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Infantil-->PINTANDO ARCO-IRIS -- 25/01/2002 - 21:53 (Edna A Leite) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Certo dia, uma jovem fada sedenta por novidades quis fazer algo inusitado, algo que nenhuma outra fada tivesse feito. De ajudar belas princesas indefesas, ela estava cansada. Por isso saiu toda vaporosa numa noite enluarada com intenções de criar algo. Andou...andou, ou melhor, voou...voou, que fadas não andam, voam e nada de encontrar o objeto de sua futura ação. Parou titubeante, sentindo-se a última das fadas. Não queria voltar sem nada ter realizado. Então, percebendo-se em cima de uma modesta propriedade desceu até o quintal para ver se algo ali valeria seu esforço. Já estava se convencendo de que o melhor era ir embora quando avistou, na parede dos fundos da residência, uma velha estante de aço cheia de cacarecos. E como a fadinha adorava cacarecos! A fada olhou, mexeu e remexeu em tudo. De repente, no meio dos diversos objetos colocados na estante, ela teve sua atenção direcionada a uma caixa de lápis de cores. “Por que não permitir que eles andem e falem por si mesmos?” – pensou a bela fadinha. Num instante, de um balançar em sua varinha mágica, os lápis de cores despertaram, cada qual bocejando e sem entender bulhufas. A fada, depois de seu feito, tratou de dar no pé antes mesmo dos lápis notarem sua presença. Já estava quase amanhecendo e ela não queria dar motivos para sua mãe zangar-se. A fada mãe era daquelas que determinavam horários para saída e retorno.
Inocentes na história, todos os lápis chegaram a uma única conclusão: estavam há muito tempo quietinhos ali. O lápis azul claro sentindo um aperto no coração (agora até coração eles tinham) foi quem comentou com os outros:
_ Acho que estamos fechados aqui há anos. E pior que sem sentir o roçar carinhoso dos dedinhos de uma criança! Minha ponta está tão rija que quando eu entrar em contato com uma folha de papel, vou fazer risc...risc...risc.
O lápis vermelho, mais colérico, retrucou:
_ Não podemos continuar esperando que alguma criança se lembre de nós ou então permanecer imóveis até que um adulto nos tome por objetos inúteis e nos jogue no lixo! Precisamos fazer algo!
As palavras ditas pelo lápis vermelho causaram um reboliço enorme entre os lápis de cores. Todos começaram a falar, uns esbravejaram! Mas de comum acordo todos acharam por bem procurar uma solução para o que estava ocorrendo.
_ Eu sugiro que não tomemos atitudes impensadas. – disse o lápis branco procurando apaziguar os mais agitados.
_ O que a maioria decidir será feito! – retrucou o lápis de cor abóbora olhando para o lápis branco.
_ Precisamos de uma ação de peso. Que faça alguma diferença! – mencionou o lápis de cor marrom.
_ Eu me candidato a sair de nossa caixa e ver o que está acontecendo lá fora. – afirmou o lápis verde todo esperançoso de que acatassem sua idéia.
_ Isso é arriscado e se lhe pegarem e o apontarem até a morte? E se você for pisoteado por um adulto? E se você não conseguir mais voltar para nós? E se você cair nas garras de alguém que o tome por um empecilho e o jogue no lixo ou até mesmo numa fogueira?
_ Como você é pessimista lápis preto! Se eu for apontado até a morte, assim serei porque se lembraram de nossa existência. Se eu for pisoteado o serei com orgulho, pelo menos tentei fazer algo por nós. Se não conseguir voltar lembrarei com carinho de vocês e continuarei nossa luta. Se eu cair nas garras de alguém que me jogue no lixo ou numa fogueira, acredite não terá sido em vão!
Ao ouvir as palavras tão firmes do lápis verde todos permaneceram calados. Quebrando o silêncio, o lápis de cor lilás, admirado, falou:
_ Você é muito corajoso! Tenho certeza que voltará para nós com boas novas!
Todos os outros lápis de cores concordaram com o lápis lilás e num ato de agradecimento começaram um a um a abraçar o lápis verde lhe desejando boa sorte.
_ Não temam, eu voltarei com boas notícias. – falou emocionado o lápis de cor verde.
O lápis amarelo, cauteloso quanto à ida do lápis verde ao mundo externo, disse para todos:
_ Vocês não acham que seria prudente o lápis verde partir durante a noite? Está quase amanhecendo e logo todos na casa estarão em pé, é arriscado demais.
_ Tem razão! Quando anoitecer e não escutarmos mais nenhum barulho saio e sigo até a porta principal. Esgueiro-me por baixo dela e vou até o quarto das crianças tentar descobrir porque não nos procuram mais. Contando com a sorte estarei de volta ao anoitecer do outro dia.
_ Parece-me que isto não vai dar certo. – resmungou o lápis preto.
_ Não comece novamente com seu pessimismo! – exclamou o lápis verde fixando o olhar no lápis preto.
Mal sabia o lápis verde das mudanças que encontraria mais à frente! E também mal sabiam os lápis de cores que lá do reino encantado das fadas, a pequenina fada com sua bola de cristal (isso mesmo...bola de cristal, afinal, não são somente as bruxas que as têm) observava tudo.
