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Artigos-->O mapa da mente (Alucinações, Paranóias, Psicoses) -- 25/02/2007 - 12:25 (LUIZ ROBERTO TURATTI) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos






O mapa da mente



RICHARD BENTALL *




Pesquisadores começam a decifrar os sintomas das psicoses. Isso pode levar a tratamentos mais eficazes



UMA REVOLUÇÃO ENVOLVE MAIS DE 150 milhões de pessoas em todas as partes do globo. Pessoas marginalizadas e, freqüentemente, estigmatizadas. Trata-se dos milhões que sofrem das afecções devastadoras da esquizofrenia e do transtorno bipolar.



Durante muitos anos houve poucas vozes dedicadas a essa causa. Pacientes em condições de argumentar, seus familiares, grupos de apoio e alguns poucos médicos. Hoje, os portadores de esquizofrenia e transtorno bipolar são defendidos por vários pesquisadores no Reino Unido, nos Estados Unidos e em outras partes do mundo. Esses pesquisadores estão desenvolvendo uma abordagem radicalmente nova para compreender e tratar essas doenças. O movimento desafia algumas suposições correntes sobre o assunto e abre caminho para novos tratamentos.



Para a maioria dos psiquiatras, esquizofrenia e transtorno bipolar são as doenças mentais mais sérias que existem. São classificadas como distúrbios psicóticos, ou psicoses, e parecem indicar uma forte ruptura com a realidade. Durante os episódios agudos, os pacientes experimentam delírios (“O governo está tentando me matar”) ou mania de grandeza (“Eu fui o único inventor do helicóptero e da torradeira elétrica”). Algumas das vítimas também têm alucinações. Geralmente, vozes que criticam ou dão ordens. A principal diferença entre as duas condições é a aparente ausência de emoções na esquizofrenia, e a emotividade extrema dos pacientes bipolares, que parecem pular do estado depressivo para a euforia como uma bola de pingue-pongue.



Durante mais de um século, estudiosos do assunto tentaram descrever com exatidão as causas dessas doenças. Idéias novas a respeito eram muitas vezes estimuladas pela descoberta acidental de drogas que pareciam ajudar. Eram antipsicóticos para esquizofrenia. Ou estabilizadores do humor para o transtorno bipolar. O progresso tem sido lento, e muitas teorias foram contestadas logo depois de formuladas.



Cerca de 10% da população do Ocidente tem alguma experiência de alucinação auditiva ao longo da vida



Um dos maiores obstáculos ao progresso é a idéia de que essas doenças são categorias distintas. Isso remonta ao século XIX, principalmente devido à obra do psiquiatra alemão Emil Kraepelin, que acreditava que pacientes com esquizofrenia sofriam de uma condição degenerativa que jamais melhoraria. Pacientes com transtorno bipolar, segundo essa concepção, teriam mais chance de melhora. No entanto, análises estatísticas demonstram que os sintomas não se agrupam do modo como Kraepelin imaginava. Assim que a esquizofrenia e o transtorno bipolar tiveram ampla aceitação como diagnóstico, evidenciou-se que muitos pacientes apresentavam ambos os tipos de sintomas.



Estudos mais recentes efetuados por geneticistas moleculares reforçaram o crescente consenso de que esquizofrenia e transtorno bipolar são afecções que, parcialmente, se sobrepõem uma à outra. Não foram encontrados genes ou agrupamentos de genes para qualquer uma das duas doenças. Na melhor das hipóteses seria possível dizer que defeitos nas atuações de alguns genes parecem aumentar levemente o risco de se sofrer de sintomas associados a essas duas afecções.



Um outro desafio é que a linha divisória entre psicose e funcionamento normal tem se tornado cada vez mais vaga. Uma descoberta surpreendente é que sintomas psicóticos aparecem em um número muito maior de pessoas do que se imaginava. Estudos ocidentais revelam que cerca de 10% da população já passou por alucinações auditivas em algum momento da vida. Isso faz sentido se houver um espectro que vá da psicose à normalidade, sem uma linha divisória claramente definida entre os estados “normal” e “doente”. De forma otimista, esse fato também poderia sugerir que muitas pessoas lidam com sintomas psicóticos sem procurar ajuda médica.



Por causa dessas dificuldades, os psicólogos agora estudam sintomas específicos, e não supostas “doenças”. Uma grande parte das pesquisas sobre alucinações auditivas, por exemplo, estabelece uma ligação entre elas e a fala interna, ou o pensamento verbal. Crianças aprendem a pensar em palavras, falando em voz alta consigo mesmas. Na idade adulta, persiste um eco neuromuscular dissimulado como ativação elétrica dos músculos da fala durante o pensar. É a chamada subvocalização. O pesquisador Philip McGuire, do Instituto de Psiquiatria de Londres, demonstrou, com exames de imagens do cérebro, que os pacientes subvocalizam enquanto têm alucinações auditivas. Isso sugere que não conseguem distinguir entre seus pensamentos e estímulos externos. Ainda que ninguém compreenda as causas, existem evidências de algum trauma envolvido. Estudos sugerem que haveria um alto índice de abusos sexuais em pacientes que ouvem vozes.



Quanto aos delírios, psicólogos cognitivos tentaram identificar processos de raciocínio anormais que pudessem levar a inferências falsas sobre o mundo. Delírios paranóicos (de perseguição) foram estudados com muita atenção. Há evidências de que foram precedidos por experiências de perseguições reais que podem ter levado a uma hipersensibilidade a estímulos ameaçadores.



Também existem evidências de dificuldades básicas cognitivas. A pesquisadora Philippa Garety, do Instituto de Psiquiatria de Londres, mostrou dois jarros aos pacientes. Um tinha contas brancas misturadas a umas poucas vermelhas. O outro tinha a combinação oposta. Depois, foi mostrada aos pacientes uma seqüência de contas, sem que soubessem de que jarro vieram. Aqueles com delírios paranóicos tendem a tirar conclusões precipitadas. Eles arriscaram um palpite (muitas vezes errados) com maior rapidez do que os pacientes sem delírios.



Essa pesquisa é promissora. Estamos realmente começando a distinguir sintomas. Com isso, tratamentos psicológicos para pessoas que sofrem de psicoses passam a ser uma possibilidade real. Por outro lado, as formas antigas de ver essas doenças terão de mudar.



* Richar Bentall é pesquisador

da Universidade de Manchester, na Inglaterra.

Copyright
New Scientist







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Fonte: Revista ÉPOCA n.º 458, SAÚDE & BEM ESTAR: PSICOLOGIA, 26/02/2007, páginas 70 e 71.









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“Fora da VERDADE não existe CARIDADE nem, muito menos, SALVAÇÃO!”



LUIZ ROBERTO TURATTI.







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