Hoje se comemora o dia da caatinga, mas os nordestinos não têm muito do que festejar. Somente muita tristeza e preocupação com o futuro deste singular bioma; desta vegetação típica que cobria todo o Nordeste brasileiro e parte do norte de Minas. Em algumas regiões já se pode ver a amostra do seu estrago. Removida a sua cobertura natural, a caatinga virou terra nua e o chão esturricou-se. Areia pura, sem vida. Uma gigantesca faixa de terra de 1.338.000 Km2, que começa no Piauí, passa por todos os estados nordestinos e termina no norte de Minas. Nela, vivem 31 milhões de brasileiros, em 1.204 municípios; o equivalente a 15% da população do país. É o retrato da depredação da natureza, da ignorância humana e do descaso dos governos, que tiraram muito proveito da famigerada “indústria da seca”. Naquelas pequenas cidades sertanejas, os fornos das padarias ainda são alimentados pelo que resta da caatinga rala. É uma tristeza ver nas portas daqueles estabelecimentos os montes dos pequenos troncos retorcidos aguardando a sua vez. Ou das inúmeras carvoarias que, no planalto central, alimentam os fornos das grandes indústrias siderúrgicas. O tema vem sendo discutido pela comunidade internacional desde 1977, mas ainda não apresentou resultados práticos. Pelo andar da carruagem, em poucos anos, e se nada for feito, o sertão poderá se transformar num imenso deserto, com inúmeras conseqüências danosas à sua gente. Uma questão de tempo. E enquanto nada acontece, o sertanejo continuará migrando para o sul, enchendo as grandes cidades, fugindo das secas medonhas, do seu chão que lhe dera tantas alegrias.
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