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Era necessário fazer tudo aquilo? A senhora precisava mesmo por fogo em tudo daquela maneira? Ora sejamos sensatos, o fato de não haverem condições de uma vida a dois não justificou aquela atitude descabida e desenfreada por parte da senhora.
Por sorte cheguei a tempo e salvei o local de uma destruição completa, ou de outra maneira não poderia servir sequer de abrigo aos corvos, pois se bem me lembro, a senhora mesmo escolheu o local, sob meus protestos, para construção da casa.
Quando recordo dos tempos antigos onde eu ia visitar meu amigo V. e a senhora e suas quatro irmãs vinham observar-nos a pór a mesa na rua com o objetivo de beber e jogar cartas, ficavam sentadas no muro como galinhas no poleiro a espera de uma oportunidade de jogarem-se nos nossos braços tal como vieram ao mundo, não poderia mesmo terminar de outra forma senão do jeito que terminou: meu amigo se foi e que Deus o tenha em boas contas e eu peguei o que sobejou daquela prole.
Em primeiro lugar jamais sentei no muro para observar dois idiotas que propositadamente punham uma mesa na rua com o intuito de embriagar-se e tentar chamar a atenção das vizinhas por tratarem-se de verdadeiros punheteiros e precisavam de um motivo para sustentar o seu vício.
Quanto ao tal jogo de cartas, devo lembra-lo que o jogo de Truco não é assim tão silencioso a ponto de passar despercebido, e depois notava-se na medida que a bebedeira aumentava os gritos a acompanhavam chegando ao ponto de irmos ver se realmente não havia alguém a passar mal.
Não lhe deixo esquecer também que teu ex-amigo talvez não esteja em tão bom lugar assim, afinal foi morto pela polícia num tiroteio e estava com cinco quilos de um pó branco muito suspeito, o que mostra que talvez ele não era tão boa gente assim como o senhor pensava. É como diz o provérbio: o pior cego é o que não quer ver.
É verdade que pais que não tem filhos homens criam-nos como se fossemos porcas no cio e quando temos peso suficiente metem as biqueiras dos sapatos em nossas nádegas e nos jogam no mundo, quando percebemos estamos casadas e cheias de filhos assistindo a novela das oito e esperando morrer rápido, foi por isso que deu no que deu.
Com relação à foto que o senhor me mandou não foi esta sua em trajes sumários que pedi e sim aquela de minha mãe na festa de Páscoa, basta escanear e mandar-la sem mais delongas. Manda-me também urgente o CD do Ritchie por Sedex, pois a ausência dele Póe-me louca.
PS: A fogueira do quintal não ia durar muito, papel higiênico não queima para sempre.
A senhora ignora toda a sensatez deste pobre homem, temos de aceitar os amigos como eles assim o são sem tirar nem por. O trágico acidente que ocorreu a V. doeu-me e deixou marcas profundas penso se um dia terei outro amigo como ele, sempre com aqueles olhos luminosamente vermelhos e aquele espírito criativo, ademais eu amava quando ele não me reconhecia e chamava-me de John Wayne, talvez uma alusão amiga a minha maneira singular de andar.
Aquele CD que a senhora solicitou-me já foi enviado e por pouco não consigo salva-lo das garras de sua vizinha S. que mais parecia um pirata pilhando o território alheio, estes são nosso vizinhos, nos servem para absolutamente nada e quando podem nos roubam ainda o pouco que resta.
Eu realmente não pedi a foto que a senhora tão gentilmente mandou-me, o fato de eu haver regurgitado dentro do bondinho no Rio não deveria jamais ser fotografado e pior ainda ser-me enviado e sabe lá Deus para quantos mais.
Comunico a senhora também que sua irmã mais nova M. veio visitar-me a saber em que situação encontrava-me, e não se espante quando lhe digo e acabamos por concretizar conjunção carnal nesta última quarta-feira.
Envio também a foto solicitada e sem mais até breve.
PS: Aquela parte das biqueiras nas nádegas foi realmente muito excitante.
Cada vez percebo mais como demorei em tomar a decisão certa, o senhor é tão inútil que nem uma mera foto consegue enviar corretamente, pedi aquela da Páscoa do ano passado e não esta em que minha mãe aparece estatelada e com as pernas voltadas para o ar na formatura de seu sobrinho. Para uma senhora obesa este tipo de fotografia é como se fosse uma ofensa pessoal.
Também não lembro de solicitar esta outra onde o senhor está de sunga vermelha e uma toalha de mesa azul ao pescoço tentando passar-se por Super Homem, quando se bem me lembro o senhor estava super bêbado, a tal ponto de chegar à incontinência urinária diante de todos os nossos colegas naquela praia.
Que minha irmã era uma puta eu já o sabia de muito tempo e não podia esperar outra atitude de alguém que foi surpreendida com a boca entre as pernas de G. um jovem que trabalha com o senhor no escritório na ultima ceia de Natal no banheiro de nossa casa. E talvez não o console, mas G. tem-me agraciado com algumas vistas íntimas no decorrer das últimas semanas.
Ademais o senhor não me surpreende, com sua fálica ganància nunca realmente olhou onde colocou seu instrumento. Foi dessa maneira que naquela ocasião teve de depilar todo o púbis, pois haviam parasitos atacado o senhor pondo-me em maus lençóis ao explicar a todos porque o senhor vivia a coçar-se.
Mande-me sem demora a fotografia correta e diga a S. que eu pessoalmente vou falar-lhe e resolver de uma vez por todas o mistério daquela calça de seu marido que apareceu em minha casa.
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Adiantei as informações pertinentes ao caso da calça misteriosa a nossa vizinha S. e garanti-lhe que depois a senhora de sua própria boca ia terminar de explicar-lhe o fato. Aproveitei a ocasião para alimentar o que a senhora com desdém chamou de "fálica ganància" uma vez que seu marido não se encontrava em casa, o problema é que me apareceu uns calores e odores estranhos no membro e preciso urgente que a senhora mande-me a marca daquela pomada milagrosa.
Embora eu houvesse enganado-me na questão da fotografia, isto não é motivo para mandar-me à quela sua de camisola preta transparente que foi tirada naquele motel barato da zona sul. Realmente sinto que não chama atenção como antes, principalmente comparando a foto com o original atual.
Quanto a G. eu bem havia notado uma mudança de humores em relação a minha pessoa, mas creio que nos próximos dias não poderá ele visitar-lhe uma vez que está com um surto de diarréia provocado por um laxante liquido que lhe pus no café ontem de manhã. Queira Deus que a dose não tenha sido excessiva.
Não posso dizer que aprovo suas palavras sobre o evento da incontinência urinária na praia, e pergunto-me se a senhora ainda tem coração ou se perdeu a noção do ridículo ao lembrar de tão nefasto caso, e a propósito mande-me o livro do Camus que a senhora me tomou, certamente por ter confundido a capa com aquele de receitas cujo qual não me peça, pois não devolverei.
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Não há palavras que possam exprimir com exatidão o que sinto, agora que finalmente pude saber como subitamente G. parou de visitar-me. Isto mostra claramente com que tipo de homem estive vivendo nestes últimos tempos, o senhor é um perverso e tem uma mente doentia inclinada para o mal sem limites.
Falando do Camus já o vendi na livraria de usados, aquela da rua da prefeitura, tão logo percebi que o havia confundido com o outro que o senhor mencionou. Pode depositar aquele no vaso sanitário junto com a gentil carga de suas entranhas se assim quiser.
E mais uma vez chamo, ou melhor, clamo sua atenção para mandar-me a foto correta, e não sei onde o senhor conseguiu esta foto de minha mãe na cadeira de vime com um garrafão de vinho aos lábios mostrando as ceroulas.
Como se o senhor nunca tivesse provado dos malefícios da embriaguez por vinho como naquela ocasião onde o senhor tomado de gases infectou o ónibus na tão malfadada excursão ao Paraguai, por pouco não fomos expulsos em Foz do Iguaçu.
PS: A foto da camisola foi engano. E a pomada procure o senhor mesmo.
A senhora demonstra-se de uma vileza e uma torpeza inigualável em sua última mensagem, visto que, recordar o caso Paraguai foi uma apunhalada neste coração tão sofrido pela dor da separação, e também não posso dizer que gostei da foto que a senhora mandou-me onde apareço de chapéu agachado com as calças arriadas aos tornozelos, se bem me lembro estávamos em um acampamento e não haveria outra maneira de executar aquela missão se não em tal posição.
Em relação a G. não se preocupe, está ele agora restabelecido, porem soube hoje depois do almoço que haviam lhe posto pó-de-mico ali na sua cadeira e o coitado está agora a coçar-se como um condenado. Queira Deus que logo passe.
Sua outra irmã, a do meio, veio visitar-me ontem e... Bem a senhora já sabe, tudo foi tão imprevisível e repentino. Realmente ela estava "quente" ontem.
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Com toda a certeza não pedirei mais a foto de minha mãe ao senhor. E lhe digo sem sombra de dúvida que a pobre senhora nunca foi enrabada por um gorila, razão pela qual imaginei que o que recebi tratava-se de uma tosca montagem do Photoshop, ou qualquer destes outros programas que por aí tem.
Não me preocupo com minha irmã, ela já é maior de idade e sabe o que faz, só espero que ela tenha curado a doença de que tinha me falado, dizia ela que lhe da uns calores no interior da vagina, mas nada que seja preocupante assim tenho fé.
Resolvi também o problema da calça com S. e tivemos uma ótima conversa regada a chá e bolinhos talvez ela não vá mais visitá-lo, problemas de "anatomia anã", segundo me confessou e se não me engano usou a expressão "propaganda enganosa", mas não tenho certeza.
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A senhora me faça o grande favor de ir à merda.
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Não vou.
(Mudam-se os meios a conversa continua a mesma.)
Luiz Henrique Ricardo (luizhrico@hotmail.com)
