Frei Betto merece aplausos por estes dois parágrafos:
"Por falar em palavras, uma que precisa perder espaço nos dicionários e em nosso vocabulário é raça, quando aplicada a seres humanos. Segundo a biologia, ela não existe. Há tão-somente a espécie humana. Nossas individualidades e identidades não são construídas a partir da coloração epidérmica, e sim da multidimensionalidade de nossa interação social. Portanto, não faz sentido falar em Estatuto da Igualdade Racial ou em Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
Precisamos construir uma sociedade e uma cultura desracionalizadas. Como afirma o cientista Sérgio Danilo Pena, do Projeto Genoma Humano, `um pensamento reconfortante é que, certamente, a humanidade do futuro não acreditará em raças mais do que acreditamos hoje em bruxaria. E o racismo será relatado no futuro como mais uma abominação histórica passageira, assim como percebemos hoje o disparate que foi a perseguição às bruxas` ".
Frei Betto, no artigo "Casa Branca, presidente negro" (Correio Braziliense, 21/11/2001, pg. 21).