o noroeste de Mato Grosso e o sudeste do Amazonas , na região de Apuí .

Para Roberto Smeraldi da ONG Amigos da Terra está havendo uma substituição da base madeireira na Amazônia com a indústria subindo e se mudando de Sinop e Guarantã ( Mato Grosso ) e da BR 364 .

Todavia ,segundo os pesquisadores do Imazon ( Instituto do Homem e do Meio Ambiente na Amazônia ) , o consumo total de madeira em tora caiu de 28,3 milhões de metros cúbicos para 24,5 milhões , mas a produção de madeira serrada , laminados e compensados se manteve praticamente constante o que indica que a indústria está mais eficiente , agregando mais valor à produção e consumindo menos matéria prima . ( F S P



CORRUPÇÃO NO IBAMA



Em junho de 2004 a Operação Curupira da Polícia Federal prendeu 102 pessoas , entre madeireiros , fiscais do Ibama e outros funcionários públicos acusados de derrubar quase 2 milhões de metros cúbicos de madeira somente nos últimos 2 anos .

Três dos detidos pelo menos foram nomeados pelo governo do PT . O gerente executivo do Ibama em Mato Grosso Hugo Werle , professor doutor em geografia da Universidade Federal de Mato Grosso e membro do conselho fiscal do PT no Estado . Marcos César Antoniassi gerente do Ibama na cidade de Juara e presidente do diretório municipal do PT em Novo Horizonte do Norte , acusado de emitir falsos laudos de vistoria atestando a existência de madeireiras fantasmas e Ana Lúcia da Riva , gerente do Ibama na cidade de Sinop , filiada ao PT e casada com o presidente do diretório municipal do PT em Alta Floresta .

A madeira ilegalmente derrubada e comercializada pelos participantes da quadrilha em dois anos , daria para carregar 66.000 caminhões . O madeireiro preenchia a primeira via da Autorização para o transporte de Produtos Florestais de uma forma correta , acompanhando o caminhão e a segunda via que ia para o Ibama com quantidade menor .; Na conferência posterior no Ibama funcionários corruptos nada conferiam , sumindo com a via adulterada . Em uma segunda modalidade de fraude funcionários do Ibama simplesmente vendiam as ATPFs em branco, a R$ 2.000,00 a folha . A PF descobriu mais de 450 madeireiras fantasmas , criadas exclusivamente para ampliar a cota de árvores permitida aos empresários . Com isso o Estado de Mato Grosso passou a responder sozinho por metade de toda a devastação na Floresta Amazônica entre 2003 e 2004 . ( Revista Veja, 8.6.2005 , p. 120-124 ) .



VOCAÇÃO FLORESTAL



Relatório feito pelo Banco Mundial concluiu que 83% dos mais de 5 milhões de km2 da Amazônia são imprestáveis para o plantio de grãos e para o gado . A explicação são os solos muito pobres e o excesso de chuvas na região que inviabiliza a atividade agrícola e pecuária nas regiões de maior precipitação. A umidade e a ausência de uma estação seca definida tornam estradas intransitáveis o ano todo , favorecem pragas e dificultam a armazenagem de grãos .Nestas áreas denominadas de Amazônia úmida a precipitação é de mais de 2.200 mm / ano . Existe uma faixa intermediária entre 1800 e 2200 mm/ ano , zona de transição , com vocação florestal de vido ao alto potencial para extração de madeira , cerca de 1,15 milhão de km 2 . Dentro destas áreas o estudo identificou regiões prioritárias para conservação , devido á diversidade de espécies , ainda restando cerca de 700.000 km2 , ou 14% da Amazônia que poderiam ser transformadas em florestas , com exploração racional da madeira . ( F S P ; 22.10.200, p. A-30 )

O Brasil é o único país do mundo que tem a sua produção de ferro gusa movida a carvão vegetal . O carvão mineral brasileiro não se presta para uso em siderurgia e a alternativa é o importado. Cerca de 67% do carvão vegetal provém de áreas reflorestadas e 33% de matas nativas sendo um grande elemento de desmatamento. Parte da Mata Atlântica e do cerrado de Minas Gerais , Bahia , Mato Grosso e Goiás foi devastada por conta do carvão vegetal e pode se estender pelo Pará , na região de Grande Carajás . ( Revista Veja, 17.11.99 , p. 106-114) . Mesmo em áreas reflorestadas existe o problema da monocultura do eucalipto , que esgota o solo e impede o crescimento de qualquer cultura a seu redor.



Outras alternativas de exploração



A Amazônia possui um tremendo potencial para a exploração do eco-turismo que movimenta US$ 260 bilhões em todo o mundo e também para a pesca esportiva , que reúne 35 milhões de adeptos em todo o mundo . São alternativas de exploração altamente rentáveis e que não agridem o meio ambiente .

Mesmo na agricultura é muito grande o potencial de exploração de espécies nativas como o cupuaçu, a castanha do Pará e a seringueira .

A extraordinária diversidade de espécies vegetais já deu margem ao surgimento de muitos remédios comerciais . A pilocarpina é produzida do Jaborandi pelo laboratório Merck para glaucoma , o Capoten pelo Squibb , baseado no veneno da jararaca , para pressão arterial alta , o Quelicin baseado no curare , pelo Abbott, como relaxante muscular e o Oncovin e Velban , baseado em uma flor chamada de Boa Noite , produzido pelo Lilly para leucemia e tumores. Plantas patenteadas já há várias , entre elas a quebra pedra pelo Fox Medical Center , para Hepatite B , a Caapi ou auhasca , pelo International Plant Medicine Corp , para rituais religiosos e o bibiri ou beberu pela Foudantion for Ethnobiology , como anticoncepcional . ( F S P . Mais 1.7.97, p. 5-14) . .



PECUÁRIA



Para José Augusto Pádua , da UFRJ. “Houve uma explosão do gado bovino na Amazônia . De 37 milhões de cabeças em 1996, para 76 milhões em 2006, crescimento muito maior do que a média nacional [ que esteve próxima a 30%] ....Hoje para cada ser humano na Amazônia, há 3,5 cabeças de gado... A pecuária precisa retroceder . É mais apropriada para biomas mais abertos como caatinga , cerrado e pampa . ( F S P , 1.6.2008, p. 7).

Para adicionar um boi a mais na Amazônia , queima-se em média 1,5 hectare de floresta , lançando cerca de 180 toneladas de carbono na atmosfera – algo equivalente á emissão de duzentos automóveis rodando mil quilômetros mensais .

Segundo Carlos Nobre, “ se a gente fosse fazer um cálculo , historicamente o modelo de desenvolvimento agropecuário da Amazônia sempre foi construído em cima de subsídios . Terra gratuita , subsídios a atividades agrícolas com juros negativos por décadas . O Imazon calculou em R$ 1,9 bilhão os subsídios que os pecuaristas da Amazônia receberam só do Fundo Constitucional do Norte entre 2003 e 2007 . ( F s P , 1.6.2009, Mais, p. 5) .

A Amazônia Legal responde em 2008 por 40% da produção de carne e soja do país segundo dados do IBGE . A região concentra 36% da pecuária e 39% da cultura de soja nacionais . Cerca de 73% das 76 milhões de cabeças de gado da região são criadas no bioma Amazônia, jargão que designa a floresta . Esse avanço é mais expressivo em Mato Grosso ,. Rondônia e Pará , que lideram o ranking do desmatamento .

As pastagens já ocupam 700.000 km2 , ou 13,5% da Amazônia Legal. Nessa área foram produzidas 2,7 milhões de toneladas de carne em 2006, o equivalente a 36% da produção nacional .

