Pincel na mão, uma verdade: só a arte é tão pura
é dura, a verdade: não há arte na loucura
pura ficção, as facções friccionam seus cérebros
belos, corretos, mas sempre retos nas curvas.
O pincel e o artista, a conquista e o herói
dói quando lembra, mas lembrando constrói
uma vida mais linda, mas que vinga por fases
e quem não sabe não viveu - ou morreu, e nem sabe.
(Lá vai o louco, corre fora de seu corpo
lá vai o louco, quer encontrar sua alma
o outro, o torto, o roto, ou o rato
lá vai o homem, vai só, sem paletó, sem sapato)
(uma carta na mão, e o homem foi a Deus
a mão estendida, e Deus deu de ombros
a mão abanando, os escombros do homem
Deus não dá nada, Deus deu a vida)
Mas um dia a carta do louco será lida
e enviada às almas pobres do universo
e a verdade doída tornar-se-á uma lei
a lei da vida, dos corações mais sinceros.
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