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Artigos-->VAMOS AO TEATRO? UM PASSEIO PELOS ANTIGOS TEATROS DO RECIFE -- 01/03/2007 - 11:15 (Wilson Vilar Sampaio) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
VAMOS AO TEATRO?

Por José Wilson Vilar Sampaio Jr.

- Pesquisador e sócio do Instituto Histórico de Olinda-PE -



O 1º teatro de Pernambuco foi ao ar livre, pelas ruas antigas da Olinda Duartina, quando o donatário da capitania de Pernambuco era o olindense Jorge de Albuquerque Coelho, filho de Duarte Coelho Pereira e herói sobrevivente da batalha de Alcácer-Quibir, na qual morreu o Rei de Portugal D. Sebastião, após fragorosa derrota no Marrocos.

A peça encenada foi o auto religioso “Lázaro Rico e Lázaro Pobre”, isto no último quartel do século XVI.



Os pernambucanos daquela época, descendentes da “ boa gente” trazida por Duarte Coelho, que veio disposto a fazer da Nova Lusitânia o seu lar, realmente se diferenciava da “ escória” enviada pelos outros donatários para colonização do Brasil, como bem diz Oliveira Lima no livro “Pernambuco- seu Desenvolvimento Histórico- pág. 09”.



Assim, nada mais lógico que esses portugueses fidalgos ou educados e letrados gostassem de música, teatro e literatura. Algumas peças – notadamente as de cunho religioso – eram encenadas ao ar livre até que em 1722 , foi construída no Recife a “ Casa das Óperas”, que ficava na Rua da Cadeia Nova, depois Rua 15 de novembro e hoje, Rua do Imperador D. Pedro II.



A Casa das Óperas, que foi depois batizada de Teatro São Francisco, em alusão ao convento dos franciscanos situado na mesma rua do Imperador ainda hoje, realizava bons espetáculos teatrais, a exemplo de oratórios e óperas-sacras como o “ Martírio dos Macabeus “.



Na sua fase de declínio, quando o Teatro São Francisco já não mais possuía aquele brilho de outrora, apresentando peças e comédias de baixo nível, foi apelidado pelo povo de Capoeira, “denominação que vinha de tempos anteriores, pela má perspectiva do edifício e asseio”, no dizer de Pereira da Costa” Anais Pernambucanos”, volume VII, p. 134.



O teatro São Francisco realmente havia sido palco de bons espetáculos até que – num prenúncio do declínio e já chamado pejorativamente de “ Capoeira” - começou a apresentar “ peças profanas com dançarinas de pernas de fora”, ou como disse o cronista da época: “ com frouxidão das luzes das candeias de azeite”, acarretando em 1826 o protesto formal do Bispo contra os tipos de peças apresentadas e contra o escurinho do teatro, pois os casais se abraçavam e trocavam carícias mesmo quando eram encenados oratórios!



O protesto do Bispo redundou na criação de uma “ Censura Teatral “, possivelmente o 1º órgão oficial criado com o objetivo de coibir cenas ou espetáculos inteiros que não se enquadrasse nos conceitos sócio-religiosos da época.



A peça que escandalizou o Bispo foi “ A Parteira Anatômica”, conforme diz Mário Sette, na sua obra “ Arruar”, p. 193-.



O teatro São Francisco era sem sombra de dúvida, naquela época, o Teatro oficial de Pernambuco. O Governador-General Luís do Rego Barreto, que foi expulso de Pernambuco quando da Convenção de Beberibe em 1821, o freqüentava regularmente, apreciando os espetáculos encenados.



Desacreditada e sem prestígio, a antiga Casa das Óperas, já teatro São Francisco ou Capoeira, teve de fechar suas portas até que em 1827, o português Francisco de Freitas Camboa soergueu-a .