Dados organizados pela ONG Amigos da Terra , mostram um peso ainda maior da produção local de soja ( 39%) e algodão (47%) . A Amazônia legal produziu , em 2005, 20,1 milhões de toneladas de soja , ou quase 10% da produção mundial . Segundo a CNA , mais de 98% dos 66 mil km2 de plantações de soja dessa safra da Amazônia legal foi plantada e colhida em áreas de cerrado . Ainda com base em dados da Única , a Amazônia Lega produziu em 2006, aproximadamente 1 milhão de litros de álcool , ou 6% dos 16 milhões de litros produzidos no país . ( F s P , 15.06.2008, p. A-10) .

O americano Warren Dean ( 1932-1994), escreveu em “A Ferro e Fogo” “ Entre os brasileiros que estudaram a história da mata atlântica e apreciam seus remanescentes , a floresta amazônica inspira alarme . O último nserviço que a mata atlântica pode prestar , trágica e involuntáriamente , é demonstrar todas as terríveis conseqüências de destruir sua imensa vizinha do oeste “ .Segundo ele em Minas no começo do século 19, O regime de pecuária era notavelmente improdutivo. As pastagens nativas degradadas e as pastagens convertidas permitiam uma população de gado muito escassa , não mais do que uma cabeça a cada 2 ou 5 hectares ...Os donatários derrubavam e queimavam a floresta , falhavam em melhorar a terra e, quando ficavam sem espaço para plantar , abandonavam as sesmarias a eles vendidas por quase nada e iam explorar outra doação ou reivindicar posse em algum outro pedaço de terra “. O que Dean escreveu para o século 19, pode ser aplicado na Amazônia do século 21. “ ( F S P, Especial Meio Ambiente , 5.6.2009, p. 8).

Estudo da Embrapa estima que o avanço da pecuária na Amazônia já deixou um rastro de 22,4 milhões de hectares em fase média ou avançada de degradação .

Os estágios de degradação são quatro:

1. Leve – As áreas captadas pelos satélites mostram clareiras pequenas na mata , geralmente associadas à extração de madeira de grande porte;

2. Moderada – Ainda são captadas árvores de grande porte, mas também trilhas de arrasto da madeira e pátios de estoque ;

3. Alta – Há grande perda de árvores de grande porte e de bosques menores . Pode haver queimadas , com árvores mortas ainda em pé . São verificadas estradas .

4. Corte Raso – Estágio extremo do desmatamento , com a retirada total da vegetação original . O solo tem restos de madeira morta ou vegetação rasteira .

Avançar sobre a floresta ou a vegetação nativa é mais barato do que recuperar áreas degradadas . Desmatar uma área virgem custa entre R$ 300 e R$ 600 por hectare e recuperar áreas degradadas tem custo entre R$ 1.500 a R$ 3.000 por hectare . ( F S P, Especial Meio Ambiente , 5.6.2009, p. 5).



Terras de Estrangeiros



A lei 5.709 de 1971 , diz que a soma das áreas rurais de pessoas estrangeiras , físicas ou jurídicas não poderá ultrapassar 25% da superfície dos municípios onde se situem e que as pessoas nacionais não poderão ser proprietárias de mais de 40% do limite fixado .

A lei está em vigor , mas o Parecer da Advocacia Geral da União , CQ-181 , de 1998 conclui “ não existir qualquer impedimento à aquisição de imóvel rural por empresa brasileira de capital estrangeiro .Define ainda que só estrangeiro residente no país e pessoa jurídica estrangeira autorizada a funcionar no Brasil, podem adquirir imóvel rural .

O advogado Luis Alberto da Silva , autor do parecer , aprovado pelo Procurador Geral da União ,Geraldo Magela Quintão entendeu que o Congresso, ao optar pela revogação do artigo 171 da Constituição , desconstitucionalizou o conceito de empresa brasileira .

Criou-se uma situação esdrúxula . A lei 5.709 não foi revogada e devido ao parecer o poder público não pode se manifestar em alguns casos de aquisição de terras por estrangeiros . ( F S P , 8,.6.2008 , p. A-11) .



TERRA FIRME



Estudo feito pelo INPE concluiu que 58,5% da chamada terra firme é um baixio que tem acesso fácil á água em todas as épocas do ano . “São áreas de chavascais e de transição segundo Antonio Nobre . “Não que essas áreas tenham lâminas d´água, mas elas são úmidas . Quando você anda pelos chavascais , ele faz ‘choc’, ‘choc’ ... Na área de transição , também chamada de campinarana , há predomínio de areia e “ lençol freático é bastante raso “ .

Hoje estima-se que 17% da Amazônia seja preenchida por áreas inundáveis e 83% por terra firme . Com os novos dados , esse grupo ganha quadro subdivisões . Os chavascais , que ocupam uma área de 25,6% da terra firme e uma área de transição ( ecótono) que representa 32,9% do total das áreas estudadas que são inundáveis .

Na região , onde o lençol freático é mais profundo e a água nunca chega , há 11,1% de encostas e 30,4% de platôs . ( F S P , 22.11.2008, p. A-16) .



Petróleo



A Petrobrás em 2000 está produzindo na Amazônia 50.000 barris diários de petróleo e 6 milhões de metros cúbicos de gás , em 60, poços . Os dutos são controlados por câmaras interligadas a uma válvula que interrompe o fluxo automaticamente em caso de vazamento.



Mineração



Segundo dados do Ministério de Minas e Energia , apenas 10% do território nacional tem mapeamento geológico oficial suficiente para atrair recursos . Na Amazônia, apenas 2% . Países como EUA e Canadá possuem 100% de mapeamento geológico .

Apesar do baixo conhecimento geológico , a Amazônia Legal responde por 26% da produção de minério de ferro do país ,mais de 55% do alumínio e 43% da de manganês. ( F S P , 15.06.2008 , p. B-1 ) .

A Amazônia possui um estoque de reservas minerais conhecidas estimado em US$ 15 trilhões . As principais jazidas são estanho, cobre, níquel , ferro e bauxita . ( Exame , 30.07.2008 ,p. 108) .

O potencial da Amazônia em termos de mineração é imenso a tendência é a região se consolidar como o maior pólo minerador da América Latina . A Companhia Vale do Rio Doce, exploradora da província mineral de Carajás , está dando um exemplo de preservação do meio ambiente já tendo reconstituído 20.000 hectares de floresta em áreas já mineradas . Toda a terra superficial da área desmatada é guardada para ser recolocada sobre os buracos abertos.



HIDRELÉTRICAS



Outro equívoco ocorrido na Amazônia foi a construção de hidrelétricas. A Bacia Amazônica tem um declive de apenas 2 centímetros por quilometro, gerando no caso das usinas a formação de imensos lagos, ocupando áreas de floresta. Tucuruí inundou 216.000 hectares, além de 80 Km da Transamazônica. Mas o caso mais grave é o de Balbina que sendo uma usina muito menor que Tucuruí , formou um lago de 165.000 hectares.

Outro projeto na região de Carajás com forte potencial de agressão á floresta foram as siderúrgicas de ferro-gusa, projetadas para explorar as imensas riquezas de Carajás, mas que utilizavam como matéria prima o carvão vegetal, ameaçando a mata nativa de toda a região. A maioria das usinas acabou fechando pela inviabilidade de utilizar carvão mineral .



PROJETO CALHA NORTE



O projeto Calha Norte foi criado em 1985 , no início do governo Sarney e tem o objetivo de povoar as fronteiras do Brasil com a Colômbia, Venezuela e Peru , na região amazônica , através de melhoras na infra-estrutura , estimulando a criação de povoados e dificultando as invasões pelas fronteiras .

