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Artigos-->Campos, o emirado brasileiro . Miragem ou terra à vista? -- 08/11/2001 - 02:09 (Felipe Sáles) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O jornal dos EUA The Wall Street Journal, publicou no dia 5 de novembro uma imensa matéria com a manchete: “Campos, ‘o emirado brasileiro’”. Lá dizia que os campistas vivem “na contramão da crise que afeta a maior parte do Brasil”, e ainda fazem indagações a respeito de recessão e desemprego, como se os significados dessas palavras soassem como piada para os habitantes da terra dos índios Goytacazes.



Pela matéria, leitores estadunidenses e de toda a parte do mundo, souberam que o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil realmente funciona; que há asfalto e manilhas de esgoto nos mais diversos cantos da cidade; que escolas surgem por todos os lados; que um novo hospital com capacidade para 1200 pacientes por dia foi construído e que “as pessoas falam de educação, saúde e na ampliação de uma ciclovia no centro da cidade”. Isso tudo, continua o jornal, “graças ao subterrâneo rico em petróleo, cuja alta do dólar ajudou ainda mais a aumentar os royalties que devem, por lei, ser usados em obras de infraestrutura[…] Então, Campos lançou um programa de desenvolvimento com o qual a maioria dos mais de cinco mil municípios do Brasil nem poderia sonhar”.



Cada vez mais me convenço de que a mídia é capaz até mesmo de transformar pedra em ouro, ou, água em petróleo. É capaz também, de encher, com 15 reais, uma singela bolsa com inúmeros valores alimentícios, como fez o jornal dos EUA (se bem que nesse caso a esmola multiplicou-se pra 40 reais...) e a propaganda do governo federal, tendo a Dona Juscelena como atriz principal. Mas graças à globalização, a milagrosa “invenção” que une tudo e todos, posso aproveitar e mandar um e-mail a essa senhora e perguntar-lhe por quantos dias (horas?) essa fortuna encheu sua barriga... Inclusive aproveitaria o ensejo e diria que a vi outro dia numa reportagem sobre um gigantesco depósito de lixo em Campos, em que o governo da cidade, unido ao governo do Estado, prometera casas populares há meses atrás para as pessoas que lá sobreviviam. Mas pensando bem, esqueçamos o e-mail... Afinal, eram tantas pessoas nas montanhas de lixo que posso estar enganado quanto a sua identificação. Méritos às casas populares recentemente construídas, mas, de toda forma, não entremos na questão de que as pessoas que lá estavam queriam antes de tudo algo para comer, vide Betinho: “quem tem fome tem pressa”. Outro mérito: há realmente asfaltos e esgotos espalhados por vários pontos, mas infelizmente a ordem dos fatores altera o produto. Não entremos também na questão de que países desenvolvidos estão implantando outra matéria para fabricar ruas e estradas, visto que estudos mostram o asfalto como danificador do meio ambiente, dificultando a penetração da água na terra e aquecendo as cidades. Já o hospital, se ele for capaz de tratar, por exemplo, de um urgente aneurisma, ou que pelo menos não seja mais uma carnificina, louvemos. Quanto a pessoas falando de educação, saúde e ciclovia (!!!), só pode ser, aí sim, uma piada. Uma visita aos extremos “desenvolvidos” da cidade, verifica-se as pessoas falando não de ciclovia, mas, de “cicrovia”, pode até ser.



Será que o The Wall Street Journal referia-se ao mesmo “Campos” que eu?! Nesse “emirado brasileiro” há uma infinidade de árabes e/ou descendentes. Contudo, os reais sheiks têm parentesco só com o dinheiro; as ligações se constituem segundo a influência nos setores mais altos da sociedade; as odaliscas (de todo o Brasil, aliás) só se preocupam em mostrar (no mínimo,) a barriga nas colunas sociais; existe prisão apelidada de papel e há montanhas de concreto, onde, até segunda ordem, não abrigam nenhum terrorista. Ou pelo menos não com o mesmo tipo de armas nas mãos. Ouso dizer que “nosso emirado” é ainda melhor que os das Arábias, pois diferentemente de lá, em Campos (seguindo a lógica do texto do jornal dos EUA,) praticamente inexistem mortos de fome. Até porque, para os famintos brasileiros quando não há chacina, há cola.



Um Oásis chamado ALCA está sendo propagado entre os estadunidenses, já que a diplomacia só é bem vista quando é muito remota a chance de uma outra guerra acontecer, e, principalmente, ser capaz de ampliar os tentáculos em cima da maior necessidade norte-americana (o petróleo), levantar a indústria bélica e ainda uma economia que tinha a recessão como seu próximo passo. Tudo com o total apoio histérico da imprensa, e conseqüentemente, a maior parte da população.



Sugiro apenas que todos peçam à Alá (para que a ala dos canaviais entre bonito no próximo carnaval) que não surja nenhum “Osama Bin Laden Oliveira Soares” dos cafundós da Cidade de Deus, Tira-Gosto, Balieira ou outro lugar “extra-Campos”, e revolte-se com a concorrência dos diversos pontos de desmanches de carros, de distribuição do tráfico de drogas, ou mesmo qualquer garotinho que queira brincar de Bush.



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