Começa então a 2ª fase do Teatro São Francisco que tendo como diretor o português Camboa, começou a apresentar, além dos oratórios montados na Quaresma( e que tanto agradava o clero e as famílias mais tradicionais), espetáculos “ profanos”, baseados em histórias populares e encenadas com atores experientes e amadores, que ele convocava entre as pessoas “ dispostas a tomarem parte no elenco, dedicando-se a esta sublime arte” – Mário Sette, opus cit, p. 193-



Talvez o “ Teatro São Francisco “ tenha sido a 1ª escola de Teatro Amador do país, apresentando peças que fizeram sucesso, tais como: “Barca de Vapor”; “O Desembarque de Maria II”; e a “Coroação de Felipe VI”. Encenou ainda às seguintes óperas: “O Barbeiro de Servilha”; “Ana Bolena”; “Elixir do Amor”; “L`Italiana in Alger” e “ Figlia do Regimento” com destaque para o Tenor Carlos Ricco.



O Teatro São Francisco funcionou até 1850, ano em que foi demolido.



Mesmo com a demolição do Teatro São Francisco, antes apelidado de “ Capoeira” e inicialmente inaugurado com o nome “Casa de Óperas” , o Recife contava ainda com outros teatros, profissionais ou amadores, como veremos abaixo:



Ano de 1840- Instalação do Teatro “ O Apolo” com 216 lugares, pela Sociedade Harmônico-Teatral, fundada em 23/06/1833 por Antônio José de Miranda Falcão, José Joaquim dos Reis e Antônio José da Silva Magalhães. Ficava na rua que tomou sua denominação, Rua do Apolo(depois rua Visconde de Itaparica e novamente do Apolo) e funcionou até 1863/1864 quando fechou definitivamente suas portas e virou armazém de açúcar até que foi restaurado em 12/05/1982, pela Prefeitura Municipal do Recife, e hoje(graças aos céus) está em plena atividade no mesmo lugar de antigamente.

Segundo Mário Sette, in Arruar, p. 196, o 1º espetáculo do Teatro Apolo aconteceu em 01/12/1846(ou 19/12/1846?) e a peça encenada foi “ O Mouro de Ormuz “.



A Sociedade Harmônico-Teatral muda o nome para Sociedade “ PHILO -THALIA” e tinha por finalidade exclusiva a representação dramática. O Diário de Pernambuco de 02/11/1879 publicava o anúncio de uma certa Sociedade THALIA oferecendo alugar suas instalações e a casa onde funcionava a outra sociedade dramática ou pastoril. É provável que seja a mesma PHILO-THALIA do teatro Apolo, pois esta, em 1864, vendeu em leilão o que restou dos seus móveis, os quais eram: sofás, cadeiras de jacarandá e de couro, estantes de música e estrados para orquestra, alguns lustres e arandelas(braço colocados na parede para fixar vela ou candeeiro), faltando desfazer-se do prédio.



Ano 1845- “ Teatro Philo-Dramático “, onde foi representada a peça “ O Ato Terzo “ da ópera de Donizetti, tendo o cantor lírico Torquato Tasso feito muito sucesso. Este teatro era amador.



Ano 1848- Foi inaugurado em 03/09/1848 o “Teatro da Rua da Praia”, rua onde ficava a sede do Jornal “ Diário Novo” iniciador da campanha que redundou na deflagração da “Revolução Praieira de 1848/1849” . Era dirigido pelo artista pernambucano Pedro Batista de Santa Rosa, que encenou o drama “ O Proscrito”, além de outras comédias.



Ano 1850- Fundada a “Sociedade Natalense”, cuja finalidade era festejar a data natalícia de Jesus por meio de representações teatrais.



Ainda em 1850- É inaugurado em 18/05/1850 o Teatro Santa Isabel, projeto do engenheiro francês Luis Vauthier. Na inauguração foi encenada a peça “ O Pajem de Aljubarrota “, em 5 atos. Funcionou até 19/09/1869, quando foi destruído por um incêndio.



Interessante lembrar que cinco anos antes do incêndio de 1869, o Santa Isabel quase pegava fogo e o ator e músico Luís Cândido Furtado Coelho, que trabalhava na Empresa Coimbra, chegou a ser envolvido, mas nada ficou provado contra o mesmo, que inclusive sempre protestou em altos brados sua inocência, chegando mesmo a defender-se publicamente pela imprensa. O fato é que neste incêndio de 1869, o ator estava longe do Recife. E Furtado Coelho devia ser mesmo inocente porque além de continuar trabalhando para a Empresa Coimbra, era um profissional do teatro e jamais iria prejudicar justamente um dos maiores palcos de espetáculos do Brasil.



Aliás, segundo o Jornal do Recife, o incêndio foi provocado por um “ aparelho elétrico “ utilizado para fazer “ efeitos infernais” durante a apresentação da ópera “ Fausto “ pela Companhia Lírica do empresário Almat. Posteriormente um jornal francês explicou que o tal “ aparelho elétrico” era apenas uma caixa metálica contendo magnésio para os efeitos luminosos e foi guardado ainda cheio no camarim de um dos artistas.

Sucede que o sol matinal penetrando pelas vidraças do camarim, esquentou o magnésio que explodiu e causou o incêndio que destruiu o Santa Isabel.



O Estado cuidou de reconstruir o teatro, embora as obras tenham começado mui tardiamente. Todavia, no local um pouco mais afastado da reconstrução, foi edificado um barracão para servir de teatro improvisado, sob o nome de “ Pavilhão Santa Isabel “, depois chamado “ Ginásio Dramático “ e finalmente “ Fênix Dramática” (alusão ao pássaro Fênix que renasce das próprias cinzas).

O Pavilhão serviu de palco para muitas companhias teatrais e realizava também Bailes Comemorativos. Funcionou até o Teatro Santa Isabel finalmente ficar pronto, em 16/12/1876.



Ano 1851- Foram instaladas duas associações voltadas para o teatro: “ Sociedade Teatral Recreio e Instrução “ e “ Nova Pastoril” , cujos objetivos eram “ Conservar a estabilidade moral e da instrução por meio de representações dramáticas”.- Pereira da Costa, Anais..v. VII, p. 135.



Ano 1869/1870- É inaugurado o Teatro Santo Antônio, que funcionava na Rua das Florentinas e era especializado no gênero “ Brejeiro”, mas também recebia grupos clássicos, apresentando dramas e óperas. Pertencia ao artista Antônio José Duarte Coimbra.



O interessante desse teatro é que havia uma empresa chamada “ Vicente e Baía” que trabalhava no sentido de contratar espetáculos para apresentação, tendo à frente da empresa o ator Xisto Baía e o maestro Colás. Bons espetáculos foram encenados no teatro Santo Antônio, com destaque para os seguintes: “ Haltelã”; “Làmour d`épicier; “Je ne peux pás mettre la main dessous”, de companhias francesas , enquanto a “ Grande Cia. Italiana” do Cav. Luigi Boldrine, apresentou os dramas “ Morte Civil”, “ Francesca de Rimini”, “ Norma”, “ Torre de Londres” e “ Dois Sargentos”.



Vários fatos dignos de nota – por expressar além da caridade, um forte sentimento de pernambucanidade do proprietário do teatro Santo Antônio, o Sr Coimbra - merecem ser aqui consignados: Em 27/09/1875, foi feita uma apresentação em benefício da atriz Eugênia Infante da Câmara, por quem Castro Alves havia se apaixonado 12 anos antes quando a atriz veio apresentar no Santa Isabel, com a empresa A . J. Duarte Coimbra, o drama de quatro atos e seis quadros “ Dalila “ do autor Octave Feuillet, música de Luís Cândido Furtado Coelho( ex-marido de Eugênia Câmara). Eugênia fazia o papel da princesa Falconiere” e deixou Castro Alves “perdidamente apaixonado” por ela, tanto que recitou de improviso um poema em seu louvor, em pleno teatro Santa Isabel. As Peças encenadas foram “ A Condessa de Sennecy” e o dueto “ O Estudante e a Lavadeira”. O soneto foi recitado em “ cena aberta” e era assim:

Artista, tua voz é a melodia

De Sorrento nas veigas perfumosas;

É teu riso o esfolhar de brancas rosas,

Voar do cisne errante da poesia!



Quando gemes, o arcanjo da harmonia

Colhe em teus lábios flores odorosas,

E do teu pranto as gotas preciosas

São estrelas de luz n`alva do dia.



A Camélia esfolhada sobre o dorso

Do mar da vida, em ondas de sarcasmo,

A Hebréia, condenada sem remorso...



Tudo sublimas, tudo. E eu digo em pasmo:

“ Gênio, gênio... inda mais... sublime esforço

Das mãos de Deus no ardor do entusiasmo “.



Em 1878, o drama “ O Grilheta” foi igualmente encenado com o intuito beneficente, pois toda a renda seria (e efetivamente foi) destinada à viúva do Capitão Pedro Ivo Veloso da Silveira, herói da Revolução Praieira. E ainda nesse ano, o Diário de Pernambuco de 18/05, informava a apresentação de um espetáculo para angariar fundos destinados à construção de um monumento ao Des. Joaquim Nunes Machado, um dos líderes da Praieira morto no combate da rua da Soledade, em 02 de fevereiro de 1849.



O teatro Santo Antônio fechou em 1879, quando o Santa Isabel, re-inaugurado em 1876 e fazendo inveja ao país por sua beleza e modernidade, já voltara a funcionar normalmente. Mas o laborioso ator e empresário Antônio José Duarte Coimbra obteve por despacho administrativo do Presidente da Província o arrendamento ou concessão para administrar e dirigir o Santa Isabel por dois anos, desenvolvendo um grande trabalho.(Diário de Pernambuco, 19/02/1879)



Ano 1869- Provavelmente entre fins de 1869 e início de 1870 foi inaugurado no bairro da Boa Vista o “ Teatro dos Coelhos” , que apresentava dramas populares bem encenados, geralmente com artistas locais desempenhando os papéis de destaque ou, quando vinham artistas de fora, complementando o elenco. Entre os muitos espetáculos encenados, destacamos o drama “ A Noiva do Bandido “ e a comédia “ Os Dois Infernos”, conforme o Diário de Pernambuco de 29/05/1878.



Ano 1876- É re-inaugurado o teatro Santa Isabel, em dezesseis de dezembro e contou com uma programação esmerada. A estréia aconteceu com a Grande Companhia Lírica Tomás Passini apresentando “ O Baile de Máscaras”. No dia anterior – dia 15 – foram testados palco, iluminação, acomodação da orquestra, acústica, as poltronas na platéia e nos camarotes, torrinhas, cenários e tudo funcionou a contento. Finalmente, no dia 16/12/1876, às 8:00, deu-se a inauguração com a gala esperada, que contou com a presença do Sr. Presidente da Província de Pernambuco.



Em fins do século XIX um novo teatro é inaugurado na Rua das Florentinas: O teatro “ Nova Hamburgo” que pertencia a uma cervejaria e fazia o gênero “ Café-Cantante”, apresentando também declamação e canto. Seu forte era o dueto e a dança, exibindo com sucesso – para escândalo da época – o “ Cancãn” com as bailarinas mostrando as pernas e os calções.

Muitas famílias protestavam contra os espetáculos, porém nossos bisavôs bem que encontravam um jeitinho de driblar a vigilância familiar e assistir alguns espetáculos na Nova Hamburgo...





II- TEATROS DE SUBÚRBIO.



Inúmeros os “ teatrinhos” existentes nos subúrbios. Geralmente eram ligados às Paróquias ou Igrejas católicas que gostavam de encenar peças sacras alusivas às festividades religiosas. Muitos de vocês lembram do “teatrinho do padre fulano” ou do teatro do Colégio dos padres ou das freiras.