A grande responsabilidade pelo Calha Norte acabou ficando com as Forças Armadas que organizaram pelotões nas regiões de fronteira . Já foram implantadas 17 unidades , estando previstas mais 5 . A área é muito extensa, abrangendo 5.993 km , onde moram apenas 1,2% da população do país . Já foram investidos US$ 168,5 milhões no projeto até 2000 . ) F S P 18.03.2001 , p. A-13) .



PROJETO SIVAM



O Sistema de Vigilância da Amazônia , investimento de US$ 1,7 bilhão para o controle do espaço aéreo da Amazônia efetivamente decolou . O projeto era utilizar 107 aviões , dos quais cinco ERJ 145 da Embraer , ao custo de mais de US$ 50 milhões cada . Cinco deles levam nas costas antenas de radares de 10 metros e 1.200 quilos fabricadas pela empresa sueca Ericsson . Voando a 10 km de altura , podem localizar emissões eletromagnéticas e aviões em um raio de até 200 quilômetros, em qualquer altitude, inclusive os que voam rente à selva para escapar dos radares convencionais . Poderão também ter utilização militar e de prospecção geológica , levantando dados sobre a existência de minérios a até 1,5 metro de profundidade . 99 Super Tucano aeronaves de combate serão distribuídos entre Natal, Porto Velho, Boa Vista e Campo Grande .

O sistema tem ainda 31 unidades de vigilância e telecomunicações e 25 estações de radar ( 19 fixas e 6 móveis ) , e 87 estações de recepção de imagens , empregando 2100 pessoas entre técnicos civis e militares .

Três aviões possuem radar com sistema óptico e infravermelho , produzindo imagens de radar pelo método convencional e pela emissão de calor . Podendo controlar barcos suspeitos e laboratórios de traficantes sob às árvores , mesmo á noite e com chuva .

O Sivan terá ainda cinco Cessna Grand Caravan e quatro aviões laboratório Hawker 800 XP . O projeto foi feito em conjunto pelas companhias Raytheon e Thomson e permitirá vigiar os 5,2 milhões de quilômetros quadrados da Amazônia, que equivalem a metade da Europa . ( Veja, 29.08.2001 , p. 60) .

A execução do projeto acabou ficando muito distante do desejável .Os 25 radares terrestres do sistema raramente funcionam ao mesmo tempo e os equipamentos costumam oferecer informações erradas aos controladores de vôo.

Os radares não captam aviões que voam abaixo de 3.000 metros , como os que são usados pelos traficantes e sofrem panes constantes, mostrando nas telas aviões que não existem e informam de forma errada o rumo e a velocidade das aeronaves que estão , de fato, no espaço aéreo . Para monitorar todo o espaço aéreo da Amazônia sereia necessários instalar mais 625 radares o que é impraticável . Para contornar o problema os militares deslocaram os radares existentes para as cidades nas quais se vende combustível de aviação . Assim conseguem rastrear pequenos aviões que fazem rotas legais , mas não o tráfego de aeronaves de criminosos que se abastecem em bases clandestinas .

Os aviões da FAB que deveriam perseguir e abater os dos traficantes , jamais foram usados para esse fim e acabaram sendo deslocados da Amazônia para Goiás .

Só 200 das 665 estações de telefone via satélite instaladas em povoados isolados estão funcionando

Apesar das promessas o Sivan não monitora desmatamentos por que nunca foram feitas as conexões necessárias com o Ibama, a Funai e a Polícia Federal . ( Veja, 18.07.2007 , p. 62-63) .

O Peru fechou com o Brasil acordo de monitoramento do espaço aéreo em uma faixa de 50 km em cada lado da fronteira comum . O Ministério da Defesa fornecerá gratuitamente a Lima o software operacional que permitirá a integração dos radares peruanos ao Sivan , além da conexão via satélite e treinamento técnico . ( F S P , 22.03.2009, p. A-19) .



SECA EM 2005



Em 2005 o país foi surpreendido com a grave situação de seca em várias regiões da Amazônia . Em outubro de 2005 o rio Solimões em Tabatinga que na cheia atinge 12,30 metros estava com apenas 78 centímetros . O rio Madeira em Porto Velho que atinge na cheia a 12,95 metros, estava com apenas 2,16 metros. Cerca de cinco municípios do Estado do Amazonas ficaram isolados , podendo ser atingidos apenas de helicóptero . É a pior estiagem em cinco décadas .

As explicações dos cientistas para um fenômeno tão grave e inesperado assinalam o aquecimento do Oceano Atlântico , na porção norte tropical que resultou na seca da Amazônia e na grande quantidade de furações que se formaram no Caribe .

A grande questão que permanecerá pendente é qual a relação entre o nível atual de desmatamento e a seca . Ou seja , é possível que a ação do desmatamento esteja provocando consequências previstas , mas antes do que se esperava .

A seca terá consequências ainda imprevisíveis na região devido á grande mortalidade de peixes que são a base da alimentação local e ainda devido aos riscos de epidemias em face da transmissão de doenças pela água contaminada , mesmo depois que os rios voltarem aos seus níveis normais .





AMAPÁ – SAVANIZAÇÃO



Pesquisa feita a partir de fósseis de polén e amostras de carvão coletadas nos arredores do lago Márcio, perto de Macapá e em outro lado próximo por pesquisadores da Universidade Federal Fluminense , mostra que a floresta naquela região começou a desaparecer de forma acelerada 5.300 anos atrás .Após mais de 500 anos , uma formação savânica , a mesma que existe nos dias de hoje , surgiu em definitivo no local .

Não se sabe ainda a real causa da mudança brusca na vegetação local . “O processo ocorreu de forma muito brusca . Não existem muitos registros sobre isso na região . Os registros de microcarvão mostram concentrações até cinco vezes maiores que o esperado . “ Segundo Mauro Toledo , autor do estudo , essa quantidade de carvão nos sedimentos analisados é marca registrada das queimadas de origem humana ,

Portanto não há dúvida que os índios amazônicos colaboram no processo de savanização , sendo ainda uma questão em aberto é se desencadearam o processo ou apenas ajudaram na transformação da vegetação . O artigo está disponível no site WWW.scielo.br ( F S P , 12.06.2008 , p. A-18) .



RORAIMA

Investidores suiços iniciaram a construção em Boa Vista , da BrancoCel , indústria de celulose e papel que deverá produzir 260 mil toneladas ano a partir de 2005 . A empresa , que empregará 4.000 trabalhadores vai produzir a partir da acácia e do eucalipto. A produção será toda destinada para exportação , cerca de 85% para a Europa e 15% para os Estados Unidos. ( F S P 2.9.2002, p. B-6) .



PIB DA AMAZÔNIA



De 2002 a 2005 , a Amazônia Legal cresceu 22,4% , enquanto o PIB brasileiro , acumulou crescimento de 10% . Foi o maior crescimento regional do Brasil no período : Norte -21,7% ; Centro-Oeste 14,6% , Nordeste 13,0% , Sideste 8,8% e Sul 6,3% .

Em Mato Grosso , a riqueza gerada pela agricultura cresceu 44,3% de 2002 a 2005 , só perdendo para o percentual registrado em Tocantins (92,1%) . O rebanho bovino na Amazônia alcançou em 2005, 74,59 milhões de cabeças , cerca de 40% do rebanho nacional . De acordo com os dados do PAS , a pecuária bovina já ocupa 70 milhões de hectares , ou 13,5% da Amazônia.

A área ocupada por atividades agrícolas é de 13 milhões de hectares , 2,5% da Amazônia , responsáveis por 22% da produção nacional de grãos .

Apesar do crescimento acelerado a Amazônia responde por menos de 8% do PIB nacional . ( F S P , 1.6.2008 , p. A-4) .



MEDIDA PROVISÓRIA 458 – 2009.



Trinta e quatro procuradores da República que atuam em seis dos nove Estados da Amazônia Legal, encaminharam em 10 de junho de 2009 ao presidente Lula ofício no qual pedem o veto a partes do texto da medida provisória 458 , que trata da regularização fundiária na região e que foi aprovada pelo Senado em 3 de junho.

Segundo os procuradores a MP tem “falhas insanáveis” que ameaçam “ 20 anos de trabalho do Ministério Público na defesa da dignidade e dos direitos dos povos da região “.

Em caso de sanção integral “problemas jurídicos e sociais podem ser agravados “, podendo levar ao “fortalecimento dos grileiros que ameaçam os territórios das populações tradicionais “.

Se for sancionada a MP permitirá a doação e a venda sem licitação de 67,4 milhões de hectares de terras públicas na Amazônia . ( F S P , 11.06.2009, p. A-10) .

Conforme assinala Cesar Benjamin , “com a cumplicidade de sucessivos governos federais e estaduais , por meio da grilagem e da violência , por doações ou por compra a preço simbólico , implantou-se nessas áreas novas – especialmente o Centro-Oeste , a Amazônia meridional e o cerrado setentrional – uma estrutura ainda mais concentrada do que aquela que predomina nas áreas de ocupação secular , com óbvias repercussões sobre o tipo de agricultura que praticamos .” Com a medida provisória “ uma área maior do que o Estado da Bahia será doada a particulares sem cuidados que garantam condições mínimas de justiça , progresso e sustentabilidade . Grandes e médios proprietários ficarão com mais de 70% das terras que hoje são públicas . Um grileiro ou uma empresa que tenham 50 prepostos, poderão legalizar , praticamente de graça , latifúndios de 75 mil hectares , mesmo que já possuam outras propriedades rurais . Com cem prepostos, a área dobrará . Por persuasão ou por coação dos pequenos , em uma área em que o Estado é ausente e falha a cobertura da lei, estará aberto o caminho para um aumento desenfreado da concentração fundiária . “ ( F s P , 13.06.2009, p. B-2) .

Segundo Adalberto Veríssimo pesquisador do Imazon , o governo por meio da MP dá um sinal claro que tolera a situação , ou seja toma medidas que estimulam a ocupação de florestas públicas e seu desmatamento ( F s P , 12.06.2009, p. A-10) .

O presidente Lula disse em Alta Floresta em 19 de junho “Nos anos 70 foi feita uma reforma agrária neste país e muita gente foi induzida a vender as pequenas propriedades que tinham no Sul , Hoje é fácil a gente vir aqui e fazer críticas , mas a gente não sabe quantos pegaram malária aqui, quantos morreram de picada de cobra e não tinha um médico a cem quilômetros .Eu fico com orgulho quando vejo um cidadão que tinha 50 hectares de terra no Rio Grande do Sul . Hoje ele tem 2.000 hectares , tem casa, carro e está bem de vida porque trabalhou. Ninguém pode ficar dizendo que ninguém [alguém] é bandido porque desmatou . Nós tivemos um processo de evolução e agora precisamos remar ao contrário . Nós temos que dizer para as pessoas que, se houve um momento em que a gente podia desmatar , agora desmatar joga contra a gente”.

Empresários , em ato promovido pelo Instituto Ethos e porta-vozes da Wal Mart , Orsa e Federação da Indústria do Paraná entre outros assinaram carta aberta a Lula pedindo veto a três artigos da MP : o artigo 2° que permite que terras em nome de terceiros sejam regularizadas ; o 7° , permitindo a transferência de terras da União para pessoas jurídicas , para quem já possui propriedades rurais e para ocupação indireta e o artigo 13° , que permite ao próprio ocupante declarar as condições do imóvel para fins de fiscalização . “ ( F s P , 20.0-6.2009, p. A-8) .



FORÇA AÉREA NA AMAZÔNIA



A FAB vai criar a primeira unidade de aviões de caça na Amazônia a partir de 2010 , com 12 a 16 aviões do ripo F-5M , que hoje compõem a força operacional de Natal . Os jatos ficarão baseados em Manaus e os aviões atualmente existentes , turbohélices Super Tucanos , devem continuar em Porto Velho e Boa Vista . ( F S P, 17.10.2009 , p. A-6) .



TERRA LEGAL



Relatório da rede de inteligência fundiária , composta pela Abin, Polícia Federal, Sipam e Ministério do Desenvolvimento Agrário , criada para impedir tentativas de fraude no programa Terra Legal, analisando a primeira fase do programa , iniciada em junho de 2009 nos 43 municípios que mais desmatam na Amazônia detectou tentativas de uso de laranjas, falta de estrutura e boicotes de fazendeiros e administradores locais .

Em Ulianópolis verificou-se o “boicote” do prefeito e de grandes produtores e pequena adesão de pequenos posseiros .

Em Paragominas, indícios de utilização de laranjas, falta de equipamento , atraso no pagamento de diárias a funcionários e omissão do INCRA.

Em Marabá : insuficiência de funcionários , dificuldade de chegar a alguns lotes e falta de cartilhas sobre o programa . ( F S P , 28.10.2009, p. A-4).

ESTRADAS



Estima-se que 80% das áreas de floresta devastadas estejam a menos de 5 quilômetros de uma estrada. Segundo o Imazon, as estradas não oficiais somam 170.000 km de extensão . isso significa que , de cada 10 quilômetros de estrada na Amazônia, 7 foram rasgados ilegalmente no mato .

Duas rodovias, a Transamazônia e a Cuiabá-Santarém , precisam de asfalto com urgência . Elas atravessam áreas densamente povoadas , já bastante desmatadas e são necessárias para o desenvolvimento econômico e para melhorar a qualidade de vida da população que habita seu entorno .

A BR 163 só tem asfalto no trecho mato-grossense . Depois, são 937 quilômetros de estrada de terra . Por isso, os grãos do norte de Mato Grosso são escoados pelos portos de Santos e Paranaguá , a mais de 2.000 km de distância , o que atrasa a chegada da carga aos EUA e Europa em pelo menos quatro dias, além de aumentar os custos . Mais de 800.000 pessoas vivem às margens da rodovia .

A Transamazônica que passa por trinta municípios nos estados do Pará e Amazonas , e tem mais de 4.000 km de extensão , está em situação igualmente precária . Em seu entorno moram 1,2 milhão de pessoas , a maioria delas no Pará , dos quais 66% não tem água encanada e 27% não tem instalações sanitárias . O índice de analfabetismo é o dobro da média nacional .. O trecho paraense concentra 60% da produção de cacau e 20% da de gado do estado . A parte nordestina , com cerca de 2.000 km é asfaltada e pode ser usada durante todo o ano . O governo prometeu pavimentar o trecho amazônico com maior população em seu entorno , cerca de 850 km no Pará, até 2011 e já estão prontos 200 km . Os restantes 1.300 km de chão batido não tem previsão de asfaltamento .

A estrada foi projetada e construída durante o regime militar na década de 1970 e nunca houve um estudo de viabilidade econômica ou de impacto ambiental para justificar a sua construção e a colonização de seu entorno . Ficou depois evidente que quase 90% das terras em torno da estrada eram ruins para a agricultura .

