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Contos-->epicuro -- 10/02/2002 - 22:18 (Rafael Vieira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
As paredes cinzas serviam de proteção para os vários garotos e garotas que moravam no Colégio Epicuro. Colégio interno, muito severo, ao qual eram mandados tanto crianças problemáticas quanto de famílias abastadas, que queriam que seus filhos pudessem ter educação rígida e concentrada para terem oportunidade de estudar em alguma grande faculdade do exterior, coqueluche da época. Além disso, a vivência sem a presença da família já seria importante para prepará-los para viver em outro país.
Raul pertencia ao primeiro grupo. Um verdadeiro brucutu, com dezessete anos, idade pronta para sair, morava lá desde os cinco, quando fora deixado pelos pais sem perspectiva de que voltassem para buscá-lo. Com uma dívida moral, era respeitado por colegas e professores; os primeiros o temiam ou viam como irmão mais velho, ou ambos, e os segundos o queriam pela disposição a ajudar, seja fazendo papel de bedel, buscando os materiais na sala dos professores, ajudando na enfermaria...enfim, Raul era, fora do corpo doscente, a figura mais importante de Epicuro.
Jaime, por sua vez, pertencia ao segundo grupo. Recém chegado, com quinze anos, educação de fazer altura à da Família Real Britânica, ainda um pouco deslocado no novo ambiente.
Raul, de presto, foi em seu auxílio, seria seu “tutor” dentro de Epicuro, atitude vista com bons olhos pelos professores e bedéis, auxiliando Jaime a se integrar. “Fique longe de Fulano”, “aquele garoto joga bem futebol”, e outras dicas de relevância para aquele mundo eram passadas.
Além de dicas, também proteção. Era normal que muitas vezes houvesse atritos entre os colegas, uma vivência como esta cria uma série de situações, algumas tortuosas, nada de anormal. Aí o tamanho de Raul se fazia valer: se não conseguisse resolver com sua presença, usava de seus punhos para consertar tudo. As autoridades de Epicuro faziam vista grossa a esse tipo de atitude de Raul, pois sabiam da sua importância como elemento de coesão da turma e que não fazia por maldade, tanto que se houvesse alguma coisa mais séria com o outro, não guardava rancor e se dispunha a ajudar a enfermeira com o mertiolate e ataduras.
Em um dia, jogando futebol à tarde, Jaime mostrou que o tempo aprendendo como se comer à francesa poderia ser dividido com o de aprender a chutar uma bola. Jogou de forma bisonha, e provocou a revolta de um de seus companheiros de time, João que findo o jogo, foi lhe peitar. Jaime ficou sem reação, com medo, mas isso não comoveu o jogador, que ainda lhe acertou um soco no olho esquerdo. Jaime caiu, ensaiou um choro, e antes que lhe viessem lágrimas, Raul já estava chegando, pronto para dar ao agressor uma dose do próprio remédio.
Depois de resolver o atrito, Jaime foi levado à enfermaria por Raul, que lhe aplicou uma pomada. “Calma, enquanto eu estiver aqui, nada vai lhe acontecer”, e soprou seu olho. Jaime sorriu aliviado pela pomada e pela jura de proteção.
O tempo se passou, e a amizade entre os dois se fortaleceu. Faltava um semestre para o fim do ano, mas provavelmente Raul continuaria em Epicuro. Vivera a vida inteira lá, não tinha motivo para sair, poderia continuar trabalhando exercendo a mesma função que já fazia, o que por sinal, deixava Jaime tranqüilo.
Nessa amizade, entrou uma nova figura, Jaime começara namoro com uma garota do alojamento feminino, Roberta, de mesma idade à sua. Naturalmente, ambos os garotos continuavam se falando, mas agora em menos intensidade.
Raul, como sempre pensando no bem dos outros, em particular quando era de um grande amigo seu, decidiu ter uma conversa com Roberta. “O Jaime é meu amigo. É bom você não fazer nada que o magoe, do contrário vai ter que me dar algumas explicações.” Saiu sem falar mais nada, não se mostrava muito disposto a ter um grande vínculo com a namorada de seu amigo.
Entretanto, não foi a última vez em que falou com ela. Diversas vezes foram vistos indo juntos para o quarto de um deles, outra regalia que apenas Raul tinha, era proibido em Epicuro que as meninas ficassem no quarto com meninos.
Um dia, Roberta decidiu acabar o namoro com Jaime. “É complicado, você não entenderia se eu explicasse, então nem vou tentar. É melhor para ambos.” Jaime ficou arrasado, e foi falar com seu amigo Raul, que estava em seu quarto olhando para uma rachadura no teto. Sentaram-se sobre a cama, Jaime contou o ocorrido. Raul agia como se soubesse o que havia acontecido. “Ela não era para você, deixa isso, vai aparecer alguém melhor...”. Nem bem terminava a frase, suas mãos iam em direção às coxas de Jaime, que levantou num sobressalto. “O quê você está fazendo?! Pare, por favor!” Raul levantou-se. “Calma, está tudo bem, tudo vai ficar bem..” , e dirigiu-se a Jaime.
Mas Jaime não tinha o menor interesse, e quando Raul veio chegando mais perto, desferiu-lhe um chute potente, que não conseguira dar na bola na vez em que apanhou, na virilha de Raul, que se contorceu de dor. Jaime aproveitou a deixa para sair correndo. Naturalmente, perdera seu protetor.
Todos em Epicuro viram o distanciamento entre os dois. Esta foi a oportunidade que João viu para se vingar. “Quero ver você me encarar agora que não tem mais o seu amiguinho...”
Jaime apanhou como nunca, teve o nariz quebrado e outra vez um olho roxo. Após ser atendido na enfermaria, dizendo que se machucara ao cair de uma escada de cara no chão, pois sabia que se dedasse João seria pior, dirigiu-se ao quarto de Jaime.
“Você venceu, pode fazer comigo o que quiser”.
No dia seguinte, João aparecera com o braço quebrado, Raul e Jaime voltaram a andar juntos, e via-se em Raul uma cada de satisfação como a tempos, talvez nunca, tivessem visto. Jaime não partilhava de seu sorriso
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