Sereia do Cearà
Para Nandinha Guimarães, sereia do Cearà...
Na beira do êxtase, dos teus marulhos,
Troquei palavras mortais por acordes célicos
Falei com os deuses de tua criação...
No sonho andante deparei com aedos-anjos,
Levantei vôo em busca de versos pindáricos...
Nos mármores do Olimpo pousei minhas flores...
Na emoção desse momento transcendental
Compus meu canto em acordes trêmulos,
Vibrato, pizzicato multíssono do meu coração...
No entardecer, sob medida, mais uma vez,
Na aragem que soprava entre meus cabelos,
Eu estava lá, hirto, entregue à sereia do mar...
Nos desenhos e desejos arrojados do meu ser
Razão e palavras eram simples quimeras :
"Quero sentir teus versos no meu alento..."
Na despedida do dia arranco mais um momento,
E num suspiro derradeiro expiro pó de poente
Na tua praia distante - próxima da alma - do Cearà...
© Jean-Pierre Barakat, 11.6.2000 - 14h30
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