Anoiteceu e como planejado o lápis verde iniciou sua missão. Saiu da caixa discretamente, caminhou até a lateral da estante de aço e começou a descer cautelosamente para evitar uma queda. Alcançou, ofegante, o chão do quintal. Então, pegou o rumo que o levaria até a porta da cozinha. Em sua cabecinha, não imaginava que seu plano seria quase que destruído por um gato faceiro que dormia encolhidinho bem à porta da entrada. O lápis verde aproximou-se quando repentinamente uma pata o derrubou. Pobrezinho, assustado olhou para cima e viu um enorme gato peludo miando e com as unhas afiadas à mostra. Com o coraçãozinho aos pulos, o lápis se contorcia enquanto o gato iniciava com ele uma brincadeira macabra lançando-o de pata em pata velozmente. A algazarra foi tanta que de repente a luz da cozinha se acendeu. Era a dona Maria, que com os olhos esbugalhados disse asperamente:
_ Bichano sem vergonha! Todos se levantam cedo e você fazendo bagunça. Saia daqui!
A mulher apenas fez menção de pegar a vassoura atrás da porta e o gato entendendo que levaria uma coça, saiu correndo e num salto pulou em cima do muro. Dona Maria ainda saiu na varandinha da cozinha resmungando e olhando em direção ao gato que, desconfiado, miava. Sem perceber ela pisou no lápis verde que quase desmaiado jazia ao chão:
_ Mas o que é isto? – falou Dona Maria se abaixando e pegando o lápis do piso. – Um lápis de cor? Como é que esse gato safado conseguiu tirar o lápis da estante? E ainda de dentro da caixa? Ah...bichano, se você derrubou todas as coisas da estante, amanhã mesmo lhe devolvo para a Tia Laura! – exclamou a mulher entrando com o lápis nas mãos.
A esta altura, o lápis estava tão debilitado que achou que seu fim chegara. Foi sendo levado até um dos quartos. E quase sem perceber o que estava sucedendo foi depositado em cima de um móvel. Tudo estava escuro. Dona Maria se afastou e o lápis verde respirou um pouco mais aliviado. Seu corpinho doía todo. Tinha marcas das unhas do gato e sua ponta, no impacto com o chão, havia se quebrado. Isso sem falar na pisada que levara. Aos poucos o lápis foi respirando calmamente e dormiu. Acordou com uma batidinha em seu dorso. Abriu os olhos e deu de cara com uma lapiseira de asinhas que trazia nas mãos um grafite com uma estrelinha na ponta (a fadinha resolveu interferir na situação e para não assustar o lápis que já estava mais assustado que qualquer coisa, disfarçara-se de lapiseira).
_ Pensei que você não conseguiria chegar até aqui. – afirmou a lapiseira, digo, a fadinha.
_ Quem é você? – indagou, desconfiado, o lápis verde.
_ Uma lapiseira madrinha, oras!
O lápis levantou as mãozinhas como que em direção aos céus e pensou que ele e seus amigos não deveriam ter despertado do sono a que estavam fadados:
_ Em minha vida já colori fadas madrinhas, mas lapiseiras madrinhas eu nunca vi! – exclamou o lápis verde.
_ Mas que desmancha prazeres, eu queria agradar! Está bem, vou ser eu mesma. – nem bem terminou de dizer isto e a fadinha estava de volta a sua forma verdadeira.
_ Uma fada madrinha se dando ao trabalho de falar com um lápis de cor? Não estou entendendo.
_ Mas você está me saindo muito desconfiado, lápis verde! Relaxe, estou aqui para assessora-lo.
_ Em quê? – indagou, surpreso, o lápis de cor.
_ Sinto desaponta-lo, mas aqui você não vai encontrar nenhuma criança. Todas cresceram. Acredita que a Luciana, aquela menininha que vivia com coceira no nariz vai se casar?
_ O quê?! Lembro-me que ela rodeava os irmãos querendo também colorir e eles não deixavam por ela ser ainda muito criança. Então, os outros já estão todos casados?
_ Não! A Luciana é que é a mais espertinha.
_ Isso significa que me precipitei até aqui por nada? O que direi aos outros lápis de cores? – falou, cabisbaixo, o lápis verde.
_ Não dirá nada, pelo menos por enquanto. Vou ajuda-lo, mas você precisa acreditar em mim. Volto logo!
A delicada fada, ainda sem saber que atitude tomar, desapareceu num estalo. Precisava, sem demora, resolver a situação que tinha provocado, afinal, não queria em hipótese alguma decepcionar o lápis verde. Portanto, achou que o ideal seria procurar conselhos junto à fada mestra; uma fada anciã com idade para lá de 200 anos. A fada mestra ouviu toda a história atentamente e antes de apontar uma solução disse umas verdades à fadinha.
Ao escutar a solução a jovem fada sorriu toda animada. Disse que com certeza os lápis de cores adorariam a idéia. Então, mais ligeira que o vento voltou ao quarto onde estava o lápis verde. Não o encontrou. Entrou em desespero imaginando que talvez a dona da casa o tivesse jogado no lixo. Mas felizmente descobriu que não. Dona Maria apenas o levara de volta a sua caixa.
Na presença dos lápis de cores, a fadinha com os olhos brilhando de contentamento explicou-lhes a solução apontada pela fada mestra, enquanto os lápis diziam uníssonos: oohhhhhh! Movimentando sua varinha, num minuto, a fada e os lápis se viram junto a uma fábrica de arco-íris onde inúmeras fadinhas ainda crianças pintavam alegremente cada arco formado pela luz solar que se espalhava nas gotículas da chuva. Os lápis de cores foram mais que bem recebidos e cada qual achou uma fada criança disposta a ajuda-los em suas novas funções: colorir os arco-íris e manter o reino das fadas com as cores mais vivas de toda a galáxia. Neste reino, os lápis de cores viveram felizes para sempre!
Dona Maria??? Nem deu falta da caixa de lápis de cores! Dias depois, querendo liberar espaço no quintal, vendeu a estante de aço e deu fim em todos os cacarecos que ali havia. Alguns foram parar no lixo, enquanto outros numa fogueira improvisada. É...foi por um triz!

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