Usina de Letras
Usina de Letras
100 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62181 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22532)

Discursos (3238)

Ensaios - (10351)

Erótico (13567)

Frases (50584)

Humor (20028)

Infantil (5425)

Infanto Juvenil (4757)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140792)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6184)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->A PALAVRA QUE TRAÇA UM DESTINO * -- 19/11/2006 - 17:48 (Heleida Nobrega Metello) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


"Toinou, o conhecimento ninguém lhe dará, você precisa ir roubá-lo": palavras do avô ao neto, palavras que guiaram Toinou na sua migração e na sua busca do saber(1).



Aos dezessete anos, quando era pastor na região do Cantal e "analfabeto", embora tendo freqüentado a escola, de que se recorda apenas das reguadas, Toinou resolve partir em busca de um outro ofício.



Assim ele vai atravessar a França e terminar sua carreira como diretor de uma grande fábrica do Norte. Ele repetirá sempre que essas palavras lhe serviram de apoio a cada momento.



Dizemos que são "palavras que traçam um destino", porque desencadeiam infalivelmente os processos do vir-a-ser no seu destinatário.



Elas desempenham, na realidade, quatro funções simbólicas indispensáveis.



* Uma função de reconhecimento valorizado. Ao dizer aquelas palavras, o avô diz ao neto: "sei que você é capaz de adquirir o saber". Essa valorização de si mesmo transmite a confiança necessária para se aventurar no caminho de todas as transformações e, em particular, nas que se produzem pelo acesso aos conhecimentos.



* Uma função de ajuda, com as referências que permitem comprometer-se no caminho da transformação. O avô não diz: vá à escola", ele diz: vá "roubar o saber", isto é, transgrida o que você vê, senão ninguém lhe dará o saber, nem mesmo eu. Depois Toinou vai observar que adquiriu seus conhecimentos não pelo acúmulo de informações prontas, mas, ao contrário, questionando sempre, para entender o que não lhe explicavam.



* Uma função de securização, primeiramente pelas referências dadas e depois pelo fato de o avô dizer a Toinou que estaria lá para ajudá-lo: "se insisto para que se aventure na busca do saber é porque estarei sempre a seu lado".



* Uma função de validação, enfim, pois o avô é o único alfabetizado da família. Encontra-se então investido de uma legitimidade que lhe dá o direito de pronunciar aquelas palavras. Essa legitimidade se transfere para o futuro, garantindo a Toinou que seu avô poderá, se for o caso, legitimar os conhecimentos adquiridos, isto é, assegurar-lhe que o que aprendeu não é um delírio, mas que "leu corretamente o mundo", como devia.



Reconhecemos aí as funções que a mãe deve desempenhar desde os primeiros instantes da vida do bebê (2), isto é, ensinar à criança os mecanismos de desligamento e de re-ligamento, dando-lhe confiança nas próprias capacidades e a garantia do apoio materno indefectível.





1-Sylvère, Antoine. 1985: Toinou: chronique d’un enfant auvergnat, Paris, Plon.



2-Winnicott, W. 1971: Jeu et réalité, Paris, Gallimard.



(Aprovado em 19 de novembro de 1998)



* Título original: L’être et lettres. Tradução de Ivone Mantoanelli e revisão de Angelina T. Peralva.



** Diretor do Instituto de Formação e Pesquisa de Letras, Ciências do Homem e da Sociedade, da Universidade de Paris XIII





http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-25551998000200009&lng=pt&nrm=isso&tlng=pt (pesquisa em 15 de novembro de 2006)



Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui