Um Policarpo Qualquer
A casa de Policarpo estava por terminar.
Iniciada em um subúrbio qualquer, em uma quadra qualquer, de
qualquer rua.
Sem medir distancia do ponto de ônibus, menos ainda do trabalho,
que no caso de Policarpo também era qualquer, estava lá,plantando
a vida e o futuro, dele e dos seus, a qualquer sorte.
Biscateiro por conveniência, Policarpo realizava qualquer
trabalho, evidentemente com uma qualidade qualquer, que sem
parâmetros, obedecia a um ritmo qualquer, em estágios quaisquer de
exigências, com responsabilidade ou sem responsabilidade
qualquer, por qualquer tempo.
Como profissional de muitas habilidades e sem nenhuma especial,
sujeitava-se a remuneração qualquer, a respeito qualquer e a
dignidade qualquer, sem perceber que dignidade ou é específica ou
indigna.
Nesta vida de coisas e condutas qualquer, sem sonhos e
realizações significativas, de qualquer modo; Educava, alimentava e
amava aos seus,como outro qualquer.É claro que nestas condições
quaisquer, entre o legítimo e o digno, infinitos desejos da esposa e
dos filhos acabavam por ficarem para uma hora qualquer, inclusive
os mais elementares, a exemplo: o de olhar o prato e encontrar um
digno alimento qualquer.
Não havia tempo ou momento que uma dificuldade qualquer não
incomodasse.
Como o tempo cura o queijo e oxida qualquer coisa que exista ou
seja, os filhos seguiram, cada um, distintos e caminhos quaisquer.
A esposa, sem nunca se negar a Policarpo, aprendeu a entregar-se
a qualquer outro em troca de algo qualquer.
Em fim, uma miséria qualquer.
Um dia, motivado por um delírio qualquer, usando um recurso
qualquer, suicidou.
Entre as valas comuns de um cemitério qualquer, sem lágrimas ou
inscrição qualquer, queda um corpo qualquer.
Findo, de qualquer modo.
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