Usina de Letras
Usina de Letras
133 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62182 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22532)

Discursos (3238)

Ensaios - (10351)

Erótico (13567)

Frases (50584)

Humor (20028)

Infantil (5425)

Infanto Juvenil (4757)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140792)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6184)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->TREKKING -- 27/05/2000 - 10:28 (Sérgio Eduardo Sakall) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
“As cerejas que derrubaram o The Flash...”

Tenho 34 anos e acredito que o esporte mais radical que realizei em minha vida foi ter feito trekking sozinho, quase 1.000 quilômetros, no caminho de Santiago de Compostela, que cruza todo o norte da Espanha...
Comecei a andar no dia 01 de maio de 1998, numa pequena cidade no sul da França chamada Saint Jean de Pied de Port, no meio dos Montes Pirineus... Logo nos primeiros dias, conheci alguns brasileiros que se tornaram bons amigos hoje e, fui apelidado por eles de “The Flash”, pois todas as manhãs, desde cedo, andava muito rápido...
Depois de ter andado mais da metade do caminho, com um apetite sempre voraz, fui alertado por algumas pessoas quanto ao “pecado da gula”... Andava muito e consumia muita energia, a fome era-me latente, portanto abusava das iguarias espanholas...
Os meus pés e os meus ombros já haviam acostumado com as dores, o que me incomoda agora eram as pernas e os joelhos... Só a minha boca e o estômago, sempre em atividade, estavam salvos da dor... Cheguei em Sahagun, ainda pela manhã, conheci uma senhora brasileira que veio de Minas Gerais... Conversamos sentados em baixo duma árvore, ao som de sapos...
Mais tarde, no caminho, antes de chegarmos juntos na cidade de León, no dia 18 de maio, deparei-me com aquelas maravilhosas cerejas... Nunca havia visto cerejas frescas tão grandes, aliás, na minha opinião, esta que deveria ser entitulada a fruta do pecado... Estavam deliciosas e comi quase um quilo, enquanto minha amiga mineira deliciando-se apenas com algumas e, assustada com o que via, alertou-me sobre o exagero... Depois de deixarmos as mochilas no albergue, conhecemos a cidade e, como se eu não tivesse comido nada ainda, fomos almoçar...
Quando já era noite, de repente, comecei a sentir enjôo... Passado umas duas horas, o mal estar piorou... A meia noite, alquebrado com febre, transpirava, tremia, tinha suores frios, uma terrível cólica intestinal, diarréia e dor de cabeça...
Ao amanhecer, despedi-me da mineira, pois não tinha forças para andar... Passei dois dias aos cuidados duma francesa e duma freira, a base de chás, sem ingerir sequer um pedacinho de alimento sólido...
Desesperado por não poder continuar a minha caminhada e nem poder comer, tive um acesso de choro... Pensei que iria morrer de tão mal que estava... A freira disse-me: - “Não te preocupes”... Sorriu, acarinhou-me a cabeça e disse-me que assim que estivesse melhor, retomaria a caminhada...
Pensei: Será verdade? Devo ir ao médico? Fico aqui por mais alguns dias? Continuo a caminhar? Vou embora para Madri? Chamo alguém? O que é que eu faço?
Debilitado, levantei-me às 6 horas da manhã no dia 21 de maio... Afinal, comer muitas cerejas com agrotóxicos, sem lavá-las, quentes e beber muito água em seguida, causam uma fermentação e tanto... Porém, elas estavam tão boas...
Depois daqueles 3 dias, nos quais aconteceram muitos outros detalhes, continuei a andar... Jurando e acreditando que nunca mais comeria cerejas na vida... Não muito mais tarde, uma semana depois, deparei-me com uma plantação daqueles frutos “vermelhinhos” e, imaginem só, não resisti...
No dia 31 de maio, com a ajuda de São Tiago, terminei aquela “ladainha espanhola”, apelido carinhoso que utilizei para referir-me sobre o trekking que estava fazendo...
Enfim, apesar de toda aquela pressa no caminhar, de minha gula e das “benditas” cerejas; que fiz o trekking, lá isso fiz...
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui