Saudade daquilo que fui...
...Hoje não sou mais.
Saudade de você,
Tio querido,
De suas brincadeiras loucas
De nos levantar pelos cotovelos
E nos jogar para o alto.
Saudade de suas modas
Tocadas na viola,
Sentado no banco do alpendre,
Depois do sol se pôr.
Saudade daquele raio de sol,
Daquele que brilhava dourado...
Nos dias coloridos de minha infância.
Saudade misturada,
Cheia,
Vazia.
Uma vitamina de saudade.
Saudade de tudo aquilo
Que ficou na lembrança
E que não voltará jamais.
Saudade da pracinha do meu bairro,
Que continua lá...
Só... que... não é a mesma...
Saudade de minha cidade natal,
Não esta de agora...
Mas aquela... de outrora...
Que ficou em minha memória.
Hoje, quando volto lá,
Tudo está tão diferente...
Tudo ficou tão distante...
Que eu me sinto indiferente...
Saudade de tudo...
Saudade de um abraço de corpo inteiro.
Saudade do que não foi dito,
Saudade do que não foi feito.
Saudade GRANDE...
Faceira...
Esperta e inquieta.
Saudade com jeito de criança travessa,
Bole comigo,
Cutuca minhas lembranças,
Faz cócegas em meus sentidos.
Saudade da fazenda,
Das brincadeiras mil,
Das aventuras imaginadas.
Saudade do rego no fundo do quintal,
Saudade do pé de goiaba,
Saudade dos abacaxis tão bem cuidados
Por você, meu avô.
Saudade de suas catiras barulhentas
Dançadas antes do sol nascer,
No assoalho da sala,
Pra acordar a criançada.
Saudade de você, avó torta,
Tão sábia na sua ignorância,
Tão grande na sua bondade.
Saudade do leite quentinho
Tomado no curral, bem... cedinho...
Ah... saudade dos meses de maio
De minha adolescência...
Como os dias eram brilhantes,
Coloridos.
Cheios de cheiros,
Cheios de vida,
Cheios de alegria,
Cheios de despreocupação e dolência.
Saudade que me destoca.
Saudade que me sufoca.
Saudade que me esgota.
Saudade da própria saudade.
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