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Artigos-->Concepções de Homem e Modelos de Ensino -- 18/01/2007 - 16:24 (ALZENIR M. A. RABELO MENDES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Concepção de Homem e Modelos de Ensino



Por Maria Alzenir Alves Rabelo Mendes

Especialista em Didática e Docência do Ensino Superior.

Mestranda em letras Linguagem e Identidade. UFAC/2006.



Os Sistemas Nacionais de Ensino, inspirados no princípio de que “a educação é direito de todos e dever do Estado”, embora tenham berço nos ideais iluministas, decorrem do tipo de sociedade correspondente às aspirações da classe emergente, em especial, no que toca ao propalado “direito de todos”. Basta um passeio às fontes históricas para que sejam perceptíveis as razões que levaram o Estado burguês a não permitir algum tipo de reação capaz de coibir seu “golpe revolucionário” e recuperar o “Antigo Regime” em derrocada.

Para a consolidação do novo Estado fez-se necessário transformar os antigos súditos em cidadãos porque uma vez esclarecidos tornam-se indivíduos livres. Dessa perspectiva, o papel fundamental da educação e, consequentemente, o da escola adquirem relevo, importando, primeiro, em delinear um perfil de homem a ser construído, tendo como escopo uma concepção pré-estabelecida sobre qual homem deve ser construído e para que tipo de sociedade, surgindo daí os modelos educacionais.

O primeiro modelo de educação, orientado para atender as necessidades daquele período histórico, é o que hoje denominamos de educação tradicional. Nele, o ensino é, fundamentalmente, expositivo. Cabe ao educador apresentar os modelos de conhecimento ao aluno e transmiti-los a este último que, como objeto passivo de sua própria atividade educativa, não pode questionar o que lhe está sendo ensinado. A concepção que norteia a ação do educador é a de que o homem, como ser essencial, é completo e possui natureza igual a dos seus semelhantes.

Sob aquela perspectiva dogmática e incontestável, o homem tornou-se submisso ao sistema político, social e econômico que deslanchava na época, e que ainda se mantém, o capitalismo burguês. Em outras palavras, o homem tornou-se “massa de manobra” da classe detentora do poder. Consolidando-se então duas classes sociais que se relacionam por meio da força: a dos dominadores (burguesa) e a dos dominados (operária ou proletariada).

Estabelecido esse contexto, pode-se argüir que o modelo tradicional de educação não atende à demanda de uma sociedade igualitária proposta pela chamada “revolução burguesa”. As críticas sobre esse modelo educacional foram sendo acumuladas, em especial, nos aspectos pertinentes ao conceito de homem e ao papel que ele deve assumir em sua atividade educativa.

Tais críticas deram origem a uma nova teoria da educação, denominada pedagogia escolanovista que se estabeleceu no início do século XX. O escolanovismo contestou e visou modificar o modelo de ensino tradicional. Seu modelo é fundamentado em uma escola reformada que deixa de ter aspecto sombrio, disciplinado e silencioso, para assumir um ar alegre, movimentado e dinâmico.

Para o escolanovismo, a atividade educativa dever ser centrada no educando, em sua individualidade, segundo suas potencialidades e interesses. O educador deixa de ser o sujeito ativo e ponte entre o conhecimento e o aluno que, agora, é o sujeito de sua própria atividade educativa. O homem é, desse modo, visto como um ser completo em sua subjetividade desde o nascimento, porém inacabado, até a morte.

No entanto, o modelo da “Escola Nova” não conseguiu alterar significativamente o panorama organizacional dos sistemas escolares, pois, além de outras razões, implicava em custos bem elevados, comparado ao modelo tradicional. A “Escola Nova”, passou a organiza-se em núcleos experimentais muito raros, bem equipados, porém destinados a pequenos grupos de elite, tornando-se um agravante da marginalidade educacional e das desigualdades sociais.

Nas palavras de Dermeval saviani “a ‘Escola Nova’ é conservadora e reacionária, pois garante a hegemonia burguesa”. Muitas foram as críticas e propostas que surgiram, ainda na primeira metade do século XIX, com intuito de rebater a pedagogia escalonovista e, consequentemente, formular uma teoria pedagógica que amenizasse seu caráter elitista. Da atitude contestadora, toma forma a pedagogia denominada por George Snide de “Progressista”.

As bases axiológicas da escola “Progressista” fundamentam-se na valorização do coletivo sobre o individual e nas reflexões instauradas a partir do materialismo histórico-dialético. No âmbito escolar, educador e educando são tomados como agentes sociais, ou seja, como sujeitos que participam reflexivamente nas atividades educacionais e que têm a consciência de sua “natureza” social e histórica. Depreende-se daí o conceito de homem como um indivíduo concreto, histórico, inserido no contexto de relações sociais.

Porém, para que o indivíduo participe de maneira consciente e ativa na sociedade é necessário que a atividade educativa se baseie na dialética entre o ato educativo e o ato político. Tomam-se aqui as palavras do Paulo Freire, para quem “educar é, sobretudo, politizar”. Já Demerval Saviani equivale o ato de educar ao de “transformar, revolucionar a serviço das forças emergentes da sociedade”.

A relação de interdependência entre sociedade e escola é incontestável. Mas deve-se ter m mente que algumas práticas, atreladas aos mecanismos de manutenção de poder, acabam por distanciar as proposições dos modelos de ensino do fazer pedagógico. Um desses aspectos diz respeito a interferências politiqueiras nas esferas do ensino.

Suscitam-se, então, questionamentos sobre como pode a escola gerar condições para transformar o homem, se ela mesma é “transformada” pela influência político-ideológica de classes, ou de grupos partidários que transitam nas instâncias do poder? Pode a educação, nessa subserviência, constituir-se em um instrumento de transformação?

Se assim o for, carece ainda, o modelo, educativo de proposições que visem o ser em sua inteireza, modelos que sejam capazes de fazer, de fato, o ser o homem usufruir de seu lívre-arbítrio para a realização plena de si e para a construção de um mundo com menos desigual.

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