Usina de Letras
Usina de Letras
120 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62231 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22537)

Discursos (3239)

Ensaios - (10367)

Erótico (13570)

Frases (50628)

Humor (20031)

Infantil (5434)

Infanto Juvenil (4768)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140805)

Redação (3306)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6190)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->Crónica em estado Crónico ou pequenas impressões sobre o -- 17/02/2002 - 14:32 (Flávio Machado) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Crónica em estado Crónico ou pequenas impressões sobre o cinema brasileiro

Esse negócio de emprestar livro é uma desgraça, vivo emprestando e perdendo livros, uma das perdas mais sentidas foi do livro de Glauber Rocha; e o pior não sei quem foi o criminoso, é uma obra prima: O sekulo do cinema, assim mesmo com "k". Nestes livro Glauber Rocha faz declarações sensacionais, uma delas é sobre o fato de alguns de nós considerar a palavra cinema, uma abreviatura de cinema americano.
Assisti a muitos filmes nacionais ao longo dessa vida, e alguns ficaram guardados com carinho na memória afetiva e cultural, a primeira vez que fui ao cinema, um que não existe mais e que ficava na Rua João Ribeiro em Pilares, no Rio de Janeiro, levado pela minha avó, estava morando com ela por causa de uma enchente que aconteceu em 1967 que nos deixou desabrigados provisoriamente. O filme era de Mazaroppi, o nome não dá para lembrar decorridos esses anos todos, perdeu -se no emaranhado de memórias, perdido assim como o cinema.
Sempre defendi ardorosamente o cinema nacional, sempre acreditando no sucesso e capacidade de registrar a nossa realidade, um olhar brasileiro. Posso citar várias produções desde da época das chanchadas de Oscarito e Grande Otelo que assisti em preto e branco na televisão, e os filmes mais recentes.
Entre todas as experiências, uma das maiores foi assistir ao filme de Mário Peixoto: O limite. O diretor e autor é uma figura lendária da cinematografia brasileira, realizou apenas um filme, rodado na região de Mangaratiba e Angra entre 1929 e 1931, filme mudo que provocou polêmica no seu lançamento e tem toda uma lenda ao seu redor. Tirando todas asa lendas, O limite é considerado uns dos mais importantes realizados no mundo.
O filme ficou desaparecido e quase desapareceu, foi recuperado e exibido na cinemateca do MAM, no ano de 1988, caso não me deixe na mão a memória. Foi especial também porque acabara de conhecer Ana e fomos juntos a cinemateca, chagamos com sessão já iniciada, a sala lotada, sentamos no corredor no chão, um silêncio respeitoso.
As cenas do filme são revolucionárias e inovaram a narrativa vigente, com flash back, àngulos e tomadas ousadas, o barco a deriva, os náufragos, as correntes, cenas que nunca mais saíram da lembrança, além é claro da presença de Ana.
O cinema brasileiro é pouco náufrago, um pouco esse barco a deriva, lutando contra a maré, tentando estabelecer um mercado, ser uma indústria rentável que crie empregos e seja a afirmação de nossa cultura. Somos sem dúvida uma das mais importantes cinematografias do mundo, com produções de grande impacto, mas também sofremos uma concorrência desleal do cinema americano que impõe até um gosto, uma forma de ver o cinema.
Ainda assim sobrevive o cinema brasileiro, alternando períodos de maior ou menor produção. Durante a exibição do filme fiquei atento e totalmente absorvido pelo impacto que causa, realizado numa época heróica, por um jovem cineasta. Encerrada a exibição o público presente reverenciou a produção com uma sessão de aplauso longa, uma demonstração raramente observada na exibição de qualquer filme, seja nacional ou não.
Tenho a esperança que um sopro de criatividade e de investimento façam o cinema nacional retomar o seu lugar de direito, dominado o mercado de exibição., criando e cultivando um público fiel e interessado em aprender e olhar o cinema brasileiro com respeito e orgulho, divertindo e garantindo a valorização cultural do país. Lembro com carinho da exibição do Limite, neste dia aconteceu o nosso primeiro beijo.

Flávio Machado
PS: casei com Ana em 1990, Mário Peixoto infelizmente faleceu, e o Limite foi lançado em vídeo.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui