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Artigos-->Fundo Monetário Internacional e o Brasil -- 06/03/2007 - 09:34 (edson pereira bueno leal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL E O BRASIL



1.CONFERÊNCIA DE BRETTON WOODS:

Com a perspectiva de término da 2. Guerra Mundial, realizou-se em julho de 1944, na cidade de Bretton Woods nos EUA, a Conferência Monetária e Financeira Internacional das Nações Unidas e Associadas. O Objetivo principal da conferência era a definição da estrutura internacional de comércio e finanças a vigorar no pós-guerra. O sistema implantado baseou-se na supremacia dos EUA e levou à criação de três organismos internacionais e à eleição do dólar como moeda padrão internacional, garantindo o Banco Central a paridade fica de US$ 35 por onça troy de ouro.

Os organismos eram : a) Sistema Monetário de Bretton Woods, com o Fundo Monetário Internacional FMI como instrumento operacional e de controle; b) Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento BIRD ou Banco Mundial, destinado a prover recursos a baixo custo, para financiar projetos de reconstrução do pós-guerra ou de desenvolvimento dos países subdesenvolvidos; c) Organização Internacional do Comércio que não saiu inicialmente do papel e foi substituída em 1947 pelo GATT - Acordo Geral Sobre Tarifas e Comércio e que recentemente foi instituída .

O economista Joseph Stiglitz assinala que o FMI foi criado sob a liderança intelectual de John Maynard Keynes que justamente defendia o déficit fiscal como forma de impulsionar o desenvolvimento econômico . Segundo ele , o FMI acabou sendo controlado justamente pela escola oposta , relacionada ao mercado financeiro e cujos defensores acreditavam que o mais importante era a responsabilidade fiscal e a redução do déficit , daí a ênfase do FMI no pagamento das dívidas , e não no reforço nos fundamentos da economia dos países .

Ao longo da década de 60, os Estados Unidos investiram bilhões de dólares no exterior em capital de risco e na guerra do Vietnã onde fora gastos mais de US$200 bilhões. O balanço de pagamentos americano, em conseqüência passou a apresentar seguidos déficits. O Gal De Gaulle, presidente francês, em razão do excesso de dólares, começou a trocar a moeda americana por ouro, conforme tinha direito pelo acordo de Bretton Woods. Desta forma os estoques americanos de ouro, em Fort Konx começaram a diminuir de nível.

Em agosto de 1971, o presidente Nixon, ciente da impossibilidade de converter todo o volume de dólares emitido pelos americanos em ouro, determinou o fim da conversibilidade e da paridade fixa do dólar em ouro, tornando-o flutuante em relação às outras moedas.

“Após a medida de Nixon, ficaram retidas na Europa e Ásia 80 bilhões de dólares... O que fazer com este dinheiro foi a questão levantada pelos banqueiros. John Walls, um pesquisador da universidade inglesa de Cambridge, preocupou-se com o assunto e , em um de seus trabalhos, resumiu as soluções encontradas: 1) Buscar novos ‘tomadores’( de empréstimos) na periferia do mundo industrial; 2) aumentar o volume dos empréstimos de médio e longo prazos e ; 3) diminuir a taxa de juros, devido ao excesso de fundos disponíveis e à concorrência entre as instituições financeiras. Com isso beneficiou-se a política brasileira de captação de recursos externos. Mas se era fácil para o Brasil conseguir empréstimos, países como o Gabão, Peru, Venezuela, Dubai, Argélia, Coréia do Sul, Filipinas, etc também conseguiram seus créditos, com facilidade. Até mesmo Cuba, marginalizada nos negócios do mundo capitalista, levou a sua parte deste bolo gigantesco: obteve um financiamento de 40 milhões de marcos. Aproveitando-se desse excesso de dólares no mundo, o Brasil lançou títulos do Tesouro na Europa e no Japão, títulos esses que foram rápidamente absorvidos pelo mercado. Uma prova da ‘eficiência’ da política econômica brasileira? Pouco provável, pois o Senegal e a Costa do Marfim também o fizeram com êxito” (Maranhão, Aluízio; Revista Vozes, n. 05 , ano 71, junho de 1977 , p. 7-8). Foi justamente neste período que os chamados tigres asiáticos, financiados por capital externo iniciaram juntamente com o Brasil uma arrancada decisiva em seu processo de industrialização e o resultado após 30 anos é substancialmente diferente com desvantagem óbvia para o Brasil.

FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL FMI

De 1870 a 1914 vigorou no mundo o padrão ouro . Com a Conferência de Bretton Woods foi criado em 1944 o FMI Fundo Monetário Internacional , com o objetivo de zelar pela estabilidade financeira e cambial dos países membros . Com o final da Segunda Guerra Mundial adotou-se o padrão ouro dólar como moeda internacional . . Em 1948 foi criado o GATT e teve início o Plano Marshall . Problemas cambiais ocorreram durante a década de 40 e 50 e em 1961 apareceram os primeiros sinais de fraqueza do dólar e acima do FMI formou-se o G-10 e o “Pool do ouro” para sustentar a estabilidade cambial . Em 1965 o General de Gaulle , presidente da França levanta suspeitas quanto á conversibilidade do dólar em ouro .Em 1971 o presidente americano Richard Nixon decreta o fim do padrão Ouro Dólar ., acabando com a conversibilidade do dólar em ouro ,

A partir deste fato cresceram as responsabilidades do FMI na resolução de crises cambiais no mundo inteiro . O FMI passou a prestar socorro aos países sócios com graves problemas no balanço de pagamentos .

As políticas do FMI foram definidas pelos seus principais membros . Os dez sócios mais importantes , Grupo dos Dez , ou Clube de Paris tinham a maioria do capital votante , controlando a instituição : EUA , Canadá , Alemanha Ocidental , Inglaterra , Japão , França , Itália , Bélgica , Holanda e Suécia . Somente os EUA detinham 25% do capital do fundo .

Portanto os critérios de ajuste foram definidos segundo padrões das grandes nações do mundo capitalista . O FMI para emprestar recursos passou a exigir um rigoroso programa de recuperação da economia, monitorado pelos seus técnicos o que passou a gerar forte oposição nos países assistidos , sob o argumento de intervenção na soberania nacional por técnicos estrangeiros.

O BRASIL E O FMI

A dívida externa brasileira nasceu juntamente com a independência . Atravessou toda a Monarquia e acompanhou o surgimento da República. Logo nos primeiros anos sua dimensão exigiu o famoso “Funding Loan” no governo de Campos Sales .

Porém até a década de 1920 o Brasil era um país predominantemente agrícola e as questões de dívida estavam ligadas a operações na agricultura , destacando-se o financiamento da aquisição dos estoques de café após o Convênio de Taubaté em 1906 .

Com a industrialização iniciada com maior intensidade na ditadura Vargas , aumenta a inserção do país no contexto internacional . Porém será apenas no governo Juscelino Kubitschek é que terá início uma política oficial de industrialização acelerada , os chamados “50 anos em 5” . Para alcançar esta meta , Juscelino estimulou fortemente o ingresso de empresas multinacionais e partir para obter novos empréstimos internacionais e desta forma já em 1955 veio ao Brasil a primeira missão do FMI . O relatório Bernstein foi divulgado com críticas à condução da política econômica e ao sistema de taxas múltiplas de câmbio e mesmo assim o FMI concedeu aval a um empréstimo feito pelo governo Vargas no Eximbank

Em 1958 foi feito o primeiro acordo “ stand by”e o ministro da Fazenda , Lucas Lopes , adotou política de estabilização recessiva , mas Juscelino cede às pressões internas contraditórias . e em 1959 rompe com o FMI e contrata financiamentos com bancos particulares a juros mais elevados . As medidas de controle de gastos entraram em colisão com o seu Plano de Metas e a ambição de construir Brasília .

Deve-se salientar que apesar do ocorrido o Brasil era um país pequeno e os números insignificantes face à magnitude atual . Para se ter uma idéia , até o final da década de 60 o país levou quase 20 anos para aumentar sua dívida externa de US 3 para 4 bilhões . De 1969 a 1972 posteriormente a dívida passou de US$ 4,4 para 9,5 bilhões de dólares , ou seja 115% a mais.

Em 1960 são reabertas negociações e em 1961 o governo Jânio Quadros adota um esquema de estabilização recessiva e fecha um acordo “standy by” , com negociação global da dívida. O Ministro da Fazenda era Clemente Mariani e a preocupação era não caracterizar as medidas implementadas como resultado da imposição do FMI . Porém como o governo Jânio Quadros durou pouco , com a sua renúncia o acordo não foi renovado e o reescalonamento adiado.

Em 1963 o ministro da Fazenda San Thiago Dantas e do Planejamento Celso Furtado adotaram política nos moldes do FMI . Em 1965 já no governo Castelo Branco continuou a política de ajuste com o FMI com o reescalonamento da dívida e um acordo standy by de US$ 89 milhões. Superada a crise o FMI praticamente ausentou-se da economia brasileira por uma década .

O MILAGRE BRASILEIRO E O FMI

Na década de 70 o Brasil desenvolveu uma política de expansão industrial e realizou grandes investimentos em infra estrutura, bens de capital e importação de petróleo . Os recursos para esta forte expansão vieram em grande parte de empréstimos internacionais Outras medidas foram tomadas também : abertura do país ao capital estrangeiro , redução de investimentos na área social , transferência de renda do setor agropecuário para o setor urbano . política de arrocho salarial ; emissões de papel moeda .

O Brasil se beneficiou de uma conjuntura internacional de grande liquidez. Os déficits no balanço de pagamentos americanos foram financiados com a emissão e a “exportação” de dólares . O crescimento das empresas transnacionais gerou excedentes financeiros canalizados para a rede bancária e os países exportadores de petróleo , após a elevação nos preços passaram a apresentar grandes superávits .

Foram iniciadas 33 grandes obras , com investimentos de US$ 230 bilhões em um prazo de até 15 anos. Nos anos de 1972 e 1979 ocorreram duas grandes elevações nos preços do petróleo . Após a primeira crise em 1972 , medidas de ajuste não foram tomadas o que levou a um progressivo agravamento da situação externa o que acabou levando o Brasil a ser obrigado a recorrer ao FMI .

A partir de 1979 a situação modificou-se com a redução da liquidez internacional . Iniciou-se uma recessão global com a retração do comércio e diminuição de volume de dinheiro canalizado para os bancos que se agravou com o não pagamento em dia dos compromissos por vários países . Os ganhos provenientes dos países exportadores de petróleo diminuíram pela redução dos volumes de exportações e estabilidade nos preços , sendo que muitos países árabes ao invés de depositar fizeram retiradas . As taxas de juro subiram e com a crise pequenos e médios bancos começaram a retirar-se do mercado . A situação econômica dos países subdesenvolvidos piorou-se pela deterioração constante nas relações de troca com os países desenvolvidos.

ESGOTAMENTO DE UMA ESTRATÉGIA

A crise da dívida externa brasileira no final da década de 70 revelou o esgotamento de uma estratégia de desenvolvimento baseada na expansão do setor público com base no endividamento externo e interno .

Os bancos comerciais interromperam os empréstimos voluntários de médio e longo prazos , desde fim de 1982 . O Clube de Paris também fechou-se para o Brasil no início de 1985 e os desembolsos do Banco Mundial reduziram-se pela crescente desorganização do governo brasileiro e sua incapacidade de manter uma postura adequada na negociação com o banco .

Os EUA mostraram-se mais preocupados em proteger os bancos comerciais , pressionando e incentivando os países devedores a continuar pagando os juros da dívida. Porém em razão das crises os bancos americanos pararam de firmar novos empréstimos , reduzindo sua taxa de exposição em relação aos países da América Latina .

Em 6 de janeiro de 1983 o Brasil enviou sua primeira carta de intenção ao FMI, sob a gestão do ministro Delfim Netto . Ela previa uma inflação de 70% que atingiu 211% . Inicia-se uma sequência de cartas onde as metas sempre não eram cumpridas. Em 1983 foram quatro cartas . Em 1984 mais três .

Embora os problemas de dívida fossem generalizados na América Latina , não houve a formação de um grupo de devedores para reivindicações comuns. A crise nos anos 80 trouxe para a região a redução de renda e dos salários , a diminuição dos investimentos e a agudização dos problemas sociais , entre os quais o da pobreza absoluta .

1985 GESTÃO DORNELLES – MARÇO A AGOSTO

O FMI recusou a 7ª carta de intenções enviada em dezembro de 1984 e suspendeu o acordo com o Brasil , aguardando a posse do novo governo .

O ministro Dornelles , conseguiu em agosto de 1985 apenas o “shadow agreement , documento que autorizava os técnicos do FMI a acompanhar mensalmente os principais agregados macroeconômicos do país .

GESTÃO FUNARO – agosto de 1985 a abril de 1987 .

As relações do Brasil com o FMI tornaram-se tensas . Funaro participou em outubro de 1985 da reunião anual do FMI em Seul , onde criticou os modelos de ajuste do fundo.

