LUZ NO CÉU
Ao clamar não partir, por ora, a lua,
Permito-me aclarar o meu porquê:
Elevou-se-me em gáudio a visão sua,
Perante luar da noite mais bela,
Qual estrela primeira que se vê.
Tomei-lhe, terno, o seio sob tutela,
Lembrando a rosa que o botão oculta,
Sem olvidar o olor da flor-mulher.
Sentindo nobre amor que a mi faculta,
Transcende-me a verve, em desejos meus,
De poeta, todo incenso que se der.
Um aljofre, porém, trouxe-me o adeus.
E logo avistei anjos a chegar,
Levando-me vez mais à Terra, enquanto
Ascendendo ao Supremo a vi passar.
Mas, inda que lembre a verdade crua,
No Céu u’a luz há de brilhar porquanto
Torno a clamar: não se vá, linda lua...
MAURICIO DE MELO PASSOS |
