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cronicas-->UM DIA DE MERDA (Verídica) -- 28/02/2002 - 20:52 (Paulo Fuentes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Aeroporto de Santos Dumont, 3:30.

Senti um pequeno mal estar causado por uma cólica intestinal, mas nada que uma urinada ou uma barrigada não aliviasse.

Mas , atrasado para chegar ao ónibus que me levaria para o Galeão, e onde partiria o vóo para Miami, resolvi segurar as pontas.

Afinal de contas são só uns 15 minutos de busão."Chegando lá, tenho tempo de sobra para
dar aquela mijadinha esperta, tranquilo. "o avião só sairia as 16:30."

Entrando no ónibus, sem comentários. Senti a primeira contração e tomei consciência de que minha gravidez fecal e chegara ao nono mês e que faria um par de cócoras assim que entrasse no banheiro do aeroporto.

Virei para o meu amigo que me acompanhava e , sutil, falei: "Cara mal posso esperar para chegar na merda do aeroporto pq preciso largar um barro".

Nesse momento senti um urubu beliscando a minha cueca, mas botei a força de vontade para trabalhar e segurei a onda.

O ónibus nem tinha começado a andar quando para
meu desespero, uma voz disse pelo alto falante:

- "Senhoras e senhores, nossa viagem entre os dois
aeroportos levara em torno de uma hora, devido à obras na pista .

Aí o urubu ficou maluco querendo sair a
qualquer custo. Fiz um esforço fenomenal para segurar o trem merda que estava para chegar na estação anus a qualquer momento.

Suava em bicas.

Meu amigo percebeu e, como bom amigo que aproveitou para tirar um sarro. O alivio provisório veio em formas de bolhas estomacais, indicando que pelo menos por enquanto as coisas tinham se acomodado.

Tentava me distrair vendo TV mas só conseguia pensar em um banheiro, não com uma privada, mas com um vaso sanitário tão branco e tão limpo que alguém poderia botar seu almoço nele.

E o papel higiênico então: branco e macio, com textura e perfume e, ops, senti um volume
almofadado entre meu traseiro e o assento do ónibus e percebi, consternado, que havia cagado.

Um coco sólido e comprido daqueles que dão orgulho de pai ao seu autor.

Daqueles que da vontade de ligar pros amigos e parente para convidá-los a apreciar na privada.

Tão perfeita a obra, dava pra expor numa bienal.

Mas sem duvida a situação tava tensa. Olhei para o meu amigo, procurando um pouco de solidariedade, e confessei sério:
- "Cara, caguei."

Quando meu amigo parou de rir, uns cinco minutos depois, aconselhou-me a relaxar, pois agora esta tudo sob controle.
- "Que se dane, me limpo no aeroporto"
-"Pior que isso não fico".

Mal o ónibus entrou em movimento, a cólica recomeçou forte.

Arregalei os olhos, segurei-me na cadeira, mas não pude evitar, e sem muita cerimónia e anunciação, veio a segunda leva de merda.

Desta vez , como uma pasta morna.

Foi merda p/ tudo que é lado, borrando,
esquentando e melando a bunda, cueca, barra da camisa, pernas, panturrilha, calças, meias e pés.

E mais uma cólica anunciando mais merda, agora líquida, das que queimam o fiofó do freguês ao sair rumo a liberdade. E depois um peido, tipo "bufa", que eu nem tentei segurar,
afinal de contas o que era um peidinho para quem já estava todo cagado ?

Já o peido seguinte foi do tipo que pesa e me caguei pela quarta vez.

Lembrei de um amigo que certa vez estava com tanta caganeira que resolveu botar modess na cueca , mas colocou as linhas adesivas
viradas pra cima e quando foi tirá-lo removeu metade dos pelos do rabo junto.

Mas era tarde demais para tal artifício absorvente.

Tinha menstruado tanta merda que nem uma bomba de cisterna poderia me ajudar a limpar a sujeirada.

Finalmente cheguei ao aeroporto e saindo apressado com passinhos curtinhos , supliquei ao meu amigo que apanhasse minha mala no bagageiro do ónibus e a levasse ao sanitário do aeroporto para que eu pudesse trocar de roupas.

Corri ao banheiro e entrando de boxe em boxe,
constatei a falta de papel higiênico em todos os cinco.

Olhei para cima e blasfemei :

- "Agora chega , né "?

Entrei no último, sem papel mesmo, e tirei a roupa toda para analisar minha situação ( que concluí como sendo o fundo do poço) e esperar pela minha salvação, com roupas limpinhas e cheirosinhas e com ela uma lufada de dignidade no meu dia .

Meu amigo entrou no banheiro com pressa, tinha feito o check-in e ia correndo tentar segurar o vóo jogou por cima do boxe o cartão de embarque e uma maleta de mão e saiu antes de qualquer protesto da minha parte .

Ele tinha despachado a mala com roupas.

Na mala de mão só tinha um pulóver de gola "v".

A temperatura em Miami era de aproximadamente 35 graus.

Desesperado comecei a analisar quais de minha roupas seriam, de algum modo, aproveitáveis.

Minha cueca, joguei no lixo.
A camisa era história.
As calças estavam deploráveis e assim como minhas meias, mudaram de cor tingidas pela merda.
Meus sapatos estavam nota 3 , numa escala de 1 a 10 .

Teria que improvisar .

A invenção é mãe da necessidade.

Então transformei uma simples privada em uma magnífica máquina de lavar.

Virei a calça do lado avesso, segurei-a pela barra e mergulhei a parte atingida na água.

Começei a dar descarga até que o grosso da merda se desprendeu.

Estava pronto para embarcar, saí do banheiro e
atravessei o aeroporto em direção ao portão de embarque trajando sapatos sem meias , as calças do lado avesso e molhadas da cintura ao joelho
(não exatamente limpas) e o pulover gola "v" sem camisa.

Mas caminhava com a dignidade de um lorde.

Embarquei no avião, onde todos os passageiros estavam esperando o "rapaz que estava no banheiro e atravessei todo o corredor até o meu assento, ao lado do meu amigo que sorria.

A aeromoça aproximou-se e perguntou se eu
precisava de algo . Eu cheguei a pensar em pedir 120 toalhinhas perfumadas para disfarçar o cheiro de fossa transbordante e uma gilete para cortar os pulsos, mas decidi não pedir :

- "Nada,obrigado.

- Eu só queria esquecer este dia de merda !!!"

De : Luís Fernando Veríssimo
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