Em março de 1986 suspendeu o pagamento de juros devidos ao Clube de Paris . Em junho de 1986 fechou um acordo definitivo com os bancos privados , mas sem a supervisão do FMI . O Clube de Paris recusou-se a negociar sem acordo com o FMI .

A situação econômica brasileira foi-se agravando . Com o câmbio congelado , e a economia repleta de ágios devido ao congelamento , e o aquecimento da demanda , reduziram as exportações e as reservas , reduzindo a capacidade de negociação do governo .

MORATÓRIA

Em 20 de fevereiro de 1987 o Brasil decreta moratória , suspendendo o pagamento de juros aos bancos privados por tempo indeterminado e o pagamento de créditos comerciais e interbancários que fossem vencendo . A suspensão tinha vários atenuantes : os pagamentos eram mantidos em cruzados , depositados e contas abertas para os bancos no Banco Central . O governo acenava com austeridade fiscal e saneamento dos bancos estaduais .

As autoridades americanas rebaixaram os créditos brasileiros para “ substandard” , os prazos nas linhas de curto prazo foram encurtados e os bancos , sem hostilizar o governo esperavam .

A moratória não teve apoio político interno de peso e não serviu como instrumento de negociação . A queda de Funaro era questão de tempo e ocorreu em abril de 1987 .

GESTÃO BRESSER abril a dezembro de 1987 .

Logo após assumir Bresser enviou telex aos bancos, acenando com a retomada dos pagamentos e a possibilidade de volta ao FMI . Seu Plano de Consistência Macroeconômica continha várias prescrições do FMI para ajuste : redução da atividade econômica , estímulo às exportações para retomada do superávit , política monetária austera, etc.

Bresser tentou forçar os credores a um acordo de longo prazo , incluindo securitização da dívida ( troca da dívida velha por bônus que incorporassem o desconto existente no mercado secundário de títulos ) e cláusulas de salvaguarda em casos de deterioração da situação econômica internacional .

Em junho de 1987 foi estendida a moratória para créditos junto ao Clube de Paris com suspensão de pagamentos de US$ 1 bilhão . Em 2 de setembro de 1987 Bresser foi ao encontro dos credores e inicia a renegociação da dívida com o FMI endossando a política econômica brasileira , satisfazendo exigência do Clube de Paris .

Em 7 de setembro de 1987 acaba a moratória . Em novembro de 1987 é fechado acordo com os bancos

GESTÃO MAILSON janeiro 1988 a 15 março 1990

Em fevereiro de 1988 Mailson acerta acordo preliminar com os bancos para o refinanciamento dos juros de 1987 a 1989 e consegue a redução do spread para 0,8125% o mesmo do México, enquanto o anterior era de 1,66% . O acordo definitivo foi concluído em 22 de setembro .

Em julho de 1988 após longas negociações o Brasil encaminha a 8 carta de intenções ao FMI . Ainda em julho foi acertado acordo de reescalonamento com o Clube de Paris .

GESTÃO MARCÍLIO MARQUES MOREIRA

Em dezembro de 1991 foi encaminhada carta de intenções ao FMI com uma estratégia ortodoxa de combate à inflação : políticas de rígido controle monetário ( via juros altos e diminuição da oferta de crédito) e fiscal ( via redução dos gastos públicos e aumento das receitas governamentais ) . O compromisso era chegar a uma inflação de 20% em 1993 . As tarifas públicas seriam elevadas 15% acima de seu nível médio de 1991 e projetava-se uma receita com privatizações de US$ 18 bilhões . Na carta o governo reconhecia formalmente o fracasso da política econômica decorrente do Plano Collor.

Em 1992 o Brasil voltou a firmar acordo “standy-by” com o FMI . As dificuldades de cumprimento das metas estabelecidas na carta de intenção continuaram , agravadas pela crise interna que levou ao impeachment de Collor .

PLANO REAL ACORDO EM 1998

As medidas adotadas a partir de 1993 e que levaram ao Plano Real e à estabilização da economia foram feitas à margem do FMI . Porém a estratégia de adotar o dólar como âncora levou a um progressivo agravamento da situação externa que , somada às crises internacionais no leste asiático e na Rússia obrigaram o Brasil no final de 1998 a firmar novo acordo com o FMI que continuam em vigor atualmente .

O acordo resultou na liberação de US$ 19,7 bilhões , parte de um megapacote de US$ 41,5 bilhões do qual participam o Banco Mundial , o Banco Interamericano de Desenvolvimento e o Banco de Compensações Internacionais .

