Diz o dicionário: Meio ambiente é o conjunto de condições naturais e de influências que atuam sobre os organismos vivos e os seres humanos.
É inegável que o ar respirado faz parte das tais condições naturais que influem sobre os organismos. Quem enche o ar de fumaça altera a composição desse elemento necessário à vida.
No interior de São Paulo, quem faz muito disso, são as usinas de açúcar. Aliás, no interior do Brasil todo. E o pior não é isso, o pior é que essa forma de agressão é feita desde antes da chegada dos colonizadores ao Brasil.
Quem nunca ouviu falar na coivara? Pois é o tipo de “limpada no terreno” que os indígenas usavam para plantar milho e mandioca.
Acontece que os tempos mudaram. Hoje nossa sobrevivência neste planeta depende de ações inteligentes e sensatas. É por isso que corremos perigo. Quem explora o campo ateando fogo não demonstra nada além de cobiça irresponsável.
Existem grupamentos industriais que agregam até mais do que 17 usinas de açúcar. E você meu nobre leitor acha que eles se preocupam com seus problemas respiratórios? Você acha que o possuidor de tamanho congregado econômico se preocupa com o carvãozinho que desce do céu emporcalhando uma cidade inteira? Eles não estão nem aí!
Em Piracicaba um vereador levantou essa bandeira e foi à guerra. Perdeu o primeiro confronto, foi para a segunda refrega e encurralou as forças danosas. Elas se reorganizaram, reagruparam-se e pediram socorro ao judiciário que analisa a pendenga.
Segundo o Capitão Gomes, vereador em Piracicaba, a Cetesb é o órgão encarregado de fiscalizar o cumprimento da lei que proíbe as queimadas no município.
Quem conhece um pouco da história dessa urbe sabe muito bem que o embate entre o uso de músculos no corte da cana versus a utilização de maquinário colhedor é bem antigo. Em 1974, quando o poder político vigente aqui autorizou o desvio dos rios Atibaia e Jaguari, afluentes do rio Piracicaba, a quizila já a era bem estampada nas páginas dos jornais.
Os usineiros dizem que a topografia predominante no município não permite o uso de máquinas colheitadeiras. Estaria enganado quem afirmasse não terem os industriais o tal poderio econômico suficiente para comprar os tratores?
Enquanto isso, na vigência dessa dúvida cruel, o mundo vê seu clima completamente transformado. O aquecimento dos ares derrete as geleiras dos pólos. O volume dos mares aumenta e também a evaporação. Com mais nuvens as chuvas são mais freqüentes e abundantes. E qual é o resultado disso tudo? Enchentes, deslizamentos, soterramentos, desabamentos, morte e destruição. E tudo por causa da cobiça dos senhores insensatos.
É claro que quando se fala no corte da cana deve-se lembrar das mortes que ocorrem nos campos. Quantos foram mesmo, os cortadores que morreram nos campos da COSAN entre 2004 e 2005?