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Artigos-->ALCA -- 21/03/2007 - 10:14 (edson pereira bueno leal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ALCA



EDSON PEREIRA BUENO LEAL





Os EUA, México e Canadá formaram em 1992 o mercado comum da América do Norte . As tarifas de importação foram reduzidas e até 2007 devem chegar a zero . As barreiras alfandegárias devem desaparecer . os bancos americanos e canadenses poderão operar no México e comprar bancos mexicanos o que era proibido até então . Empresas canadenses e americanas poderão comprar 100% do capital de empresas mexicanas . Executivos de empresas poderão transitar pelos 3 países sem maiores exigências burocráticas.

OS EUA com o ALCA pretendiam formar um mercado comum que englobasse todos os países das Américas , a partir de 01 de janeiro de 2.006 . .

A questão básica que se coloca é se o Brasil necessariamente deve se integrar à Alca sob pena de ficar isolado do comércio internacional ou caso a integração não seja economicamente interessante se será possível manter normal o relacionamento comercial com outros países à parte do bloco de livre comércio .

Segundo alguns economistas a Alca poderia permitir ao Brasil duplicar suas exportações em cinco anos. O mercado americano , com todas as suas restrições é mais acessível aos produtos brasileiros que o europeu ou o asiático e absorve principalmente os nossos produtos manufaturados que são mais caros e dão mais lucro ao país .

Porém o principal risco do Brasil na adesão é o de incorporar-se , de forma subordinada a um território econômico único, dominado pelos EUA relegando a segundo plano um projeto nacional de desenvolvimento. A indústria brasileira de manufaturados poderia ser liquidada com a invasão dos produtos americanos , mais baratos e tecnologicamente superiores e as barreiras não tarifárias poderiam continuar dificultando o acesso dos produtos brasileiros.

Este risco foi enfatizado por Há-Joon Chang , professor da faculdade de economia e política da Universidade de Cambridge . “ No curso prazo vocês podem ser beneficiados , mas , a longo prazo, o melhor para o Brasil é não assinar a Alca , porque sua indústria seria destruída . O Brasil será o grande perdedor da Alca . Se você é El Salvador ou Equador , você não tem muito a perder . São países que não tem indústria de qualquer maneira . Mas o Brasil tem muitas potencialidades que podem ser destruídas . Vocês podem ganhar no curto prazo com mais acesso ao mercado agrícola , mas , e a longo prazo ? As pessoas ficam falando de ineficiência e protecionismo á indústria . Mas é muito melhor ter uma indústria protegida do que nada “ . ( F S P 17.11.2003 , p. A-12) .

Estudo do IPEA divulgado em 2005 concluiu que as importações de produtos americanos pelo Brasil superariam em US$ 1 bilhão o aumento das vendas externas brasileiras para os EUA com a Alca . As exportações brasileiras cresceriam US$ 1,2 bilhão, mas as importações subiriam US$ 2,2 bilhões . Os EUA são altamente competitivos em um espectro enorme do setor industrial e vendem bens de mais alto valor agregado , enquanto no Brasil a competitividade existe apenas em alguns setores. ( F S P 7.1.2005 , p. B-1 ) .

Buenos Aires Abril 2001

Em abril de 2001 , diplomatas de 34 países das Américas , reunidos em Buenos Aires produziram um documento oficial sobre a criação da Alca de 900 páginas onde constam 800 pontos sobre os quais nenhum dos países envolvidos está de acordo.

Os principais pontos de discordância atingem:

Protecionismo – Os EUA concordam em zerar suas tarifas comerciais , mas querem continuar protegendo sua agricultura com subsídios e barreiras sanitárias e ecológicas . Em maio de 2002 a Câmara dos Representantes dos EUA aprovou o “farm bill” , ampliando os subsídios à agricultura .

Serviços – Não se definiu se o acordo irá incluir os serviços , no caso beneficiando as grandes empresas de aviação e malotes americanas

Investimentos – os americanos querem proibir que os países possam estatizar empresas de capital estrangeiro e querem direitos das companhias estrangeiras processarem governos em caso de mudanças legais ou econômicas que as prejudiquem . Isso é considerado por alguns países como ingerência em sua soberania interna .

Mão de Obra – Os EUA querem que salários e condições de trabalho sejam padronizados em todos os países , afetando uma grande vantagem competitiva dos países latino-americanos que é o baixo custo da mão de obra .

Ambiente – Os americanos exigem também a padronização das regulações ecológicas , afetando parte significativa das empresas latino-americanas .

Abuso de poder econômico – Não há consenso sobre regras de controle do poder das corporações , em termos de manipulação de preços ou de incorporação de concorrentes para domínio do mercado.

Manutenção da estrutura legislativa unilateral que situa os direitos domésticos acima dos tratados internacionais . De modo geral na maior parte do mundo, os tratados internacionais estão acima das leis locais . Nos EUA isto não ocorre , pois as leis americanas somente dão exequibilidade a acordos auto exequíveis e isso exclui tanto o NAFTA quanto a ALCA .

ESTRATÉGIA CONJUNTA fev.2002

Em fevereiro de 2002 o Brasil e a Argentina anunciaram que irão adotar uma estratégia conjunta de negociação da Alca . ( F S P 5.2.2003, p. B-10) . Esta decisão foi vista pelos EUA como uma tentativa brasileira de forçar a Argentina a romper seu alinhamento quase automático com os EUA , ao longo da década de 90 e geraram uma reação imediata na oferta de tarifas , com o isolamento dos países do Mercosul.

BRASIL FORA DA ALCA? Maio 2002

O Ministro da Indústria e Comércio do Brasil , Sérgio Amaral , admitiu em 9.5.2002 , pela primeira vez que o Brasil poderá ficar de fora da Alca se não houver o fim das restrições á entrada de produtos brasileiros no mercado americano.

A situação de protecionismo americano se agravou em maio de 2002 com a aprovação do “farm bill “ pela Câmara dos Deputados americana , que vai aumentar os subsídios á agricultura em US$ 196 bilhões em 10 anos.

Com os novos subsídios , os agricultores americanos serão estimulados a aumentar a produção, pois terão garantias de preço mínimo o que irá gerar um excesso de oferta , diminuindo as importações e derrubando os preços internacionais . Os principais produtos afetados no Brasil serão a soja e o algodão.

TPA TRADE PROMOTION AUTHORITHY agosto 2002

O “Fast track ( via rápida) é uma lei que se aprovada pelo Congresso americano limitará o seu poder de propor emendas a acordos comerciais dos EUA . O Legislativo só poderá aprová-los ou rejeitá-los por inteiro .

Este instrumento é fundamental para o governo americano poder negociar com os países latino-americanos condições aceitáveis para a implantação da ALCA .

Sem o “fast track “ , o Brasil precisaria passar por duas negociações em qualquer acordo com os EUA , uma com o Executivo e outra com o Congresso .

O TPA Trade Promotion Authority , foi aprovado em 08.2002, porém com restrições que podem prejudicar as negociações do Alca Os lobistas conseguiram condicionar a negociação de cerca de 200 produtos , altamente competitivos e considerados “sensíveis” , á consulta dos parlamentares . Os políticos americanos querem também que as importações de países com taxa de câmbio competitiva , sejam melhor “analisadas “ . Entre as principais restrições podem ser citados :

1. Preservar a capacidade de os Estados Unidos colocarem em prática rigorosamente suas leis comerciais , inclusive as leis antidumping e de medidas compensatórias , e evitar acordos que reduzam a eficácia de disciplinas domésticas e internacionais sobre comércio injusto, especialmente dumping e subsídios “ , ou seja os EUA poderão usar sua legislação para barrar importações sob alegação de dumping ; 2. Acordos sobre direito de propriedade intelectual devem refletir um padrão de proteção similar ao encontrado na lei dos EUA e 3. O texto impõe períodos de ajustamento para a importação de produtos sensíveis , mediante complicadas consultas ao Congresso antes de iniciar as negociações de redução de tarifas ; 4. defende a preservação de programas que respaldam a agricultura familiar e às comunidades rurais em referência aos subsídios à produção aprovados pela lei agrícola de 2002 ; 5. Indica a manutenção de programas de assistência alimentar e de crédito à exportação de produtos agrícolas , que funcionam como subsídios à exportação ; retira cítricos e açúcar da negociação e exige consultas frequentes do Congresso . A questão dos subsídios é crucial dado o elevado volume de subsídios concedidos aos agricultores americanos , cerca de US$ 140 bilhões e o Canadá US$ 60 bilhões contra zero do Brasil .

Outro risco associado à Alca seria a liberalização dos serviços , principalmente no setor bancário , o que permitiria aos bancos americanos aumentar sua concorrência aos bancos nacionais . Os EUA podem manter o seu regime de serviços fechado através de barreiras horizontais como à imigração, pois não aceitam nem discutir a livre circulação de trabalhadores .

Na área de investimentos a pretensão dos EUA é impedir que os países integrantes definam políticas que favoreçam as empresas de capital nacional , em relação às empresas de outros países do bloco . Querem também que o investidor tenha direito a transferir fundos para dentro ou para fora de qualquer país da Alca sem demora a uma taxa de câmbio de mercado, tornando inviáveis quaisquer controles de capital .

Os EUA pretendem ainda proibir ou restringir que os governos possam definir metas a serem cumpridas por investidores de outros países membros , como níveis de conteúdo local, preferências por compras de produtos domésticos , metas de exportação , de transferência de tecnologia e de restrições á venda de bens e serviços no território do país receptor do investimento . São estratégias essenciais em países em desenvolvimento como o Brasil e que não podem ser abandonadas . ( Batista Jr. , Paulo Nogueira ; FSP 29.08.2002 , p. B-2) . .

O Brasil não tem muitas alternativas de negociação pois a totalidade dos países da América Central e a maioria dos países da América do Sul deve aderir ao Alca e caso não concorde corre o risco de ficar isolado, juntamente com a Venezuela e Cuba . Porém a negociação deve ser feita com todo o cuidado pois o risco de perda de soberania nacional é muito grande .

O Brasil vem tentando condicionar a negociação da Alca desde que o governo americano concorde em antecipar a liberalização dos produtos agrícolas.

OFERTA AMERICANA NEGATIVA fev. 2003

Em fevereiro de 2003 os EUA divulgaram suas propostas para a Alca . As propostas feitas foram

1. isentar de impostos cerca de 65% das importações dos EUA de bens de consumo e produtos industrializados com a entrada em vigor da Alca . A proposta é segmentada , abrangendo 91% dos itens exportados pelo Caribe e apenas 58% dos exportados pelo Mercosul ;

2. eliminar taxas sobre bens de consumo e produtos industrializados até 2015;

3. zerar em cinco anos as tarifas para os produtos têxteis e de vestuário importados pelos EUA da Alca, desde que haja reciprocidade por parte dos outros países ;

4. eliminar imediatamente as tarifas em setores como produtos químicos , equipamentos de construção civil e mineração , equipamentos elétricos , produtos da área de energia , produtos ambientais , tecnologia da informação , equipamentos médicos , falso tecido, papel , aço e produtos de madeira;

5. isentar cerca de 56% das importações agrícolas da Alca . Porém a oferta é segmentada , cerca de 85% dos produtos do Caribe, 64% dos da América Central e apenas 50% dos países do Mercosul .

A proposta americana limita-se a reduzir todos os tipos de tarifas , mas retira oficialmente da mesa de negociações o tema que mais interessa ao Brasil, as barreiras não tarifárias ( dumping , subsídios internos, cotas e restrições fito-sanitárias , entre outras ) , que afetam as exportações brasileiras de produtos como aço, açúcar, suco de laranja , etanol, etc.