O mais antigo – cremos – era o teatro do Padre Virgínio Rodrigues Campelo, que em 1830 funcionava no Engenho Brum, no bairro da Várzea, encenando Pastoril. Mas também existiam teatros que, embora apresentassem peças sacras, davam mais ênfase à arte cênica priorizando a dramaturgia profana, era este o caso do teatro da “ Encruzilhada”, fundado pela Sociedade Particular “ Recreio Dramático” que apresentou entre 1877 e 1878 vários dramas, tais como “ “ Fatalidade” e “ As Vítimas do Conde de São Paulo” e ainda comédias, destacando-se “ Doidos Políticos” e “ Por causa de um Clarinete” todos encenados pela Recreio Dramático( DP 09/11/1878 e DP 13/12/1878).



Havia também funcionando nos mesmos moldes do teatro do bairro da Encruzilhada, outros teatros de bairro, tais como o da “ Capunga “, de “ Afogados”, o “Teatro Chalé” que ficava no bairro de Caxangá, e teatro do “ Monteiro, inaugurado com o nome de “ Ginásio Dramático do Monteiro” e pertencia ao empresário Giovanni”. Mário Sette conta que uma troupe da francesa em passagem pelo Recife ficou “ por alguns meses” fazendo apresentações no Ginásio Dramático(in Arruar, p. 197).



O bairro da Torre também tinha o seu teatro, fundado pela Sociedade Distração Dramática da Torre, que em 24/11/1905(DP) apresentou o drama “ Cora, a Filha de Agar “ e a comédia “ Antitesis “ de autoria do dr. Ricardo da Silva.



Em Casa Amarela, o teatrinho do Arraial apresentava o drama “ O Tio Padre”, conforme DP 13/10/1903, e no bairro da Iputinga, o teatrinho pertencente à Sociedade Dramática 11 de Setembro, apresentava um espetáculo beneficente(DP 06/01/1905).



O DP de 20/05/1880 traz uma notícia sobre o 3º aniversário da Sociedade Dramática Recreio Juvenil, que iria comemorar apresentando no teatro da rua do Capibaribe o drama “ Glória ao Trabalho”, a comédia “ Quem Procura Acha” e a cena cômica “ Xico Frescala ou o Marinheiro do Brigue Amizade”.



Em 18/10/1868 foi inaugurado no Poço da Panela, o mais importante teatro de subúrbio: chamava-se “ Ginásio Campestre” e ficava no sítio do Coronel Lobo” . Tinha 24 camarotes, 300 cadeiras e 144 gerais. Na inauguração foi encenada a comédia “ Giralda” , peça do Sr. Scribe em três atos, com música do Maestro Colás. Dizem que o Presidente da Província, o Conde de Baipendi compareceu para assistir a inauguração desse importante teatro recifense.



Em Olinda constatamos também sociedades dramáticas atuantes e acontecimentos teatrais a parte daqueles teatrinhos religiosos pertencentes às Paróquias ou Instituições educacionais: Em 1838, os estudantes do curso jurídico de Olinda fundam uma “ Associação Dramática “ e inauguram um teatro na casa que servira de cavalariça do Regimento de Artilharia da cidade.



E, em 1879, encontramos no Diário de Pernambuco(seção “ há 125 anos” -07/06/1879) notícia da atuação de uma certa “ Sociedade Recreio Dramático Olindense levando aos seus palcos uma tragédia em 5 atos escrita por Domingos José Gonçalves de Magalhães (Visconde de Araguaia) cujo título era “ Antônio José ou o Poeta e a Inquisição”, apresentando ainda a comédia “ O Marido da Vítima das Modas” “.

O mesmo Diário de Pernambuco de 27/09/79 informa a encenação do drama “ O Negociante Honesto ou o Caixeiro Ladrão” pela referida Sociedade.



Havia ainda em Olinda a “ Sociedade Dramática Melpômene Olindense” que apresentou, entre outros, o drama “ Jorge Aguilar “ e a comédia “ Deus os Fez, Deus os Juntou”, devidamente noticiada pelo Diário de Pernambuco de 30/11/1880.





III- CINES-TEATRO.



