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Contos-->Socializando o Tucunaré -- 18/05/2002 - 16:46 (Semi Gidrão Filho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Socializando o Tucunaré

Acho que nasci comunista.
Não me identificava com os barbudos, os pensadores do meio estudantil e acadêmico, aqueles de palavras de ordem e gestos fortes, de braços estendidos socando o inatingível ruma às nuvens do céu, talvez por achar tudo aquilo muito masculino e sempre ter preferido a leveza e a ternura das doces curvas femininas. Sempre preferi o vermelho nos lábio carnudos das morenas que nas veias de ruivas, nos olhos dos inconformados, mas ainda assim, sempre fui comunista.
Só hoje compreendi que sempre fui comunista, não daqueles que gritavam contra este ou aquele conforto que alguém pudesse dispor, mesmo que este conforto significasse uma Mercedes com banco de couro e faróis azulados de vidros de diamantes, nunca quis tirar de ninguém, quis, quero e continuarei sempre querendo ofertar a todos, nunca achei errado alguém ter uma ou mais Mercedes, errado é todos não poderem ter uma ou mais Mercedes, e dessa forma, sempre fui comunista, sempre querendo multiplicar riquezas para que todos pudessem desfrutar delas.
Outra verdade é que sempre entendi por riqueza, valores muito maior que as posses de bens e coisas, sempre entendi por riqueza, um complexo exercício de paz e prazer ao qual todo mundo insiste em chamar de felicidade.
Assim, comunistamente, sempre quis e quero produzir e distribuir riqueza, permitir a todos e me permitir, gozar, ter, dispor e desfrutar de riqueza.
Entre as tantas e inumeráveis riquezas que a existência me proporcionou, em quase tudo me deparo com tesouros e mais tesouros, é nos momentos de pescarias, quando me abraço à simplicidade aconchegante do espetáculo dos espetáculos, a natureza, é que me sinto mais rico, mais completo.
Foi exatamente em um destes desfrutes do supremo tesouro que pude perceber que a multiplicidade da riqueza não depende da quantidade do bem, mas essencialmente do uso que se faz dele.
Chegamos ao Lago da Serra da Mesa, como de costume, para desfrutar do final de semana prolongado que o feriado da quinta-feira nos oportunara, Éramos oito e nos tornávamos infinitos ao sabor das geladas que nos acompanhavam as gargantas desde a saída.
Entre nós não havia distinções perceptíveis, não éramos isso ou aquilo, não tínhamos cargos ou funções, estávamos e éramos companheiros.
Durante os dias que estivemos mergulhados no paraíso, o lago, a paisagem, o frescor da brisa, o calor doce do sol sorridente, a amizade e a ternura que fazia de nosso grupo um único corpo, foram em tudo abundantes, escasso foi unicamente o pescado, contudo termos tido todas as oportunidades para realizar o intento de tirar d água vários e vários peixes, brincalhona, a mãe natureza, nos ofertou uma única realização, grande, bonito, digno de registro fotográfico, mas único.
Sóbrio, éramos oito, todos indistintamente partícipes do feito, indistintamente vitoriosos no êxito único, sem comentar, sem discutir, sem afirmar ou racionalizar providenciamos que cada um individualmente fosse fotografado com nosso troféu e depois o ensopamos e comunistamente o devoramos com prazer de lambuzar os lábios.
Já no escritório, roubando das responsabilidades diárias alguns mínimos minutos, abri o envelope de fotos que havia chegado da revelação, folheando os retratos de cada um de nós em pose com o único fisgado da pescaria, pude entender que sempre, desde criança, fui comunista.
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