SOLILÓQUIO DE UM SUICIDA
Pois descendo aos ergástulos me vi
Vale estreito da morte a percorrer,
Assim como ao esprito é de soer
Quando renega sua carne aqui.
Adiante avistei todos que traí,
Sua ira infinda a uivar e escarnecer.
Preso pela loucura de morrer,
Vez mais morro em prisão que eu mesmo ergui.
E, sob grasnos de abutres carniceiros,
Observei taciturnos dois coveiros:
Era um a minha mente.; outro, a consciência...
Choro... Pela dor desse corpo morto
Choro. Pela dor do funesto aborto
Da desgraçada e pútrida existência.
MAURICIO DE MELO PASSOS |