A casa era semelhante a essas inúmeras existentes nos subúrbios. A mulher em questão era uma inquilina morena baixa, de cabelos negros e longos, suspeita de enganar o locador. Ela tinha um apartamento alugado em Manhattan que parecia estar sublocado ilegalmente por um aluguel duas vezes maior do que o que ela pagava, pela casa, onde morava, na periferia da cidade.
Bill Golodner, e Bruce Frankel são investigadores em Manhattan. Proprietários de imóveis que investigam seus inquilinos são uma porcentagem crescente dos clientes. A lei não permite fazer uso diverso da finalidade da locação. Por exemplo: se o imóvel foi locado para residência, não pode ser usado como local de trabalho.
Bill Golodner estacionou o carro ao meio-fio, algumas casas abaixo da casa da mulher suspeita. O investigador adaptou uma máquina fotográfica à janela do carro e focou o local. Ligou a máquina fotográfica escondida atrás da terceira casa do botão da camisa, e passou então a manhã toda no frio, fazendo "campana" perto da casa da investigada.
Se Philip Marlowe saisse poderia investigar casos de fraude contra locações também.
Estes são os bons tempos dos investigadores particulares na Cidade de Nova York. Alugar pelas taxas de mercado, um imóvel para fins comerciais está muito caro. Existem 1,1 milhão apartamentos alugados na cidade, e os proprietários pagam alto para desalojar os violadores da lei de locações e ter uma chance de alugar o apartamento para um novo inquilino.
À confluência dessas variáveis pode influenciar um detetive. "Investigadores gostam da situação".Diz Golodner. "Eles varrem tudo que incrimina, buscam evidências que podem ser usadas e instruir os locadores e seus advogados".
Golodner e seu sócio, Bruce Frankel, ambos da cidade de Nova York, antes de serem detetives tinham uma imobiliária que controlou perto de 500 imóveis no último ano. Eles dão busca nos registros públicos, examinam as profundezas do World Wide Web, colocam máquinas fotográficas escondidas, fazem prova de sublocações ilegais, violações de limite de renda e o uso impróprio de apartamentos para negócios, prostituição e tráfico de drogas.
"Todo mundo pensa que os proprietários são ruins e nós podemos roubar-los”.Diz Frankel, um ex-artilheiro de porta de helicóptero no Vietnã, que depois trabalhou no centro de artigos de vestuário."Nós temos uma vida de padrões difíceis. Temos tudo dessas grandes pessoas que trabalham, fazem caridade, falam como a guerra é horrível; mas todo mundo ainda pensa que é certo ter a mentalidade do Robin".
A inquilina usava o apartamento de Manhattan para negócios ilícitos. Ela atendeu ao anúncio pelo qual Frankel e Golodner pediam massagistas. Inesperadamente, eles se acharam no edifício que investigavam. Quando Frankel e Golodner descobriram tudo, disseram que a inquilina pagava um aluguel de $800 por mês, mas que vivia no Município de Westchester. Ela ganhava $2.700 mensais no apartamento em que vendia seus serviços; pagava aluguel de imóvel residencial, mas recebia rendas por atividades comerciais. Outra mulher que trabalhava junto disse alugar o apartamento pelo qual pagava aproximadamente $1.500 por mês, menos que a metade dos preços de mercado.Frankel e Golodner dizem que a acharam em Dakota do Sul, depois que o seu endereço apareceu numa busca de registros públicos porque solicitou licença para abrir uma casa de massagem. Os investigadores entrevistaram o advogado que a tinha ajudado comprar uma casa no Badlands; eles acreditam que ela planejava entregar o apartamento ao filho que ainda não estava em Nova York.
Outro investigador particular, Nick Himonidis, fundador da NGH perto de Roslyn, N.Y., recordou o caso no qual um inquilino estava usando um escritório arquitetônico num apartamento residencial: três arquitetos, pessoal de apoio e faxineiras. Dois investigadores do escritório de Himonidis marcaram um horário, falaram com os arquitetos e pediram uma visita ao escritório. Eles flagraram a coisa toda com máquinas fotográficas ocultas.
Nosso trabalho para proprietários aumentou de 5% para mais de 20%, nos últimos 24 meses" disse Himonidis que acredita ser o aumento das locações o maior motivo para chamar um investigador. "Simplesmente poderia não ter sentido econômico 5 ou 10 anos atrás, mas agora tem” disse ele.