Há uma evidente dificuldade nas negociações pois o Brasil é fortemente competitivo em setores que a economia americana é pouco competitiva e vice versa. Pesquisa feita pela UNICAMP simulou o que aconteceria se as alíquotas fossem zeradas de uma hora para outra . O Brasil teria grandes vantagens nos setores de cítricos, couro e calçados , siderurgia e têxteis , mas seria fortemente prejudicado nos setores de petroquímica, máquinas e plásticos.

Os EUA também definiram um cronograma de redução das tarifas de produtos agrícolas , colocando os ítens que mais interessam ao Brasil no “ fim da fila “ . ( F S P 12.02.2003, p. B-5) .

POSIÇÃO BRASILEIRA NOVO ENFOQUE fev. 2003

Com o governo Lula o Brasil decidiu dividir a negociação sobre a Alca em três frentes :

Na primeira , entre o Mercosul e os EUA seria tratada a substância dos temas de acesso a mercados e bens e, de forma limitada , em serviços e investimentos

Na segunda , no âmbito dos 34 países , com o objetivo de alcançar um acordo geral que abordaria elementos básicos , como solução de controvérsias , tratamento especial para países em desenvolvimento, fundos de compensação , regras fitossanitárias e facilitação de comércio

Na terceira a negociação multilateral seria feita na OMC referente a questões sensíveis para o Brasil , como a parte normativa de propriedade intelectual , serviços, investimentos e compras governamentais.

Há portanto um esvaziamento da Alca na medida em que os assuntos mais importantes serão abordados fora do âmbito da mesma .

ALCA ABRANGENTE E ALCA LIGHT outubro 2003

Reunião técnica realizada em Port of Spain , Trinidad Tobago no início de outubro de 2003 deixou evidentes as discordâncias entre Brasil e EUA . Os EUA querem uma Alca ambiciosa e abrangente , discutindo todos os temas inclusive os não propriamente comerciais como o respeito à propriedade intelectual , compras governamentais e investimentos. Porém não querem discutir dois temas prioritários para o Brasil : o fim das políticas antidumping e os subsídios agrícolas americanos .O Brasil defende uma Alca Light onde os temas de maior importância seriam discutidos com o Mercosul e temas sensíveis na OMC e defende a tese da Alca entrar em vigor gradativamente , com a liberação de um grupo grande de produtos só daqui a mais de uma década . .

Os americanos estão tentando de toda forma bombardear a posição brasileira , inclusive pressionando países da região a se posicionar contra o Brasil . A Colômbia anunciou sua retirada do G20 plus , grupo organizado pelo Brasil para tentar obter a liberalização agrícola dos países ricos na fracassada reunião da OMC em Cancún . Os americanos conseguiram ainda que 13 países assinassem um manifesto a favor da posição americana . México e Chile também participantes do G20 plus apóiam a posição americana .

Os americanos estão qualificando o Brasil como um negociador “intransigente” e segundo estudo realizado pelo Serviço de Pesquisas do Congresso norte-americano “Os Estados Unidos estão prontos para se mover rapidamente em direção a acordos bilaterais com países da América Latina , diminuindo o poder de barganha coletivo de alguns , o que deve minar ainda mais o processo de formação da Alca “ . ( F S P 30.09.2003, p. B-5) .

