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cronicas-->As Misteriosas Relações do Kichute com a Cerveja -- 17/02/2002 - 23:00 (José Renato Cação Cambraia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Muitos de vocês, como eu, devem se lembrar com saudades de algumas propagandas da TV que passavam na sua infància. No meu caso, há algumas (ou melhor, duas) décadas atrás, havia várias que eu gostava. Uma delas, a primeira que me ocorreu ao pensar nessa crónica, foi a do Kichute (será que era Ki-chute? sei lá, só conheci o hífen mais tarde...). Pra quem não conhece, o Kichute é um simulacro de uma chuteira de futebol. Consta de uma sola de borracha dura, com alguns cravos retangulares, e uma capa de lona preta costurada na sola. Ela tinha ainda um bico de borracha, que permitia dar bicudões com total segurança para as unhas dos pés. Os cadarços eram pretos e longuíssimos, para que você pudesse fazer igual ao moleque da propaganda e amarra-lo em volta do tornozelo (o que dava um visual extremamente "bacana"...). Eu usava assim, era o máximo. Ou melhor, me sentia o máximo...
Ah, a propaganda: o moleque calça a "chuteira" no seu quarto pra jogar bola à tarde, mas parece que ele está atrasado. Então ele tem que pegar vários atalhos até o campo, e pra isso ele se utiliza dos superpoderes da sua Kichute. Por exemplo, ele salta um muro alto com extrema facilidade, corre numa velocidade espantosa, safa-se de ser mordido por um cachorro, essas coisas. E, claro, ainda joga um bolão na pelada. Tenho que lembra-los de que na época o sucesso absoluto da TV era o seriado "O Homem de Seis Milhões de Dólares", e a propaganda seguia um pouco essa idéia. Na primeira vez que vi aquilo, fiquei doido e enchi o saco da minha mãe a tarde inteira pra ela me comprar uma, que eu sabia que tinha lá no Moreni (no intervalo do Grupão não se falava em outra coisa).
Nos tempos de hoje, onde um cantor pop gasta mais de 10 milhões de dólares só pra virar branco (e não tem sequer uma visão biónica, o pateta), e a realidade aparece na nossa frente com a mesma sutileza de dois 747 se chocando com o World Trade Center, muitos podem pensar que essa idéia de fantasiar um produto de maneira tão infantil não pega mais ninguém. Afinal, a molecada de hoje não é mais tão ingênua, certo?
Então corta para o ano 2002. Janeiro, pleno verão. Olhe pra TV e repare nos comerciais (propaganda é um termo que só pode ser usado para produtos da década de 70) de cerveja. Será que eles pensam que eu acredito que, no instante em que eu abrir uma Kaiser uma mulher gostosa automaticamente começará a se insinuar pra mim? Ou que tal cerveja é tão gostosa, mas tão gostosa, que ao bebê-la, eu terei a mesma sensação de estar bebendo, ou melhor, sorvendo todas aquelas mulheres lindas?
Imagine-se no bar que você costuma tomar uma cerveja. Alguma vez, por um acaso, entrou alguma mulher de biquíni com aquele corpo perfeito? Ou melhor, pode ser uma mulher daquela vestida, mesmo, uma vez que aqui a gente não tem praia - o que diminui consideravelmente essa chance. Já viu? (num bar de bebedores profissionais, dá pra ficar feliz se entrar mulher alguma, aliás...). Afinal, acreditar, mesmo que inconscientemente, que mulheres gostosas adoram caras que bebem cerveja, é tão infantil quanto acreditar que o Kichute te dá os cobiçados poderes do Homem Biónico.
Sei que todo produto deve ser associado a alguma imagem, toda propaganda funciona assim. Coloque a Luana Piovani de roupão, ao lado de um sinuoso vaso sanitário. É venda certa, o cara chega na loja, olha pro vaso e tem vontade de agarra-lo. Assim como criar analogias de um carro e suas características (arrancada, velocidade, potência do motor) com o sucesso sexual do homem. Já o cigarro, tem um pra cada tipo de pessoa. Fume Marlboro, seja livre como um cavalo selvagem. Pessoas de classe fumam Carlton, pois é um raro prazer. Hollywood então nem se fala, é um sucesso. E olha que todos têm alguma coisa em comum - não passam de tabaco enrolado no papel.
No fundo, acho muito legais essas coisas da publicidade. Vender seja lá o que for só pela conversa, ou pela imagem, pelos sentimentos que o "espírito" do produto desperta. O que não me conformo é com a falta de criatividade nas propagandas de cerveja. E como o público se vende tão barato, engolindo sempre as mesmas coisas. Tem tartaruguinha, cachorrinho, sirizinho, pinguinzinho, mas, claro, tem que ter uma mulher gostosa.
Sei lá. Pode ser que eu esteja exagerando, e que realmente beber cerveja atrai mulheres bonitas mesmo. Talvez o bafão, ou aquela barriga característica, vá saber. Mas seria legal alguém fazer uma propaganda de cerveja assim: beba Cerveja Krauz, fique ligeiramente (ou muito) alcoolizado, tendo que mijar a cada cinco minutos, fale uma obscenidade qualquer para a garçonete e ganhe um soco na sua grande barriga; chegando em casa, brigue com a patroa e vá dormir com o cachorro! Krauz, a cerveja sincera!

A SEMANA - 09/02/02

Renato Cambraia prefere Skol e escreve nesse espaço não se sabe ao certo por quê; alguns dizem que é devido somente ao seu corpo perfeito, outros, porque o salário é em dólares, outros dizem que é só porque ele joga tênis extraordinariamente bem. De qualquer forma, são todos uns mentirosos.
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