O projeto da terceira, que liga Porto Velho a Manaus e atravessa uma região de floresta intacta , deveria ser cancelado .A rodovia , de 877 km foi aberta em 1973 e asfaltada . Mas por falta de manutenção, metade de sua extensão foi engolida pela floresta . Um trecho de aproximadamente 400 km está praticamente abandonado desde 1988 . Como a estrada corta uma das áreas com a maior biodiversidade da floresta , alguns especialistas propõem que o traçado da estrada seja aproveitado para a construção de uma ferrovia . ( Veja, Amazônia , setembro de 2009, p. 51-52) .

Parte do PAC prevê a pavimentação dos 685 km da estrada entre Manaus e Porto Velho, possibilitando que Manaus se conecte á malha rodoviário do Centro-Oeste e possibilitando que a região Sudeste se ligue à malha rodoviária da Venezuela . Atualmente em 400 km não existe mais asfalto .

Segundo a ONG Conservação Estratégica, braço brasileiro da americana Conservation Strategy Fund , de qualquer ângulo que se contemple , a recuperação da rodovia BR-319 , Manaus , Porto Velho é um mau negócio . O estudo prevê prejuízo mínimo de R$ 315 milhões nos próximos 25 anos e na pior das hipóteses podendo chegar a R$ 2,2 bilhões .

A estrada corta uma área de floresta amazônica muito preservada e tida como de alto valor em biodiversidade , considerada o último bolsão verde intocado da Amazônia . Por causa da alta pluviosidade , tem baixo potencial para a agropecuária . A pavimentação todavia , vai atrair migrantes e assentamentos rurais , além de grilagem de terras, extração predatória de madeira , pecuária e desmatamento . Os ambientalistas defendem apenas a ligação por ferrovia e hidrovia . ( F S P , 15.04.2009, p. A-16) .

O Ibama negou licença ambiental para o asfaltamento de um trecho de mais de 400 km da BR 319 . O parecer técnico de 177 páginas considera o empreendimento “ inviável ambientalmente “ aponta “ falhas graves tanto no diagnóstico dos impactos da rodovia no meio ambiente , como nas medidas propostas para compensar estes impactos . A decisão compromete o cronograma da obra que previa a conclusão do asfaltamento no final de 2011 . ( F S P , 10.07.2009, p. A-8)

Segundo o Ministro do Meio Ambiente , Carlos Minc “ se não for feito tudo o que está previsto no plano de manejo, a estrada não sai . Existe a definição da necessidade de construir 29 parques , entre os federais e estaduais . Eles terão de ser demarcados , instalados e ter gente para trabalhar antes do asfaltamento da estrada “ . O plano de manejo prevê também a montagem de barreiras do Exército e da Marinha ao longo da estrada e dos rios ao redor . Minc diz preferir uma hidrovia , ou uma ferrovia , “mas se tiver de ser uma estrada , que seja uma estrada-parque” . ( F S P , 17.07.2009, p. A-16) .



PESQUISAS



Seis pesquisadores colocaram na Internet em maio de 2008 uma proposta de salvar a Amazônia do desmatamento, implantando na região um pólo científico e tecnológico . Em dez anos , três institutos de pesquisa de ponta e duas universidades começariam a gerar riqueza para a região , inventando formas de agregar valor a produtos derivados da imensa biodiversidade local e inseri-los em mercados globais.

A proposta inclui turbinar a pós-graduação local , formando 700 novos doutores por ano a partir de 2009. Em três anos , o número de PhDs da Amazônia subiria de 2.800 para 4.700 . O custo de “tirar o atraso” da ciência amazônica foi calculado em R$ 3 bilhões por ano no documento, postado no site da Academia Brasileira de Ciências . Ou seja , em dez anos, ao custo de R$ 30 bilhões o país inventaria um modelo de desenvolvimento novo e preservaria seu maior patrimônio .

A geógrafa Bertha Becker da UFRJ, se uniu ao climatologista Carlos Nobre do INPE, ao matemático Jacob Palis , presidente da Academia Brasileira de Ciências , ao químico Hernan Chaimovich , da USP, ao biólogo Adalberto Val, diretor do Inpa e ao geólogo Roberto D’Allagnol , da UFPA. Para Carlos Nobre , se o governo federal bancar a proposta , o Brasil poderá se tornar “ o primeiro país tropical desenvolvido”. ( F S P , Mais , 1.6.2008, p. 4) .

Segundo Carlos Nobre, “ o documento fala na globalização de 50 produtos da biodiversidade amazônica . Não estamos falando de nada super-sofisticado de bio-tecnologia , mas sim de dar escala global a coisas que já existem e isso já seria muito importante . E, junto com isso , uma aspecto de mais alta tecnologia de ponta que é a biotecnologia e a chamada bioquímica . Existe por exemplo , a patente de um novo modelo de fibra óptica inspirado na maneira como os cristais da asa de uma borboleta transmitem luz com menos perda . Isso é nanotecnologia . Dá para fazer isso? Se laboratórios no interior de São Paulo conseguem fazer inovação tecnológica de nível mundial , nós temos de acreditar. .. Na nossa proposta , após dez anos , teremos um adicional de 1,9% do Produto Interno Bruto ... A Embrapa e o Inpa identificaram mais de 200 produtos a partir dos quais você poderia desenvolver cadeias produtivas , desde a prospecção da biodiversidade até a domesticação , aumento da eficiência na produção , industrialização e a agregação de valor .

... São R$ 3 bilhões por ano para tentar alavancar em dez anos uma indústria internacionalmente competitiva e uma nova geração de engenheiros , biólogos, climatologistas que vão desenvolver a Amazônia de forma sustentável , do mesmo jeito que o ITA criou uma geração de engenheiros aeronáuticos que criaram a quarta maior indústria aeronáutica do mundo . Parece muito . Mas , quando você olha os subsídios implícitos em 40 anos de desenvolvimento agropecuário na Amazônia , não é . “( F S P , 1.6.20009, Mais, p. 5) .

Para coletar plantas da floresta legalmente , um pesquisador , brasileiro ou estrangeiro , precisa de uma licença do Instituto de Conservação da Biodiversidade ( ICMbio) , uma autarquia ligada ao Ministério do Meio Ambiente . Para transportar as plantas que encontrar pelo caminho ao laboratório , ele necessita de uma segunda licença do mesmo órgão . A licença pode demorar dois meses para sair . Caso o cientista deseja estudar os usos potenciais da planta que coletou , terá de pedir uma terceira licença a outro órgão, o Conselho de Gestão do Patrimônio Genético ( Cgen) , formado por representantes de dezenove entidades , entre elas a Fundação Cultural Palmares e a Fundação Nacional do Índio . Existem em 2009, 167 processos deste tipo parados no Cgen sem prazo de atendimento . O resultado é a debandada de pesquisadores estrangeiros do país . O Inpa , tradicional parceiro de organismos internacionais , firmou apenas dois acordos de pesquisa entre 2002 e 2007 . Em 2008 foram firmados seis acordos de cooperação com órgãos de outros países . ( Veja, Amazônia , setembro de 2009, p. 76) .



MAPEAMENTO DA AMAZÔNIA



Em cerca de 1,8 milhão de quilômetros quadrados da Amazônia, o equivalente a três Franças, não se conhece ao certo o relevo do terreno e o percurso dos rios . Ignoram-se o potencial mineral do subsolo e detalhes do ecossistema . Nas demais áreas , dispõem-se de dados cartográficos das décadas de 1970 e 1980 .