Ao contrário das experiências anteriores , desta vez a maioria das metas foi cumprida. Dos US$ 19,9 bilhões o Brasil sacou efetivamente US$ 14,3 bilhões .

Em 2003 o FMI divulgou uma análise interna reconhecendo que o FMI havia identificado corretamente a supervalorização do câmbio em 1998 , mas que não tinha feito os esforços suficientes para convencer o governo a mudá-la , nem expôs o problema ao publico. O FMI também falhou ao não apontar outras vulnerabilidades do Plano Real como o aumento da dívida interna brasileira . A análise afirma que o governo brasileiro manteve políticas fiscais e monetárias “frouxas” entre 1994 e 1999 e não executou as reformas estruturais que deveria ter feito. O relatório afirma ainda que as autoridades brasileiras se mostraram “relutantes em divulgar informações sensíveis ao mercado financeiro “ e negaram-se a autorizar a divulgação de relatório apresentado pelos técnicos da instituição à diretoria executiva do FMI . ( F S P 29.7.2003, p. B-1) .

ACORDO EM 2001

Como a dívida pública continuou aumentando , associado ao aumento da desconfiança internacional em razão da crise argentina o Brasil renovou seu acordo com o FMI em 2001 , representando mais US$ 18,3 bilhões dos quais foram efetivamente sacados US$ 17,2 bilhões .

ACORDO EM 2002

Desde 2001 o FMI mudou radicalmente sua política em relação ás crises nacionais . Acabou a era dos grandes pacotes de ajuda . O caso da Argentina foi exemplar . Ao invés de mostrar rapidez em evitar o naufrágio da economia argentina o FMI manteve-se impassível .

Estabeleceu uma extensa lista de exigências e précondições , forçando um severo ajuste fiscal em uma economia sob forte depressão . Como muito do modelo econômico que levou o país à grave crise atual foi gestado sobre as benesses do FMI e do Consenso de Washngton fica evidente a armadilha em que a Argentina caiu . E sem acordo com o FMI também não aparece ajuda do Banco Mundial e de organismos europeus .

“A nova postura do FMI é deixar quebrar para ver como é que fica “ e a Argentina tornou-se a primeira vítima desta nova postura .

Porém esta postura acabou sendo alterada por pressões dos bancos americanos , uma vez que poderia levar a uma quebradeira geral em toda a América Latina .

O FMI em 7 de agosto de 2002 anunciou o maior pacote financeiro da história das relações com o Brasil , cerca de US$ 26,0 bilhões . O acordo venceu em setembro de 2003 e o Brasil sacou o total acertado , já no governo Lula .

O novo programa não apresenta novas exigências ao país , a não ser a manutenção de um superávit fiscal de 3,75% do PIB até 2005 meta que já havia sido anunciada pelo governo . Foi autorizada ainda a redução do piso líquido de reservas internacionais de US$ 15 para US$ 5 bilhões.

O prazo record , cerca de 1 semana , em que foi aprovado o acordo , demonstra a aprovação do governo americano e a pressão dos bancos americanos para evitar uma crise sistemática que poderia envolver toda a América Latina.

O acordo foi feito às presas para acalmar o mercado , intranquilo em razão das eleições e da probabilidade de vitória do PT , chegando o dólar a uma cotação próxima de R$ 4,00 . Além disso , fraudes contábeis cometidas por empresas nos EUA , contribuíram para perturbar ainda mais o quadro .

ACORDO 2003

Em 2003 , no primeiro ano do governo Lula , foi feito novo acordo , no valor de R$ 15,5 bilhões com o objetivo de conquistar a confiança do mercado financeiro e diante da vulnerabilidade externa da economia . Porém , pela expressiva melhora no superávit comercial e pela retomada da entrada de investimentos externos , nenhuma importância foi efetivamente sacada .

Entre 1998 e 2004 o Brasil emprestou do FMI US$ 57,5 bilhões , dos quais US$ 4 bilhões de juros já foram pagos e mais US$ 2,15 bilhões deverão ser pagos até 2007 . Além disso o governo deverá pagar até 2005 , US$ 15,7 bilhões, referentes aos financiamentos recebidos desde 1998 .( F S P 9.2.2005 , p. B-1) .

FIM DO ACORDO EM 2005

Em 28 de março de 2005 o governo Lula anunciou a não renovação do acordo com o FMI , vencido no mês de março .

