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Artigos-->Professores que não sabem ler -- 23/04/2007 - 20:32 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Como professor de língua portuguesa, acredito que a capacidade de ler transforma um homem em cidadão. Não apenas a leitura de textos verbais, mas a leitura de mundo. Sem ler o que o cerca, o homem é o pior tipo de cego que existe: aquele que não pode ver, embora enxergue. Nessa categoria estão muitos alunos que chegam à faculdade ou ao mercado incapazes de entender enunciados mínimos em língua portuguesa. São analfabetos funcionais que engrossam a massa usada em todo tipo de manobra política.

Um conjunto de fatores está na raiz desse problema. Mesmo sabendo disso, cometerei o pecado de sugerir algo simples: o professor que não gosta de ler não vai conseguir ensinar leitura aos alunos. Os mais otimistas ou ingênuos dirão que é calúnia, que todo professor adora ler, pois isso seria um pré-requisito para a docência. Como a leitura é uma atividade sem prestígio na maioria das famílias, o professor é considerado alguém diferente do “ser humano comum”, uma espécie de erudito acima de qualquer falha. Alguém que lê e entende tudo.

Quem perder um pouco de tempo pensando na formação de professores, no entanto, vai perceber que eles, sobretudo os mais jovens, também são produto do mesmo ensino deficiente do qual seus alunos fazem parte. Muitos professores são maus leitores pois não aprenderam a ler. Ensinarão o que sabem a seus alunos: uma apreciação de conteúdos superficial, colonizante e pouco libertadora. Ensinarão a “má leitura”, a menos que tenham uma chance de aprender a “boa leitura”: crítica, profunda e transformadora.

Professor que não sabe ou não gosta de ler deve voltar para a sala de aula na condição de aluno. E não só os professores de língua portuguesa, literatura e redação. Todos. Nenhum professor de exatas ou biológicas precisa estudar Letras, mas deve ser um usuário excelente da língua e da linguagem, pois ele também ensina seus alunos a ler. Conceitos, enunciados e vida.

A iniciativa de organização de cursos de leitura para os professores do Ensino Básico deve partir das escolas sérias, públicas e privadas. As tais Horas de Trabalho Pedagógico, as HTPs e similares, hoje cumpridas mais como evento social ou recreativo, acomodariam muito bem as oficinas intensivas de leitura. O resultado, em alguns anos, seria transformador. Antes, porém, cada professor deve assumir que precisa, enfim, aprender a ler. Um exercício de humildade para o qual poucos parecem ter disposição.

Há muitas justificativas dadas pelos docentes para escapar do encontro com as próprias deficiências, fuga que em si mesma já mostra uma incapacidade de ler o óbvio: o aluno que entra na escola e sai dela do mesmo jeito que entrou vai perceber que, assim como está, o ensino não serve para nada. Cada vez mais rápido, o jovem concluirá que, para aprender a “má leitura”, ele não precisa de professor. E não precisa mesmo.

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