O Exército brasileiro está realizando um novo levantamento cartográfico da Amazônia ao custo de R$ 80 milhões , com radares transportados em aviões , tecnologia desenvolvida pela empresa privada brasileira Orbisat, usando como base equipamentos militares americanos .O novo levantamento ficará pronto em quatro anos e permitirá por fim ao vazio cartográfico atualmente existente na região , permitindo informações para o planejamento estratégico da região , tanto na preservação da floresta , quanto na exploração das riquezas naturais e nos investimentos em obras de infraestrutura como estradas e gasodutos . ( Veja, 10.03.2010 , p. 130-133) .



MAPEAMENTO COM LASER



A partir de maio terá início m novo sistema de mapeamento em três dimensões , utilizando o sistema “lidar” , sigla inglesa da expressão “ detecção e medição do alcance da luz”, que consiste em um laser transportado em um avião , acoplado a um GPS, cujos pulsos são capazes de atravessar o topo das árvores e alcançar o chão , gerando informações sobre a altura, largura e profundidade do que encontrar pelo caminho . O sistema permite auxiliar no manejo florestal ( produção sustentável dentro de matas nativas), e medir estoques de carbono e biomassa , identificar áreas desmatadas e racionalizar os recursos para o planejamento da agricultura e da pecuária . O “lidar “ será empregado em um projeto piloto pela Embrapa no Acre em uma área de mil hectares da Floresta Estadual de Antimary , em Sena Madureira (AC) . ( F s P , 17.05.2010 , p. A-17) .



CLIMA DA AMAZÔNIA



Trabalho feito pelo INPE e pelo Centro Hadley, do Reino Unido afirma que a floresta amazônica ficará mais quente e com eventos naturais extremos – grandes secas ou inundações - cada vez mais comuns . O trabalho elaborou um modelo climático sofisticado , levando em conta as características específicas da Amazônia incorporando a análise do ciclo de carbono e a dinâmica da vegetação diante das mudanças climáticas . O cenário é de mais secas no sul da Amazônia nos próximos anos e chuvas mais intensas no norte da floresta e a mata deve ficar mais rala e aberta , processo chamado de savanização . O quadro será agravado se o desmatamento não for contido . ( F S P ,11.05.2011, p. C-7) .



VESTIBULAR PERGUNTAS



1. UNICAMP 2004 - O mapa abaixo indica as maiores concentrações de focos de queimadas no Brasil no mês de julho de 2003. A partir desse mapa, responda:

Adaptado de www.cptec.inpe.br/products/clima/imgrads-gif/queimada0307gif

a) Explique os motivos pelos quais ocorre significativa concentração de queimadas em duas áreas do território brasileiro: em uma faixa na forma de arco que se estende dos estados do Piauí/Maranhão até o Acre e no estado de São Paulo.

b) Aponte duas conseqüências ambientais das queimadas.

c) Indique duas práticas alternativas para evitar o manejo do solo com a prática de queimadas.



2. IBMEC 2005 AMAZÔNIA



Sobre a Amazônia é correto afirmar que:

a) a maior parte da floresta amazônica, 3,5 milhões de km2, encontra-se em território brasileiro, e além da mata encontramos áreas de cerrado e áreas montanhosas, próximas ao Peru, como o monte Huascarán que atrai alpinistas de todas as partes do mundo em busca de aventura.

b) seu sistema hídrico é um dos mais importantes do mundo, e o rio Amazonas nasce na geleira de Yarupa, no Peru, a uma altitude de 5.000 m, e possuindo 6.500 km de extensão, com largura de até 100 km, é considerado o maior rio do mundo em volume de água.

c) o solo amazônico apresenta altos índices de nutrientes, é muito ácido e pouco arenoso, características que permitem classificá-lo como extremamente pobre, e fazem de suas várzeas as únicas áreas agricultáveis, apesar das fortes chuvas que comprometem ano a ano a colheita dessa região.

d) como floresta tropical que é, apresenta-se como um ecossistema extremamente complexo e delicado, suas imensas árvores retiram do solo pouca matéria orgânica, deixando no mesmo uma espessa camada de húmus que é levada pelas fortes chuvas, empobrecendo gradativamente o solo amazônico.

e) seu clima é quente quase o ano inteiro, com uma temperatura média de 35ºC; a temperatura flutua bastante durante as quatro estações, as chuvas ocorrem durante o verão e caem sobre a forma de grandes temporais; das chuvas que caem na bacia amazônica, 50% provêm da água evaporada da própria bacia.





FUVEST 2005 2 FASE AMAZÔNIA DESMATAMENTO



3. Pode-se afirmar pelos dados do IBGE que houve um grande avanço no desmatamento da Amazônia no período 1980 – 2000 em relação ao período 1950 – 1960 .

a) Descreva o avanço do desmatamento no período de 1950-2000, destacando as atividades econômicas predominantes.

a) Analise a participação do estado nesse processo, utilizando-se de exemplos.



4. ENEM 2005 AMAZÔNIA



Observe as seguintes estratégias para a ocupação da Amazônia Brasileira.

I - Desenvolvimento de infra-estrutura do projeto Calha Norte;

II - Exploração mineral por meio do Projeto Ferro Carajás;

III - Criação da Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia;

IV - Extração do látex durante o chamado Surto da Borracha.

A ordenação desses elementos, desde o mais antigo ao mais recente, é a seguinte:

(A) IV, III, II, I.

(B) I, II, III, IV.

(C) IV, II, I, III.

(D) III, IV, II, I.

(E) III, IV, I, II.





5 ENEM 2005 DESMATAMENTO MATA ATLÂNTICA



Em um estudo feito pelo Instituto Florestal, foi possível acompanhar a evolução de ecossistemas paulistas desde 1962. Desse estudo publicou-se o Inventário Florestal de São Paulo, que mostrou resultados de décadas de transformações da Mata Atlântica.

Examinando o gráfico da área de vegetação natural remanescente

(em mil km2) pode-se inferir que

Área de vegetação natural em mil km 2

1962-63 72,6 1990-92 33,3

1971-73 43,9 2000-01 34,6

(A) a Mata Atlântica teve sua área devastada em 50% entre 1963 e 1973.

(B) a vegetação natural da Mata Atlântica aumentou antes da década de 60, mas reduziu nas décadas posteriores.

(C) a devastação da Mata Atlântica remanescente vem sendo contida desde a década de 60.

(D) em 2000-2001, a área de Mata Atlântica preservada em relação ao período de 1990-1992 foi de 34,6%.

(E) a área preservada da Mata Atlântica nos anos 2000 e 2001 é maior do que a registrada no período de 1990-1992.





6. ENEM 2005 AMAZÔNIA



Observe as seguintes estratégias para a ocupação da Amazônia Brasileira.

I - Desenvolvimento de infra-estrutura do projeto Calha Norte;

II - Exploração mineral por meio do Projeto Ferro Carajás;

III - Criação da Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia;

IV - Extração do látex durante o chamado Surto da Borracha.

A ordenação desses elementos, desde o mais antigo ao mais recente, é a seguinte:

(A) IV, III, II, I.

(B) I, II, III, IV.

(C) IV, II, I, III.

(D) III, IV, II, I.

(E) III, IV, I, II.







7 MACKENZIE 2006 AMAZÔNIA



Esse projeto foi implantado na década de 1980, incluindo a instalação de inúmeras bases militares nas fronteiras setentrionais e ocidentais do Brasil. Entre seus principais objetivos está o de assegurar a soberania e a integridade nacional; fiscalizar as regiões, combatendo as atividades ilegais vinculadas ao contrabando e ao narcotráfico; controlar invasões e dar assistência às tribos indígenas e evitar conflitos entre grupos nativos, posseiros e garimpeiros. Trata-se

a) do Projeto SIVAM. b) do Projeto Calha Norte. c) do Plano Colômbia. d) da Rodada do Uruguai. e) do Projeto Carajás.



