Todos nós achamos absurda a confusão que pessoas de países estrangeiros fazem ao confundir a capital do Brasil com Buenos Aires. Essa imagem de atraso e de indiferenciação entre os países latino-americanos, que o exterior tem, é fruto de uma construção histórica da qual todos nós somos culpados.
No ano de 2002 os produtores do seriado norte-americano “Os Simpsons” lançaram um episódio intitulado ‘O feitiço de Lisa’. O título é uma alusão à música composta por Noel Rosa no início do século XX que recebeu o nome de ‘Feitiço da Vila’. Nesse espisódio a família Simpson vem ao Brasil com o intuito de “salvar” um jovem órfão de nome Ronaldo. Logo no início do episódio os Simpsons assistem à um vídeo no qual é mostrada a figura de Ronaldo cercado por vários macacos.
Ao chegarem ao Brasil os problemas sociais e o descaso das instituições públicas perante esses problemas permeiam o enredo do seriado.
A todo instante a violência e a falta de infra-estrutura habitacional fica evidente aos olhos do telespectador. Como toda sátira, os defeitos são enfatizados de forma a dar maior destaque durante a série.
O seriado, que traz como protagonistas membros de um estereótipo da família norte-americana de classe média, começou a ser exibido no Brasil em 1991, pela Rede Globo. Matt Groening – criador de “Os Simpsons” – utiliza a série para retratar, de forma satirizada, culturas de povos de outras nacionalidades, mas principalmente a cultura norte-americana.
Não devemos culpar somente o seriado pela má imagem do Brasil que nele é retratada. Temos que refletir se nós, de fato, também não temos nossa parcela de culpa. Ora, se nós denominamos aquele que nasce nos Estados Unidos de americano, conseqüentemente estamos nos excluindo desse continente, uma vez que todos nós, desde o extremo norte do Canadá até o sul da Argentina, somos americanos.
O episódio dos Simpsons nada mais é senão o retrato criado por nós mesmos do nosso país.
