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Poesias-->O ônibus -- 13/06/2000 - 16:01 (Eduardo Henrique Américo dos Reis) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A viagem se inicia

Na janela estou eu

Mandando abraços

Pra família



É fim de tarde

E o sol é quente

A nuvem reflete os raios

Que estimulam a

Imaginação da gente



É longa nossa estrada

Pessoas desconhecidas

Juntas nesta caminhada



São tipos vários de ser humano

Adultos, jovens e crianças,

Até estilos mais profanos



Gordas Kellys, meninas, belezas

Pessoas humildes e crianças

Vesgas



As plantações de laranja

Dominam a região

Quando solo não é só verde

De pasto sem produção



Tudo passa pela vista

Fazendas, ricas chácaras

O andarilho solitário

Carregando sua mala



As pessoas barulhentas

Insistem em falar

O velho, com saudades,

Começa a chorar



O empresário estressado

Não pára um segundo

Com o Le Monde na mão,

Se informa sobre o mundo



É longa nossa estrada

Pessoas desconhecidas

Juntas nesta caminhada



Um homem chama atenção,

Um senhor, um sertanejo

Deixou o amor pra trás

Sem despedida e sem beijo



Os olhos do homem

Me fazem imaginar uma vida

Trabalho rural, criança!

(analfabetismo humilha!)



A noite começa a cair

A fadiga de repente explode

Ainda tem muito por vir

Poucas horas de viagem



O gado come e baba

Por todos cantos do trajeto

E o fazendeiro na charrete

Conduz seus objetos



Um menino de olhos grandes,

Mais ou menos oito anos,

Observa as pessoas

Como se soubesse o que estão pensando



Ao lado do parque de diversão,

As crianças pequeninas

Apontam com as mãos



As mães desligadas

Ignoram e prendem

Os olhos na estrada



Numa rodoviária nunca vista

Homens tomam cerveja

Mendigos pedem esmola

E mulheres caminham à igreja



As nuvens lá no céu

Criam desenhos distintos

Ariadne é seduzida

Pelo deus do vinho no labirinto



Dois homens de idade,

Amigos desde a infância

A muito não se viam

Recordações, lembranças



Todos procuram forma

De enganar o tempo

Uma família joga baralho

Enquanto eu escrevo



As horas vão passando

As pessoas a conversar

Aflitos para seus destinos

Logo alcançar



Os farofeiros fazem a festa

Com os rangos embalados

Os odores se misturam,

Parece tudo estragado



Deus é o nome mais requisitado

Na farofa, no andarilho,

Nos dois homens e no baralho



A noite escura caiu de vez

Vários companheiros vão adormecer

Já não vejo as nuvens, não vejo a lua

Cresce o frio na noite crua



O inverno é rigoroso,

Mas o dia estava bom,

Que a noite seja igual

E acompanhe este motor



Um senhor muito curioso

Tenta ler minhas palavras

“Desculpe meu amigo,

Mas isso muito me embaraça”



A garotinha me oferece

Um gole de Coca-cola

E a família do baralho

Canta músicas religiosas



Agora as pessoas se conhecem

E o barulho não termina

Já fazem alguns minutos

Que entramos em Minas



Uma bahiana explica para o sobrinho

Porque têm que ir embora

“São Paulo não é bom,

só trás pobreza”, diz a senhora



“Eu vou pra terra, pra Brasília,

Onde a burguesia é esperta

Construção de socialista,

Onde a monarquia impera”



Disse, eu, ao idoso do meu lado

Que insistia em ver minhas palavras

O velhinho abriu os olhos:

“Eu concordo”, desabafa



Passamos ao lado de um campo

Tenho certeza, eram flores

Um abraço ao sertanejo

Que ao dormir sonha amores



De São Paulo ao DF

A distância não é pouca

As diferenças são enormes

Pessoas aprendem umas com as outras



As pessoas da jornada

Em meados se tornam amigas

Algumas ficaram pela estrada

Outras seguiram a sina



E aqui termina meu trajeto:

A cidade de Brasília



Estou aqui na terra,

Na cidade de Brasília

Onde a burguesia é esperta,



Construção de socialista,

Onde a monarquia impera

E eu ainda sonho com justiça



Adeus para os que seguem

Estes seus diversos caminhos

Lembrem uns dos outros

E nunca estarão sozinhos

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