NENHUM POEMA FOI FEITO NA NOITE DAQUELE BEIJO
Nenhum poema foi feito na noite daquele beijo,
Nem odes, nem prosa...
pois tudo seria prosopopéia.
Posto que dar vida a palavras de tamanho desejo,
Seria o prolixo exercício de versar epopéia.
Nenhum poema foi feito na noite daquele beijo,
Nem rimas, nem kais....
nada.
E na rubra vacuidade de tantos gracejos,
A mão passeava em pernas alongadas.
Nenhum poema foi feito na noite daquele beijo,
Nenhuma linha se foi reta...
derramada.
E no passeio noturno que me fiz em teu pescoço,
A reta se fez curva em ti entrelaçada.
Nenhum poema foi feito na noite daquele beijo,
Pois nenhum verso é por si só tão demasiado
Quanto tua cabeça repousando graciosa em meu ombro
E todos os sentidos se fizeram saciados.
Rodrigo Fontana
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