Usina de Letras
Usina de Letras
168 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62215 )

Cartas ( 21334)

Contos (13261)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10357)

Erótico (13569)

Frases (50610)

Humor (20029)

Infantil (5429)

Infanto Juvenil (4764)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140799)

Redação (3303)

Roteiro de Filme ou Novela (1063)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6187)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Corpo perfeito, até quando? -- 30/01/2007 - 15:08 (jose antonio de castro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Corpo perfeito, até quando?

(José Antônio de Castro)



Nestes tempos do evento “São Paulo Fashion Week” sobre moda vêm à tona polêmicas a respeito de assuntos como: beleza, magreza, anorexia, bulimia, etc. Por não ser do ramo, vou dar alguns pitacos, com a tranqüilidade de que não serei lido por quem entende do assunto. E ainda bem que existe liberdade para expressar a opinião nestes tempos de América Latina ameaçada de cerceamento do direito de pensar. Além do mais, que repercussão teria o ponto de vista de quem não entende nada de moda?

Fui buscar na mãe grande, a “internet”, explicação sobre anorexia e bulimia por não saber distinguir uma da outra. Li que a primeira é um transtorno emocional que consiste numa perda de peso derivada de um intenso temor da obesidade, e a segunda indica um transtorno mental que se caracteriza por episódios repetidos de ingestão excessiva de alimentos num curto espaço de tempo, seguido por uma preocupação exagerada sobre o controle do peso, levando a pessoa a adotar condutas inadequadas. Por exemplo, vômito para expelir o que foi ingerido.

A propósito, na novela das oito uma de suas personagens tem uma atitude bulímica. Ou seja, depois de se esbaldar no chocolate entra em parafuso porque precisa manter o corpo de bailarina.

A discussão cresceu a partir de uma decisão publicada nos jornais espanhóis de que “o mais importante evento da moda na Espanha começou nesta segunda-feira, depois de provocar um tumulto com a proibição de modelos muito magras nas passarelas e de um estilista famoso ter declarado que precisou substituir todas as modelos de seu desfile.” Outra notícia de destaque foi a morte da modelo brasileira Ana Carolina Reston, por complicações decorrentes de uma anorexia nervosa, com repercussões em vários jornais europeus e americanos.

Tratar de magreza no mundo da moda é tocar num tema quase proibitivo, ninguém que falar a respeito. O padrão de beleza adotado no ambiente da moda sempre provoca controvérsia; tanto entre aqueles que militam no meio, quanto na população de modo geral, pois cada um tem sua opinião. Porém, no fundo, a questão é se o padrão de beleza atual que defende a forma esguia e magra atende a todos os gostos.

O belo sempre foi e continuará sendo objeto de discussão desde quando o homo sapiens se distanciou dos outros animais e conseguiu fazer uma avaliação de seu semelhante de forma a preferir um ou uma ao outro ou outra para companhia e reprodução com o objetivo de dar continuidade à espécie. Ou seja, por que uma pessoa agrada mais do que outra? A partir da possibilidade da escolha, a forma passou a ter destaque no hora da opção. Daí, a importância da harmonia dos objetos, da aparência ou dos traços do ser humano. Ele se apresenta de acordo com cada olhar, cada cabeça, obviamente, influenciado pelo ambiente cultural onde vive a pessoa.

O primeiro conceito que fincou raiz foi o de Platão. Para ele, existia coisas belas por si mesmas e que fornece um prazer puro e não depende da avaliação do homem. Já Sócrates afirmava que o belo era uma definição feita pelos olhos e ouvidos. Na Idade Média, ao sentido da beleza foi acrescentada a imagem de Deus associado ao bem.

A beleza feminina, como não poderia deixar de ser, sofreu muitas variações. No passado, o padrão aceito era da mulher rechonchuda, basta olhar a pintura de Botticelli. A opulência dos palácios e as mesas fartas influenciavam a estética, nos tempos da miséria e dificuldade de produzir alimentos do feudalismo. Um corpo saudável e bonito era aquele que aparentava bastante gordura. Hoje, a luta contra a obesidade, associada aos riscos à saúde, certamente, contribui para a exaltação da boa forma, da magreza.

Antes, era só um rosto. A harmonia da forma genética do rosto sobressaía como conceito de belo. Mais tarde, o corpo foi sendo revelado e passou a ser o referencial, na medida em que as roupas diminuíram não só de tamanho, mas também de quantidade, de acordo com a evolução dos costumes. A veneração das formas femininas move bilhões em produtos de embelezamento. O padrão da top model está estampado por toda parte. Este conceito de beleza exige da mulher esforços gigantescos para se igualarem às modelos. Para isso, buscam os peelings, liftings, botox, etc.

Outro dia, uma rede de tv fez uma enquete na rua mostrando imagens de modelos e perguntando a alguns homens o que achavam da beleza delas. Embora as respostas tenham sido variadas, predominou o conceito de que eram bonitas, mas não para companheiras. Espera aí, então quer dizer que existe mais de um conceito de beleza feminina, é isto? Para a convivência a dois, a preferência era por mulheres mais “consistentes”, mais substanciais. Um chegou a afirmar que não tinham onde pegar, referindo-se a elas. Coisa complicada. Para olhar, admirar, é bonita. Para dividir os lenções a opção é pelas cheinhas.

Não preciso afirmar aqui que a figura da mulher é exposta e explorada como objeto. Os grandes meios de comunicação têm papel decisivo no sentido de que os dotes físicos é o que importa. Se a mídia usasse sua força para mudar esse padrão de beleza, aos poucos as magras dariam lugar para as mais robustas, a corrida desenfreada em busca do corpo perfeito diminuiria. Com isso, o convite para o chope de sexta-feira não seria recusado, ela compartilharia do torresminho de tira-gosto, seria a primeira a participar da feijoada do sábado, não ficaria de mau humor quando fosse experimentar uma roupa para a noite. E, finalmente, homens e mulheres viveriam felizes para sempre.

***************

(Interessados no meu livro: "Andança" (romance) - editora Insular - pode ser encontrado nas livrarias Cultura, Submarino ou solicitar por e-mail josecastro01@uol.com.br)





Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui