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Artigos-->PIB ilegal -- 31/01/2007 - 13:00 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




O Produto Interno Bruto anda pela casa de um trilhão de reais. Talvez 1,2. O governo tem idéia genérica disso. Exata ninguém consegue. Fruto de tudo que se produz para o mercado interno e externo, nossas contas supostamente morais.

No entanto temos problemas sérios para colocar no mercado de trabalho milhares de jovens todos os anos, em decorrência da falta de especialização, de saturação de mercado como é o caso dos estados do Sul e Sudeste, de falta de empresas em número compatível para absorvê-los no Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Alguns bolsões se abrem no mercado de trabalho e não são preenchidos por falta de mão-de-obra qualificada.

Mas o que o governo e autoridades estaduais e municipais não gostam de comentar publicamente é o PIB ilegal, fruto de contravenções como contrabando de mercadorias, e outros tipos de PIB ilegais, como os que são frutos da corrupção, ensejando superfaturamento de obras e fornecimento de mercadorias à máquina pública, e o mais delicado, o PIB das drogas.

Há alguns anos um delegado de Porto Velho comentou com um repórter policial: “ Se eles não venderem drogas vão viver de quê?”. O delegado ficou impressionado em ver uma família inteira envolvida no tráfico. Pai, mãe, garotinhos, avô e avó. Um monte de gente empregada no sistema paralelo de produção de lazer não convencional, para quem o Estado não existe e cuja reciprocidade em relação ao Estado é gigantesca.

O Estado, com seus bolsões de corrupção, empurra parte da população para o PIB ilegal, mas pune seus agentes, principalmente aqueles com menor grau de escolaridade e condições sócio-econômicas próximas da miséria.

Será que alguém tem idéia do percentual de dinheiro que circula no Brasil em função do tráfico de drogas? Os dez milhões de empregos que Lula prometeu no primeiro mandato seriam insuficientes para atender os dez milhões de desempregados gerados pelos governos Collor, Itamar e Fernando Henrique. A equalização de Lula não funcionou. As reformas neoliberais ajudaram a fomentar o mercado da droga.

Alguém disse que os traficantes não trabalham apenas por arroz e feijão. Querem se tornar pequenos burgueses, como os comerciantes e funcionários públicos. Por isso acabam empregando técnicas sofisticadas de marketing para assegurar seu negócio.

Um veículo de comunicação estampou na primeira página há dois anos: “Porto Velho tem 3 mil bocas de fumo”. Será que foi dimensionado corretamente? Foi para mais ou para menos o número? E no caso de cidades como Rio, São Paulo, Porto Alegre, Recife, Salvador e Belo Horizonte? Quem consegue oferecer trabalho a todos os soldados do tráfico e convencê-los a labutar com salários baixos em nome de uma moral que o próprio Estado não é capaz de sustentar?

O PIB ilegal tem função moral. Que disparate. Os traficantes oferecem mais oportunidades que o governo constituído e suas instituições apodrecidas. Que absurdo concluir isso.

Que autoridade pode contestar essas teses? Que poder constituído hoje pode dizer que apenas os traficantes e contrabandistas são bandidos?

As instituições brasileiras precisam de revisão. Perderam moral para os bandidos qualificados dos morros e do asfalto. Enquanto o PIB ilegal tiver empregando milhares de brasileiros o Estado brasileiro e suas sucursais estaduais e municipais terá pouco espaço para atuar. Mas não dá para combater corrupção ensinando corrupção. O PIB ilegal é conseqüência de um Estado imoral.



*Professor universitário

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