Sentença
Nos grilhões acorrentado
e preso na parede que não vê,
mordido pelo verme que suga,
agoniza o belo animal humano.
A mente auto dilacerada no riso
revela a face dura do carrasco
que executa sem dó ou piedade
a missão que lhe foi ordenada.
Outrora valente e poderoso,
cumpre a pena profetizada
mas não ouvida e debochada,
no calabouço do próprio juízo.
A noite, gargalhadas sarcásticas
afastam o sono, como se fossem
guardiãs incansáveis do castigo,
perpetuando a pena assim imposta.
O sangue negro que escorre no corpo
alimenta o rato que ronda incansável,
remoendo as entranhas do remorso
na agonia sentida, mas agora, inútil.
Ao julgar-se imune e intocável
não percebeu que o júri imparcial,
espreitava e esperava incansável
a sentença dada no dia do juízo final.
Não percebeu que o justo tribunal,
foi edificado por ações cometidas
numa vida envolta no prazer do riso
e na luxúria do gozo banal e bestial.
30/04/06 Anderson Aguilar
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