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Contos-->Policarpo, conhecido, famoso e importante -- 17/05/2002 - 17:42 (Semi Gidrão Filho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Conhecido, famoso e importante.

Quando as pessoas passavam por ele um sorriso de afeto, quase reverencia, estampava-se em seus rostos, como que respondendo, no rosto dele também, entretanto, o sorriso de Policarpo era mais seguro, mais poderoso, mais próximo da arrogância e do prazer.
Se encontra-lo realizava prazer nas pessoas, cumprimenta-lo induzia um certo ar de orgulho.
-Era Policarpo o sábio.
Almanova, a insignificante cidade do não mais significante cerrado de parcas possibilidades produtivas de antão, orgulhava-se de abrigar tão eclético conjunto de conhecimento, bem como, de conhece-lo.
Em toda a sua extensão, do mais tosco casebre até as casas com sanitas internas, todo mundo conhecia Mestre Policarpo. Conhecia e reverenciava seus conhecimentos.
Certo dia, em um daqueles dias incomuns, para resolver questiúnculas burocráticas, restos de um antigo inventário de familiares distantes, o velho mestre largou seu torrão e, mesmo que contrafeito, foi ter na capital.
Pessoas de passos largos, aflitos e inexplicavelmente enlouquecidos ruflavam seus mocassins e coturnos como a pisarem na dignidade e pisotearem o respeito.
Ninguém se olhava, ninguém se sorria, ninguém se notava ou se quer se percebia.
Mesmo tendo vivido na capital na juventude, durante os tempos de estudante, os anos de Almanova, de convívio humano e harmônico com gente gente, com gente que ainda preserva o direito de ser gente, fizeram Policarpo se indignar.
-Não é possível, dentro destes tantos ainda deve permanecer, mesmo que um resquício, latente, algo de humano.
A indignação de Policarpo levou-o a reflexão e esta a ação, mesmo que conspurcado pela vida bucólica de Almanova, o velho mestre ainda era um livre pensador, ainda se exigia ação para a conclusão do pensar.
Como espada na guerra do ideal de vida social, desembainhou o sorriso, não aquele superior, não aquele ligeiramente orgulhoso que distribuía a seus convivas em Almanova, um outro, mais terno, mais afável, mais amigo e por certo mais cativante.
Sorria a todos, senhores, senhoras, meninos na idade, no modo de se trajar, no modo de se postar ou caminhar, velhos de todos os tipos, até mesmo para anciões infantis e adolescentes envelhecidos e suas carrancas amedrontadoras de provocar pavor até em si mesmo.
Inicialmente Policarpo provocava indignação, era um urubu no ninho de beija-flor, estranho, muito estranho.
Como as questões burocráticas, por menores que sejam, sempre ocupam mais tempo que se espera, a permanência de Policarpo na capital, estendeu se por mais alguns dias alem do esperado.
Persistente o velho mestre continuou com sua espada em riste, sorrindo, distribuindo sorriso, sem medir rumo ou direção.
A indignação das pessoas, já no terceiro dia de batalha, arrefecia e os sorrisos já não provocavam o costumeiro franzir de cenho, agora, mesmo que tímido um sorriso resposta era esboçado.
No quinto dia de estadia, Policarpo já era correspondido nos sorrisos e um ou outro comprimento rápido podia ser notado.
Quando retornava para o albergue no sétimo dia, palpitante de felicidade por ter recebido a informação que no outro dia concluiria seus afazeres com a ultima assinatura, qual não foi sua surpresa ao receber como resposta a um sorriso um significativo:
“Como está o senhor?”, como resposta.
No oitavo dia, quando todos os documentos estavam assinados, ainda na rodoviária, antes de adentrar o ônibus que o levaria a Almanova, Policarpo notou que sua batalha era vitoriosa, sem perceberem, as pessoas da capital estavam conversando entre si, cumprimentavam-se e principalmente sorriam.
A viagem de volta era sacrificante, ou Policarpo é que já na tivesse mais resistência física para ela.
A chegada em Almanova fez uma sensação de alivio e prazer tomar a Policarpo de assalto.
Sorriu a todos como nunca dantes.
Chegou em casa, depois de um banho frio e reconfortante entregou se ao velho catre e sonhou, sonhou profundamente.
Uma multidão do tamanho de Almanova seguiu o cortejo fúnebre.
Na lapide simplória a inscrição:

Aqui Jaz:
“ Policarpo, Resgate do Humanismo”
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