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Artigos-->Livros para não gostar de ler -- 23/03/2007 - 21:45 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Um dos maiores desafios do professor de literatura surge no momento de indicar livros para os alunos, sobretudo no Ensino Médio. Uma força poderosa apresenta-se nessa hora: a lista unificada FUVEST/UNICAMP que assombra os futuros vestibulandos. Estão nesse “index” clássicos da língua portuguesa, como Dom Casmurro, Vidas secas e A rosa do povo. Ninguém, abertamente, obriga o professor a adotar tais livros, mas família e escola ficam satisfeitas quando as variações não são muitas.

Há professores que nem precisariam de cobrança pois resolvem tudo rápido: dividem a lista dos livros obrigatórios em seis semestres, acrescentam um Libertinagem aqui, um Capitães de areia ali, um A hora da estrela acolá e pronto! Um livro por bimestre, e estamos lidos! É uma solução esperta e, em princípio, livre de qualquer crítica. Se alguém sugerir que outras opções sejam consideradas, o mestre já tem um argumento de ferro:

- A culpa é do vestibular! Não posso fazer nada.

De fato, a maioria das instituições de ensino pauta seus cursos de nível médio no desempenho em vestibulares. Vendem-se como uma porta de acesso para USP, UNICAMP, UNESP, UFSCAR, ITA. Esse posicionamento justifica uma abordagem de ensino-aprendizagem focada em conteúdo e resultado e determina a adoção de certos títulos em detrimento de outros. Burlar a lista padrão seria quase um crime contra o consumidor. Sem leituras e aulas específicas sobre os livros, como o aluno poderia atingir seu objetivo?

Essa pedra no meio do caminho que é o vestibular dificulta a vida daqueles professores que já perceberam que, sendo otimista, apenas 20% de seus alunos vão cursar uma faculdade de primeira linha. Muitos preencherão as vagas das poucas particulares competentes, mas que exigem menos dos candidatos. Outros serão vítimas de golpes de escolas picaretas. Grande parte nunca terá curso superior, por uma questão mercadológica simples: o bacharelado não poder ser para todos, pois não haveria vagas suficientes em cargos compatíveis com essa formação.

Quem é próximo de alguma escola, como aluno, pai ou colaborador, sabe que o nível de leitura entre os formandos do Ensino Médio está abaixo de qualquer crítica, tanto nas instituições particulares como nas públicas. É possível, talvez comum, encontrar terceiroanistas incapazes de apreender o sentido de textos simples. As explicações para essa triste realidade são muitas e nenhuma delas nos impede de fazer a pergunta: a escola é capaz de ensinar leitura?

Mesmo sabendo que a maioria lê mal e não tem interesse ou condições de mudar a vida através da universidade, ainda assim, coloca-se a FUVEST e a lista dos livros obrigatórios como norte . Para o aluno que tem o hábito de ler graças a uma combinação abençoada de fatores, dois ou três garotos ou garotas numa sala numerosa, a lista não é desafio. Eles lêem porque sentem prazer nisso e não porque são obrigados. Mas o aluno-leitor é exceção. A maioria vê a lista como um castigo e, ao fim, é isto que ela é: um instrumento de humilhação e exclusão. A leitura na escola brasileira é ensinada para quem não precisa aprender. Os que necessitam descobrir o poder libertador de um livro passam pelo desespero de até conseguir decifrar as letras, as palavras e as frases de Machado e Eça, mas sem enxergar sentido algum nelas. Esses alunos, que são muitos, não terão apenas notas baixas na prova. Darão, eles mesmos e para sempre, uma nota zero para o ato de ler.

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