Justiça russa decide que czar foi vítima da repressão soviética
Por Christian Lowe
MOSCOU (Reuters) - A Suprema Corte da Rússia determinou na quarta-feira que o czar Nicolau 2o seja reconhecido como vítima da repressão soviética, conferindo assim uma vitória simbólica aos monarquistas segundo os quais a sentença ajudaria a separar o joio do trigo quanto ao sangrento passado daquele país.
O último czar russo, sua mulher e seus cinco filhos foram mortos por um pelotão de fuzilamento bolchevique em 1918, mas, ao contrário de várias outras dezenas de milhões atingidos pela repressão soviética, os sete nunca foram reconhecidos oficialmente como vítimas.
No ano passado, a Suprema Corte decidiu que uma questão jurídica impedia o reconhecimento da família real como vítimas da repressão: eles nunca foram acusados de crime nenhum, de forma que seria impossível anular uma eventual acusação.
Porém, na quarta-feira, o órgão, manifestando-se a respeito de um recurso impetrado por um advogado que agia em nome dos descendentes da linha monárquica dos Romanov da Rússia, reformou sua decisão anterior, afirmou Pavel Odintsov, porta-voz da corte.
"O pleno da Suprema Corte determinou que eles (o czar Nicolau e sua família) sejam reconhecidos como vítimas injustificáveis da repressão e que sejam reabilitados", disse o porta-voz. "Não cabe recurso sobre essa decisão."
Um representante da grande duquesa Maria Vladimirovna, uma descendente da família real que se apresenta como herdeira do trono imperial, afirmou ter telefonado para a casa dela em Madri para contar-lhe sobre a decisão da Justiça.
"Essa é, em primeiro lugar e principalmente, uma decisão de caráter simbólico", afirmou à Reuters Alexander Zakatov, chefe da chancelaria da autodenominada Casa Imperial da Rússia.
"Trata-se de algo muito importante para a nossa sociedade o fato de um crime cometido 90 anos atrás ser condenado. E as acusações injustas feitas contra o czar e a família dele, sobre serem inimigos do povo, precisavam ser anuladas."
"Obtivemos uma vitória", disse Zakatov. "A lei foi observada e agora, com enorme satisfação e alegria, podemos colocar um ponto final nisso."
Segundo Zakatov, a grande duquesa receberia dentro em breve um documento oficial reconhecendo o czar e a família dele como vítimas da repressão soviética.
Maria Vladimirovna pretende depositar o documento ao lado de outros artefatos históricos constantes do arquivo imperial existente em Madri, acrescentou.
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