O governo tentou ao máximo obter concessões do FMI para renovar o acordo em bases mais brandas , com a possibilidade de sua manutenção servir como uma espécie de seguro para situações extremas .

Diante da recusa do Fundo em ceder , o governo chegou á conclusão que o acordo em moldes tradicionais teria pouco efeito benéfico e optou pelo não continuidade .

A não renovação do acordo se justifica pela grande melhora nas contas externas do país . O Brasil está apresentando superávit primário da ordem de 4,8% do PIB , as reservas internacionais líquidas estão em US$ 31,4 bilhões e os saldos comerciais estão cada vez maiores .

Para alguns economistas o Brasil deveria aproveitar a boa situação nas contas externas para liquidar antecipadamente parte das dívidas com o FMI . Dos US$ 26, 0 bilhões sacados em 2003 , o Brasil tomou US$ 11,5 bilhões da linha mais cara , a SRF , cerca de 3 a 35 % mais cara que a linha padrão Standy By .

PAGAMENTO DA DÍVIDA COM O FUNDO

Em dezembro de 2005 o governo Lula anunciou a decisão de quitar toda a dívida com o FMI . Cerca de US$ 15,5 bilhões deverão ser pagos até o final de dezembro , quitando uma dívida que deveria originalmente ser quitada em parcelas até 2007 .

Com o pagamento o país irá economizar aproximadamente US$ 900 milhões com juros e mesmo assim as reservas do país continuarão elevadas , no valor aproximado de US$ 51,5 bilhões .

A decisão é positiva considerando o custo do financiamento e a maior autonomia que poderá ter o país na condução de sua política econômica .

AS DECISÕES NO FMI

Não dependendo mais de recursos do FMI o Brasil como participante do FMI pode ter maior autonomia nas discussões e decisões do Fundo.

Em 20 de março de 2007 foi aprovada a indicação do economista brasileiro Paulo Nogueira Batista Júnior para o cargo de diretor executivo do Fundo , representando nove : Colômbia, Equador, Guiana , Haiti, Panamá, República Dominicana , Suriname e Trinidade e Tobago e Brasil .

Em artigo na Folha de São Paulo o economista destaca a concentração do poder de votação no FMI . Os EUA tem 17% do total dos votos e poder de veto nas alterações do estatuto do Fundo que exigem maioria de 85% . Japão e Alemanha possuem 6% dos votos cada um , França e Reino Unido 5% cada . Cinco países desenvolvidos possuem 39% dos votos e o conjunto dos desenvolvidos controla cerca de 60% dos votos . O Brasil isoladamente possui apenas 1,4% dos votos e o grupo de nove países que Paulo Nogueira Batista irá representar apenas 2,4% . Existem distorções gritantes como a Bélgica com 2,1% dos votos , pesar mais que a Ìndia que tem 1,9% ou a Holanda com 2,3% , mais do que o Brasil.

Discussões estão em andamento no Fundo para uma reavaliação das estruturas de votação e dos critérios utilizados para definir o poder de voto de cada membro , com tendência para aumento da representatividade dos países emergentes e em desenvolvimento . ( Batista Jr. Paulo , Nogueira , in F S P 22.03.2007 , p. B-2 ) .



QUESTÕES DE VESTIBULAR.

FMI MACKENZIE JULHO 2004

1. Quando o FMI exige que o país aumente a meta do superávit primário, está, na verdade, solicitando que o Brasil:

a) aumente as exportações dos produtos do setor primário da economia, com destaque para a soja e para o minério de ferro, que possuem grande aceitação no mercado internacional.

b) em sua arrecadação, considerando as receitas da União, dos Estados e Municípios e descontando as despesas, apresente um saldo positivo e tenha condições de honrar o pagamento dos juros de suas dívidas.

c) utilize os recursos arrecadados com impostos e o que foi economizado em obras públicas e projetos sociais, visando reativar a economia, além de gerar

postos de empregos.

d) apresente uma balança comercial favorável, aliada à contenção de despesas, garantindo, dessa forma, uma estabilidade cambial da moeda nacional em relação ao dólar.

e) aumente os investimentos em obras públicas e em projetos sociais, melhorando o poder aquisitivo da população, garantindo o aquecimento da economia e provocando o interesse de maiores investimentos estrangeiros.



Resolução 1 B

O FMI – Fundo Monetário Internacional preocupa-se com as condições para o pagamento da dívida externa, portanto lhe interessa que o Estado consiga arrecadar valor superior a seus gastos, independentemente do ônus que isso possa trazer à área social.



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