No início do século XX o Recife assistiu a inauguração de vários “ Cines-Teatro” construídos para exibir filmes( a grande novidade) e encenar peças teatrais. Um dos pioneiros foi o “Theatroscópio” da Rua Rosa e Silva (atual rua da Imperatriz), apresentando “ com vistas animadas e fixas, Santos Dumont e seu dirigível”. E na semana santa exibia a “ Paixão de Christo com 11 scenas tiradas de quadros de pintores célebres”.



Depois vieram os cines-teatro Pathé e Royal, na Rua nova, lado a lado, atraindo os recifenses para exibições cinematográficas e peças de drama e comédia.



Em 1910 foi inaugurado o cine-teatro Helvética, que funcionava anexo à fábrica de bombons do mesmo nome, na rua da Imperatriz. Segundo Mário Sette, a Helvética foi a “ Nova Hamburgo” do século XX. Tinha luz elétrica, a orquestra do Maestro Ribas e piadas modernas, pilheriando com políticos e fazendeiros. Apresentava – para escândalo das famílias – começo de nu feminino nas comédias e recebia também, mediante contrato, Companhias de Teatro para encenação de peças. O ator, autor e empresário teatral José do Rego Barreto ou Barreto Júnior, começou sua carreira profissional no Helvética, em 1923, fazendo o papel de um ladrão de galinha, na Revista Musical “ Eu vi “ , encenada pela Companhia de Leonardo Siqueira.



Mais dois teatros são inaugurados em 1915: O “ Moderno “ apresentando uma Companhia Lírica e o “ Parque” exibindo uma ópera. Só alguns anos depois eles seriam adaptados para também exibirem filmes.



Abro aqui um parêntesis para citar o cinema “ POLITHEAMA” o velho “Polipulga” dos meus tempos de criança, lá no bairro da Boa vista. Ficava na rua Barão de São Borja e cito-o neste ensaio para registrar que aos domingos, pela manhã, servia de palco para o programa infantil “Clube do Papai Noel” transmitido pela Rádio Tamandaré entre 1952 e 1955. O programa foi idealizado pelo jornalista Hélio Peixoto, que veio logo a falecer e foi substituído por Fernando Maranhão, filho do radialista Luiz Maranhão. Tinha palhaços, brincadeiras, distribuição de prêmios, atrações musicais e calouros mirins. Era patrocinado pela Renda Priori, Casa do Atleta e Rasima.



Como vêem, a vida artística do Recife era – naquela época – bastante movimentada. A cidade do Recife, centro cultural do norte-nordeste e um dos maiores do país recebia a visita das grandes companhias italianas e francesas. Encenava peças de grandes autores. Apresentava óperas e duetos. E hoje? Se não fosse a dedicação de um Valdemar de Oliveira(com o TAP), de um Barreto Júnior(com seus teatros Marrocos e Almare), de um Hermilo Borba Filho, de um Samuel Campelo, insistindo cada um ao seu modo em manter acesa a chama da arte dramática, lá pelos anos 40/70 do século que passou, o Recife seria apenas uma fonte de referência para os estudiosos, ao invés de ser ainda lembrado(embora como uma discreta sombra de um passado artístico atuante) pelos seus pioneirismos no campo teatral.



BIBLIOGRAFIA:

DP- Diário de Pernambuco- “ O Diário na História “ – diversos;

Confidencial Econômico do Nordeste- “ O Velho Apolo Volta à Cena” – nº 5, v. 13- pág. 35;

Alexandre Figueirôa- “ Barreto Júnior” – O Rei da Chanchada “-Ed. 2002- pág. 21/22

Fabiane Lucena “ A Produção de Programas Infantis no Estado de PE- rel. pesquisa UFPE-1993

Mário Sette-“ARRUAR” –História Pitoresca do Recife Antigo- Edição de 1978, páginas 189/210;

Oliveira Lima-“ Pernambuco” Seu Desenvolvimento Histórico- Ed. Pág. 09

Pereira da Costa- “ANAIS PERNAMBUCANOS” – Ed. 1983-vol. VII, páginas 128/136







Comentarios

Leidson Ferraz  - 31/12/2020

Maravilha de pesquisa! E que venham mais compartilhamentos como este.

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