Conforme assinala Paulo Nogueira Batista Júnior a proposta americana é extremamente perigosa para os interesses brasileiros . Com relação a patentes os países ficariam obrigados a adotar um regime de proteção muito rigoroso , modelado na legislação dos EUA , pois os americanos são os que respondem pela maior quantidade de patentes , inovações e marcas . No tocante às compras governamentais os EUA “ querem impedir que países membros da Alca possam , em licitações públicas , definir margens de preferência para as empresas que operam no país, ( nacionais e até mesmo estrangeiras ) , relativamente a empresas sediadas em outros países membros “ Com isto o Brasil ficaria impedido de favorecer empresas nacionais como a Petrobrás vem fazendo em 2003 . “Por outro lado , questões de livre interesse para o Brasil e outros países latino-americanos foram sumariamente excluídas da Alca . Por exemplo : a livre circulação de trabalhadores nas Américas . Os EUA não aceitam negociar a sua restritiva política de imigração Os brasileiros e demais latino-americanos nem ousam levantar a questão ... Quanto à liberalização dos mercados agrícolas a resistência dos EUA já é mais do que notória .” Os EUA só aceitam tratar do assunto na OMC , mas na OMC unem-se à União Européia que não aceita mudar nada . Os EUA também não querem tratar da legislação antidumping , um de seus principais instrumentos protecionistas que o TPA , aprovado em 2002 não permite que seja objeto de negociação . ( F S P , 9.10.2002 , p. B-2 ) .

O embaixador americano Peter Allgeier , co-presidente da Alca , em seminário realizado no Congresso Brasileiro em outubro de 2003 deixou claro que os EUA pretendem assinar o acordo da Alca em 2005 , com ou sem o Brasil : “ Esperamos que os 34 países assinem , mas, se um decidir que não, eu não vejo porque impedir que os demais sigam adiante “ . ( F S P 22.10.2003, p. B-10 ) .

MÉXICO E NAFTA

A situação da economia mexicana alterou-se substancialmente após ter firmado o acordo de livre comércio com EUA e Canadá .

As exportações em dez anos aumentaram de US$ 20 bilhões para US$ 150 bilhões. O país quase quebrou em 1994 e daí em diante sua economia se recuperou graças às exportações . Com o acordo o México tornou-se o segundo parceiro comercial dos EUA , quando há 15 anos era o décimo. O comércio bilateral entre México e EUA chegou em 2000 a US$ 250 bilhões nos dois sentidos , quase metade do PIB brasileiro. O México passou da condição de 26° maior exportador do mundo para a oitava posição. Em 1992 o México tinha um déficit de US$ 5 bilhões com os EUA e em 2001 passou para um superávit de US$ 30 bilhões.

Com o acordo os empresários foram obrigados a certificar seus produtos , certificação que é feita pelas empresas e não pelos governos. Esta certificação pode ser contestada pelos concorrentes o que obriga as empresas a abrir seus livros para verificação . Os empresários aceitaram estas regras e modernizaram-se resultando em empresas com classe mundial e que cada dia mais acrescentam valor agregado a seus produtos .

Em razão das baixas alíquotas de importação os empresários nacionais foram obrigados a melhorar a qualidade e o preço de seus produtos para não morrer É esta competição que os brasileiros tanto temem por medo de não saber se equiparar à concorrência internacional . As empresas nacionais querem continuar como o guarda chuva protecionista representado pelas tarifas cambiais para poderem seguir vendendo seus produtos mais caros ao consumidor nacional à salvo da concorrência internacional .

Segundo Raul Hinojosa Ojeda da Universidade de Los Angeles muitas das plantas industriais instaladas após o tratado não são maquiladoras mas empresas competitivas , produzindo produtos de ponta . Ele cita o caso da Hewlett Packard , que tem uma unidade com 1500 engenheiros , que estão desenvolvendo software e sistemas de produção que são exportados para a França, Japão e outras plantas da própria HP. ( O Brasil e a Alca . Sinafresp 2001, p. 106) .

A abertura do mercado no México afetou as pequenas e médias indústrias que não se adaptaram e setores da agricultura menos produtivos e que não possuem padrão para atender ás rigorosas regras fito-sanitárias para a exportação de produtos.

Segundo Ricardo Vidal , professor da Universidade Nacional do México , a abertura de uma subsidiária nos EUA demorou apenas dois dias e o pagamento de impostos é feito por conta bancária , portanto é extremamente simplificado o sistema tributário.

O México é um país pobre , com 75% da população urbana e 40% da população em condição de pobreza . Cerca de 10 milhões de pessoas , 10% da população são indígenas . A renda per capita do norte é 3 a 4 vezes superior aos estados do Sul , particularmente Chiapas . Porém estas desigualdades não foram produto do mercado comum , mas de centenas de anos de história.

As avaliações feitas no México sobre o impacto social representado pelo Nafta que as projeções negativas não se confirmaram . Não se encontrou relação entre o Nafta e o aumento do desemprego no México , risco constantemente salientado como possível resultado da adesão do Brasil à Alca .

CHINA

O Brasil , que vem negociando duramente com os EUA , surpreendentemente concedeu em novembro de 2004, quando da visita do presidente Hu Jintao ao país , o status de economia de mercado à China . Com o reconhecimento a China terá direito de usar normas da OMC para economias de mercado quando o reconhecimento for formalizado e certamente o Brasil terá problemas no setor produtivo em concorrer com os produtos chineses , fortemente competitivos, pois ficará mais difícil reclamar de práticas de dumping e de barreiras não transparentes para produtos brasileiros .

Em troca do reconhecimento os chineses aceitaram abrir o mercado de carne de frango e de boi para o Brasil , podendo chegar a exportações de até US$ 800 milhões por ano , estimular compras de até dez aeronaves da Embraer no valor de US$ 200 milhões e promessas de privilégios de acesso ao mercado chinês e tratamento como amigo prioritário no destino de investimentos que podem chegar a US$ 10 bilhões nos próximos dois anos. ( F S P 13.11.2004 , p. B-1 ) .

Quarta Cúpula das Américas - Mar del Plata novembro 2005

A cúpula reuniu chefes de Estado das Américas e serviu para evidenciar que as divergências sobre a Alca continuam a existir , inviabilizando a sua instalação .

De um lado o presidente da Venezuela Hugo Chávez que não compareceu ao evento , e ao contrário declarou que a cúpula seria o túmulo da Alca .

O Brasil e o Mercosul entendem que não estão presentes as condições para um acordo equilibrado e equitativo . Em outras palavras significa que a Alca vai ficar em suspenso indefinidamente .

De outro lado o grupo liderado pelos EUA quer retomar as negociações da Alca , paralisadas desde fevereiro de 2004 , no primeiro semestre de 2006 . O presidente mexicano Vicente Fox chegou a afirmar que se o Mercosul e a Venezuela continuarem com sua posição , os 29 países restantes do hemisfério , excluindo Cuba poderão formas uma própria zona livre de comércio , sem os discordantes.

A Alca representa o aprofundamento das políticas de liberalização, desregulamentação e desnacionalização patrocinadas por Washington desde o final dos anos 80 e em muitos países esta estratégia fracassou . Por outro lado as ofertas americanas de "livre comércio" estão repletas de ressalvas e exceções , e que incluem quase todos os produtos e temas prioritários para o Brasil . ( Batista Jr. Paulo Nogueira , F S PO 10.11.2005 , p. B-2) .

ACORDOS BILATERAIS

Conforme declarou o subsecretário do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado , Thomas Shanon , os EUA vão cercar o Mercosul por todos os lados, através de acordos bilaterais . " Enquanto a Alca vem nesse caminho mais longo , temos pressionado fortemente essa agenda que resultou em acordos com o Chile , Cafta DR ( Área de Livre Comércio da América Central e República Dominicana ) , Peru, e esperamos num futuro próximo , com Equador , países andinos , Colômbia e Panamá . Quando se combinam países com os quais já firmamos acordos com os que estamos negociando seriamente , isso cobre dois terços do PIB do hemisfério , o que é significativo . " ( F S P 8.1.2006 , p. B-4) .

VESTIBULAR TESTES

1. FGV 2004 A nova lei agrícola dos dos EUA (Farm Bill) prevê mais de US$ 412 bilhões em subsídios aos agricultores norte-americanos nos próximos 10 anos. A nova lei entra em vigor em outubro de 2002 e se estenderá até 2008. Os subsídios anuais à agricultura norte-americana superarão os US$ 41 bilhões anuais, o dobro de 2001.” Fonte: www.sof.org.br/noticias .

Com base em seus conhecimentos sobre a inserção do Brasil no mercado internacional, pode-se afirmar que esta política do governo dos Estados Unidos:

A) afeta diretamente as negociações para a formação da ALCA, pois o Brasil concorre diretamente no mercado como grande exportador agrícola.

B) não afeta as negociações para a formação da ALCA, já que a produção agrícola dos Estados Unidos não é suficiente para o próprio mercado interno.

C) afeta as negociações, na medida em que esta política dos Estados Unidos rompe com a idéia de equilíbrio das finanças públicas e da estabilidade monetária.

D) não afeta as negociações porque o Brasil concorre no mercado como exportador de produtos tropicais, como a soja, a laranja e a cana-de-açúcar.

E) afeta as negociações porque a ajuda econômica interna aos Estados Unidos diminui a disponibilidade de capitais para os países emergentes, como o Brasil.

ALCA

MACKENZIE JULHO DE 2004



Principais parceiros comerciais dos EUA

País/região exportação Importação País/região exportação Importação

Canadá 23,9 19,4 Japão 12,7

União Eur. 21,8 19,0 Tigres As. 13,5 15

A . Latina 20,4 16,4 Outros 12,2 17,5

Levon Boligian – Geografia, Espaço e Vivência

2. Considere o mapa e as afirmações abaixo.

I. O significativo comércio da América Latina com os Estados Unidos torna a ALCA atraente para os norte-americanos.

II. O comércio norte-americano com alguns países, ou blocos, apresenta déficit, levando o governo dos Estados Unidos a criar barreiras alfandegárias para proteger sua economia.

III. A economia norte-americana é dependente da maioria dos grupos econômicos.

Então:

a) apenas I está correta.

b) apenas I e II estão corretas.

c) apenas II está correta.

d) apenas II e III estão corretas.

e) I, II e III estão corretas.



UNESP JULHO 2004

MERCADOS COMUNS

(José Willian Vesentini, 1992. Adaptado.)

3. Até o fim da década de 1980, predominava uma ordem mundial bipolar, caracterizada pela rivalidade entre os Estados Unidos e a União Soviética e pela existência de três principais grupos de países: os capitalistas centrais (Primeiro Mundo), os capitalistas periféricos (Terceiro Mundo) e os de economia planificada (Segundo Mundo). Com a profunda crise que se abateu sobre os países de economia planificada, surgiu uma nova ordem mundial .

a) De quais blocos econômicos os países do continente

americano participam? Cite os principais.

b) Por que o México e o Brasil, que são países industrializados, pertencem ao Sul subdesenvolvido?





Gabarito 1 2 b

Resolução 3

a) Os principais blocos econômicos da América são:

– NAFTA: EUA, Canadá e México;

– Mercosul: Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, além dos associados Chile e Bolívia;

– CAN – Comunidade Andina (antigo Pacto Andino): América Andina (Equador, Colômbia, Bolívia, Peru e Venezuela);

– Caricom – Comunidade e Mercado Comum do Caribe: países do Caribe com exceção de Cuba;

– ALADI – Associação Latino-Americano de Integração: México e América do Sul, menos Guianas.

Podemos destacar o bloco Alca, ainda em processo de formação, com data de constituição ainda indefinida , prevista para 2005 e que englobará toda a América, exceto Cuba.

b) Ambos tiveram seu movimento mais forte de industrialização no pós-guerra, com base no forte endividamento externo e investimentos de multinacionais. A urbanização acelerada e a crise que se seguiu após as do petróleo da década de 1970 aprofundaram as desigualdades sociais, apesar do aumento do PIB. A industrialização ainda é fortemente dependente de tecnologia estrangeira , havendo pouca pesquisa interna . Portanto, apesar de Brasil e México serem países industrializados, possuem graves problemas sociais, o que os coloca no bloco dos países em desenvolvimento .



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