8 UNICAMP 2006 AMAZÔNIA

Em fins do século XX, tornam-se mais acentuadas as feições da globalização. Nesse contexto, alterou-se o significado da Amazônia, com uma valorização ecológica de dupla face: a da sobrevivência humana e a do capital natural, sobretudo a megadiversidade e a

água. Hoje novas mercadorias fictícias estão sendo criadas, como é o caso do ar, da vida e da água. (Adaptado de Bertha Becker. Amazônia: Geopolítica na virada do

III Milênio.Rio de Janeiro: Garamond, 2005, 33 e 39.)

a) O que se pode entender por capital natural, segundo o texto?

b) Explique sucintamente o que se entende por mercado de ar, mercado da vida e mercado de água.





9 UNIFESP 2006 AMAZÔNIA



Os graves problemas ambientais da Amazônia resultam em conseqüências sociais também relevantes, como

a) a contaminação dos rios, que dizimou a população quilombola.

b) a exploração mineral, que gera conflitos com povos indígenas.

c) a extração de petróleo, que expulsa trabalhadores do campo.

d) o extrativismo vegetal, que dispensa a agricultura familiar.

e) o desmatamento, que provoca a retirada de garimpeiros.



10 VUNESP 2007 extrativismo



O extrativismo vegetal é um resquício de um ciclo econômico experimentado no Brasil e desenvolvido já há bastante tempo na Amazônia, quer seja em moldes mais modernos ou tradicionais. Nessa prática, estão envolvidos vários atores ao longo da cadeia produtiva.

Indique a alternativa que apresenta os principais atores envolvidos nesse processo.

a) Patrões, coletores, intermediários e atacadistas.

b) Patrões, roceiros, comerciantes e consumidores.

c) Patrões, roceiros, intermediários e atacadistas.

d) Patrões, coletores, intermediários e consumidores.

e) Patrões, garimpeiros, intermediários e atacadistas.





11 ENEM 2007 Desmatamento



Se a exploração descontrolada e predatória verificada atualmente continuar por mais alguns anos, pode-se antecipar a extinção do mogno. Essa madeira já desapareceu de extensas áreas do Pará, de Mato Grosso, de Rondônia, e há indícios de que a diversidade e o número de indivíduos existentes podem não ser suficientes para garantir a sobrevivência da espécie a longo prazo.

A diversidade é um elemento fundamental na sobrevivência de qualquer ser vivo. Sem ela, perde-se a capacidade de adaptação ao ambiente, que muda tanto por interferência humana como por causas naturais. Internet (com adaptações)

Com relação ao problema descrito no texto, é correto afirmar que

a) a baixa adaptação do mogno ao ambiente amazônico é causa da extinção dessa madeira.

b) a extração predatória do mogno pode reduzir o número de indivíduos dessa espécie e prejudicar sua diversidade genética.

c) as causas naturais decorrentes das mudanças climáticas globais contribuem mais para a extinção do mogno que a interferência humana.

d) a redução do número de árvores de mogno ocorre na mesma medida em que aumenta a diversidade biológica dessa madeira na região amazônica.

e) o desinteresse do mercado madeireiro internacional pelo mogno contribuiu para a redução da exploração predatória dessa espécie.





12 FUVEST 2 FASE 2008 AMAZÔNIA



Com referência à biodiversidade, existem no mundo 17 países classificados como “megadiversos”. Dentre eles, destacam-se: Tailândia, Indonésia, Gabão, Congo, Colômbia e Brasil. Considerando as relações entre biodiversidade, economia e geopolítica,

a) explique, utilizando-se de dois argumentos, por que a biodiversidade tornou-se um elemento importante, do ponto de vista econômico, no mundo atual.

b) esclareça, utilizando-se de dois argumentos, a importância geopolítica da Amazônia.





13 UNICAMP 2008 2 FASE RESERVAS EXTRATIVISTAS



A tabela abaixo diz respeito à distribuição absoluta e percentual das principais Unidades de Conservação do Brasil, por região. A partir desses dados responda:

a) Por que a categoria RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) predomina em termos percentuais nas regiões Sul e Sudeste, enquanto na região norte há um predomínio da categoria Floresta Nacional?

b) O que diferencia uma reserva biológica de uma reserva extrativista?



14 MACKENZIE 2009 AMAZÔNIA



Amazônia não é o ‘pulmão do mundo’, aponta pesquisador, mas sua destruição poderia ter efeitos catastróficos no clima do planeta.

Iberê Thenório, Globo Amazônia

Apesar de haver muitas evidências de que a Amazônia não exerce esse papel, é consenso entre os pesquisadores que as extensas áreas de floresta do Norte do Brasil têm grande influência no clima do planeta. Mesmo não sendo o tal pulmão, a Amazônia ainda se constitui em um órgão vital. A respeito dos aspectos naturais da Região

Amazônica, é INCORRETO afirmar que

a) a Massa Equatorial Continental se forma a noroeste da Amazônia brasileira, sendo quente e úmida.

b) predominam os solos orgânicos, onde a camada superficial é rica em material em decomposição, de origem animal e de origem vegetal.

c) devido à sua dinâmica e à sua abundância natural, todo o oxigênio liberado é reabsorvido pelo ecossistema, não havendo, portanto, excedentes.

d) o solo amazônico é bastante fértil em sua estrutura, justificando a riqueza da biodiversidade desse domínio natural.

e) o clima predominante é o Equatorial, com nível pluviométrico intenso, apresentando pequena amplitude térmica anual e temperaturas médias acima de 25°C.





Observe a charge para responder às questões 15 e 16.

A charge apresenta dois planos de imagens contraditórias: ao fundo, uma floresta destruída e abandonada; à frente, uma sinalização de posse por meio da placa, pregada pelo presidente Lula, na única árvore que restou intacta.



Glauco. Folha de S. Paulo, 30/05/08.



15. AMAZÔNIA FUVEST 2009 1 FASEE



A crítica contida na charge visa, principalmente, ao

a) ato de reivindicar a posse de um bem, o qual, no entanto, já pertence ao Brasil.

b) desejo obsessivo de conservação da natureza brasileira.

c) lançamento da campanha de preservação da floresta amazônica.

d) uso de slogan semelhante ao da campanha “O petróleo é nosso”.

e) descompasso entre a reivindicação de posse e o tratamento dado à floresta.





16 D FUVEST 2009 1 FASE



O pressuposto da frase escrita no cartaz que compõe a charge é o de que a Amazônia está ameaçada de

a) fragmentação. b) estatização. c) descentralização. d) internacionalização. e) partidarização.



17 MACKENZIE 2012 AMAZÔNIA INTERNACIONALIZAÇÃO



Brasil não tolerará internacionalização da Amazônia, diz Jobim

Brasília, 12/4/2011 – O Brasil cuidará de seu território por si mesmo e não tolerará a pretensão de internacionalização da Amazônia, disse nesta terça-feira o ministro da Defesa, Nelson Jobim, ao falar no III Seminário de Defesa, um dos eventos promovidos pela LAAD 2011 (Latin America Aerospace & Defence), maior feira de tecnologia de defesa e de segurança da América Latina. A LAAD 2011 foi aberta nesta terça-feira (12/4),

no Riocentro, Rio de Janeiro. (https://www.defesa.gov.br)

O texto acima e parte de uma reportagem sobre o espaço Amazônico e de uma preocupação estratégica nacional.

