Outro dia, li um poema incrível de Fernando Pessoa. Ele - e veja bem de quem estamos falando -indignava-se com a autoproclamada magnanimidade de todos que já havia conhecido. Sentia-se sozinho entre seres benevolentes e vencedores. Fernando Pessoa declarava-se vil, imperfeito, insatisfeito.
Ao menos não estou só. É de impressionar a quantidade de pessoas realizadas, sem arrependimentos e sérias que circulam por aí. Mais impressionante ainda é a facilidade com que as pessoas se convencem com os chavões de sempre. Quem disse que quem não me ama não me merece?! Então quem não amo eu não mereço? Não posso simplesmente amar outra pessoa?
Se o problema fosse apenas que as pessoas acreditassem, mas elas ainda querem fazer convencer gente em crise de que não é preciso pensar! É tão simples: não pense, não se incomode. Ninguém tem culpa de nada.
E o que não dizer dos `defeitos´ que tanto incomodam alguns? -"Sou perfeccionista demais, esse é meu erro". Devo, realmente, ser uma alienígena.
Sinto-me mais miserável ainda quando conheço os que declaram, sem constrangimentos, que seu maior defeito é confiar demais nos outros. Esses sim devem ser felizes... Então existe gente cuja maior falha é não identificar as imperfeições alheias! O maior defeito dessas pessoas está nos outros. Elas me encantam.
Eu, por minha vez, sinto-me sozinha com minhas angústias. Quem me dera pudesse me consolar com as frases feitas. Sou eu mesma, ignorante, insegura, mesquinha, minha maior inimiga. Se Fernando Pessoa era assim, perdido em um mundo de humanos maravilhosos, imagine eu...
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