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Artigos-->O risco de perder a voz e expressão* -- 19/02/2007 - 10:48 (Heleida Nobrega Metello) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos












(Eco, personagem da mitologia grega que se anulava diante de Narciso)









Eco era uma ninfa muito feliz, amante dos bosques e dos montes, além de ser a preferida da deusa Diana, pois sempre a acompanhava em suas caçadas. Mas, Eco possuía um grande defeito: falava demais. Falava tanto que acabou distraindo Juno, que procurava surpreender o marido num leito de traição. Indignada com Eco, Juno rogou-lhe uma praga terrível. Já que ela gostava tanto de falar, passaria a partir daquele momento a repetir simplesmente as últimas palavras que alguém lhe dirigisse. Assim, se alguém lhe dissesse ao final de uma conversa: afaste-se de mim. Ela repetia: afaste-se de mim...



Certo dia, Eco viu passar perto dela um jovem extremamente bonito e ficou perdidamente apaixonada por aquele príncipe chamado Narciso. Diante dele, Eco permaneceu muda. Somente conseguia repetir o que ele pronunciava. Por aí você já pode perceber a confusão que deu! Envergonhada com a cena, Eco refugiou-se nas montanhas e acabou por definhar-se. Emagreceu tanto, que perdeu todas as carnes do corpo. Dizem que até hoje quando alguém grita ao pé da montanha, Eco responde, pensando tratar-se de Narciso.



O castigo de Eco foi um dos mais cruéis que um mortal pôde receber: perder a expressão própria diante do outro. A anulação de uma pessoa é o primeiro passo para a depressão e a morte. Para alguns, a morte chega aos poucos e torna-se realidade à medida em que a alegria de viver desaparece. Muitas pessoas estão de pé, mas não posso garantir que estejam vivas.



Conheço uma centena de homens que se anulam diante da mulher amada. Não crescem profissionalmente, tornam-se inseguros e são incapazes de dar um passo sequer sem pedir autorização à sua "dona". Muitas mulheres, também se tornam "propriedade" do marido e só fazem aquilo que ele "deixa". Assumem para si o discurso e a vontade do outro. Compram aquilo que ele permite, vão somente em lugares que ele concorda. Às vezes deixam de ir até mesmo à Igreja para não "desagradar" ao seu Narciso. A morte de Eco não começou quando perdeu as carnes do corpo, mas quando perdeu a voz e a expressão.



O que há de mais bonito na pessoa humana é sua identidade pessoal e única. Em se tratando de ser humano, não existem no mundo dois exemplares idênticos. Mesmo quando há oito irmãos em uma família, todos são diferentes entre si. Deus não usou uma forma única para nos criar. Cada um tem uma identidade pessoal, inimitável. Nossas digitais são todas diferentes, a cor de nossos olhos é única, o timbre de nossa voz é marca pessoal. Deus não é autoritário. O ditador é que gosta de nivelamentos. Se ele pudesse, padronizaria seus seguidores como se fossem tijolos. Mas, a atitude mais apreciada pelo ditador é o uso da mordaça. Somente ele pode falar. As vozes das pessoas deve ser apenas um eco de seu próprio discurso.



Existe no mundo um número muito grande de "Ecos". Para que elas existam é preciso que haja muitos "Narcisos". O narciso é aquele que é apaixonado por si mesmo. Por isso não enxerga e nem considera os sentimentos dos outros. O futuro de Eco é a morte, assim como o de Narciso. Se ele só enxerga a si mesmo ela não consegue se enxergar. O ideal seria um ponto intermediário entre os dois. O equilíbrio entre Eco e Narciso parece ser fundamental para a saúde de nossos relacionamentos.







*fonte: http://virtualbooks.terra.com.br/padregabriel/A_mulher_de_Narciso.htm

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