A respeito do tema, considere I, II e III.

I. O então ministro Nelson Jobim fez referencia a resolução que determina a administração internacional da Amazônia Brasileira, aprovada no Conselho de Segurança da ONU.

II. O tema de uma suposta internacionalização da Amazônia e recorrente no Brasil e serviu para justificar políticas de ocupação com grandes projetos de desenvolvimento, principalmente durante o período da ditadura militar.

III. A presença de organizações não governamentais estrangeiras, praticas de biopirataria e manifestações de autoridades estrangeiras, que questionam a soberania nacional a respeito da Amazônia, são alguns

dos fatores que tem motivado reações como a do então ministro da Defesa, assim como de setores civis e militares do pais.

Esta(ao) correta(s), apenas,

a) I e II. b) II e III. c) I e III. d) I, II e III. e) I.





18 UNICAMP 2012 AMAZONIA ECONOMIA E POVOAÇÃO



A Amazônia é uma das mais antigas periferias do sistema mundial capitalista. Seu povoamento e desenvolvimento se deram de acordo com o paradigma da economia de fronteira, significando, com isso, que o crescimento econômico é visto como linear e infinito, sendo imperativo sustar esse padrão baseado no uso predatório das suas riquezas naturais e do saber de suas populações tradicionais.

(Adaptado de Bertha K. Becker, “Geopolítica da Amazônia”. Estudos Avançados,19, n.º 53, 2005, p. 72.)

a) O que se pode entender por economia de fronteira?

b) Aponte dois exemplos de populações tradicionais na Amazônia.





19 FUVEST 2012 AMAZÔNIA



Há anos, a Amazônia brasileira tem sofrido danos ambientais, provocados por atividades como queimadas e implantação de áreas de pecuária para o gado bovino. Considere os possíveis danos ambientais resultantes dessas atividades:

I. Aumento da concentração de dióxido de carbono (CO2) atmosférico, como conseqüência da queima da vegetação.

II. Aumento do processo de latinização, devido a perda de ferro (Fe) e alumínio (Al) no horizonte A do solo.

III.Aumento da concentração de metano (CH4) atmosférico, liberado pela digestão animal.

IV. Diminuição da fertilidade dos solos pela liberação de cátions Na+, K+, Ca2+ e Mg2+, anteriormente absorvidos pelas raízes das plantas.

Esta correto o que se afirma em

a) I e III, apenas. b) I, II e III, apenas. c) II e IV, apenas. d) III e IV, apenas. e) I, II, III e IV.





20 ENEM 2011 AMAZÔNIA



A Floresta Amazônica, com toda a sua imensidão, não vai estar ai para sempre. Foi preciso alcançar toda essa taxa de desmatamento de quase 20 mil quilômetros quadrados ao ano, na ultima década do século XX, para que uma pequena parcela de brasileiros se desse conta de que o maior patrimônio natural do pais está sendo torrado.

AB SABER, A. Amazônia: do discurso a práxis. São Paulo. Edusp, 1996.

Um processo econômico que tem contribuído na atualidade para acelerar o problema ambiental descrito e:

a) Expansão do Projeto Grande Carajás, com incentivos a chegada de novas empresas mineradoras.

b) Difusão do cultivo da soja com a implantação de monoculturas mecanizadas.

c) Construção da rodovia Transamazônica, com o objetivo de interligar a região Norte ao restante do pais.

d) Criação de áreas extrativistas do látex das seringueiras para os chamados povos da floresta.

e) Ampliação do pólo industrial da Zona Franca de Manaus, visando atrair empresas nacionais e estrangeiras.







GABARITO



2 B



Resposta 3 sta 53

a) O avanço do desmatamento na Amazônia brasileira no período mais recente é evidente e está relacionado à expansão da fronteira agrícola , e à construção de diversas estradas na região amazônica como a Belém Brasília e a grande demanda no mercado exterior por madeira nobre , uma mercadoria cada vez mais escassa e valorizada . Ressalte-se ainda à intensa atividade de exploração mineral na região , seja através de grandes projetos como Carajás e Trombetas , seja por outros menores e até clandestinos .

b) O Estado acabou colaborando para este processo através da concessão de incentivos , através de órgãos como a Sudam , sem o necessário acompanhamento do impacto ambiental dos projetos aprovados e sem definir regras claras de ocupação da área . Este processo vem sendo minimizado atualmente pela criação de reservas , que já ocupam parte substancial da Amazônia .



4 A 5 E 6 A 7 B



Resolução 8

a) Capital natural conforme o texto claramente demonstra é a disponibidade de ar puro , água não poluída e grande diversidade de vida nos ecosistemas . Esta região ainda intocada representa uma reserva de valor incalculável para a manutenção da qualidade de vida no planeta .

b) Conforme acordado no Protocolo de Kyoto, mercado de ar refere-se à possibilidade de um país obter cotas de crédito de carbono mediante a aplicação de recursos na recuperação de determinados ecossistemas. No caso da Amazônia, o Brasil tem condições de negociar suas cotas de emissão de CO2 com os países que invistam nesse tipo de recuperação. Quanto ao mercado da vida, o destaque está para o uso dos recursos relacionados às espécies vivas endêmicas da região, inclusive aqueles pertinentes à biotecnologia. Já o mercado da água está associado ao uso desse recurso para uso doméstico, industrial, agrícola e hidroelétrico.



9B 10 A 11 B



Questão 12

A) A biodiversidade é uma riqueza única que deve ser aproveitada economicamente através de uma exploração sustentável em um mundo onde a natureza está cada vez mais ameaçada . Santuários ecológicos são cada vez mais restritos e sua exploração turística controlada pode ser uma grande fonte de recursos .

B ) A Amazônia pela sua imensa floresta e biodiversidade representa um papel fundamental no equilíbrio ecológico do mundo atual . O avanço de desmatamento e da exploração predatória na região representam um forte risco de destruição da floresta com conseqüências imprevisíveis para o Brasil , a América Latina e para o equilíbrio climático mundial daí a região estar no centro das atenções mundiais em termos ecológicos . Para o Brasil trata-se de região com imensas riquezas energéticas , minerais que devidamente explorada irá contribuir fortemente para o crescimento do país . Porém a imensidade da região , dificulta o seu controle .



Questão 13 RESPOSTA ESPERADA UNICAMP

a) Por que, historicamente, é nas regiões Sudeste e Sul que o desenvolvimento capitalista é mais intenso e, também historicamente, exerceu maior pressão nos recursos naturais, o que levou a um forte impacto nas florestas. Ou seja, a pressão antrópica é historicamente muito forte e intensa, ao contrário do que ocorre na região Norte, que ainda mantém, relativamente à história de sua inserção no capitalismo, extensas áreas florestadas e com biodiversidade ainda preservada.

b) Uma reserva biológica é destinada à preservação e seu uso é restrito à pesquisa monitorada. Já uma reserva extrativista é uma unidade de conservação cujo uso é feito por população tradicional e fundamenta-se no

extrativismo de produtos da floresta.



14 D 15 E 16 D 17 B



RESPOSTA ESPERADA DA UNICAMP 18



a) Economia de fronteira é aquela que apresenta um crescimento econômico visto como linear e infinito , baseado na contínua incorporação de terra. È caracterizada pelo uso e exploração predatória de recursos naturais , culturais e de saberes das populações tradicionais.

b) São populações tradicionais da Amazônia os povos indígenas, os extrativistas ( seringueiros, castanheiros), os ribeirinhos , os camponeses, os quilombolas .



19 A 20 A



Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui