Deixa que eu viva minha loucura
Meu surto rebelde e contestador
A esculhambar divertidamente
Com a cara pândega do mundo
Onde dominam os idiotas
Os capitalistas ensebados
Intelectuais de gabinete
A igreja, os democratas, os hipócritas...
Cambada de doutores imbecis, débeis
Que institucionalizam a barbárie
Criam regras, recriam prisões pisikicas
Reafirmam Adão e Eva,
A validade da Igreja
Acreditam mais no capeta, no diabo,
No troço, no coisa ruim, no satanás
Que em Deus, em Alá, em Javé, em Jeová,
Mais na cousa feita, na macumba, no trabaio
Que na prece, na oração, na reza
Na boa intenção
Acreditam mais no que está
Do que naquilo que AINDA pode ser...
Medo têm de mudar
De revolucionar. Revolução já!
Metralhemos os inimigos do nosso povo!
Pratiquemos a antropofagia!
Sonhar é proibido, é infantil!
É panfletário, é apocalíptico!
Deram cicuta para o sonho...
ELES Mataram o sonho...
Mataram o sonho, mataram os poetas!
Quem dorme não ganha dinheiro...
O ócio pelo NEGócio
O Papa é um qualquer de batina
Cambada de filho da puta
Que deviam assentar o cu
E ler o que tem de ser lido
Ao invés de ficar ruminando...
Mascando as letras sujas,
Das páginas de esportes
O capeta não existe!
Existem os ianques
Os ingleses cultivadores de papoula
Imperialistas, ladrões!
Existe de ruim
A elite cafetina “nacional”
Existe a ambição
A vontade anal de acumular
A vontade oral de chupar
De sugar, de poluir, de contaminar
Animais irracionais sem gozo
Pretensiosos
Que se dizem racionais
E ainda não notaram
Idiotas!...
Que são prostitutos, putas
Vagabundos, viciados, cativos
Dependentes químicos, psicológicos
Do dinheiro...
Dão sua vida por ele!
Feliz fico por saber
Que TODOS um dia
Por mais ricos que sejam
VÃO MORRER...
E tudo aquilo que nas pregas
Com afinco seguraram, guardaram...
Deixarão para o mundo!
Por isso, deixem-me com minha loucura
Com minhas aspas mágicas
Com minhas reticências sacanas,
Ignorantes, misteriosas, loucas!
Com os erros gramaticais,
Com a lâmina afiada das letras, das tintas...
Com o céu e a terra
Com a atmosfera podre e pesada
Com o álcool
Com a doença
Com a hepatite
Com a loucura
Com a xoxota
Com as olheiras
Com os devaneios que um dia...
Lima Quaresma,
Policarpo Barreto,
Glauber de Andrade,
Oswald Rocha...
E outros loucões...
Devanearam!
Estrumes no curral...
Acúmulo de merda enlatada
Animais cegos, tacanhos
Incapazes de enxergar nas entrelinhas
O cromatismo sujo do mundo,
A sutileza da arte,
A beleza do comunismo,
A cosmicidade da poesia,
O picareta travestido de intelectual,
A singeleza da mulher...
APRENDERÃO!
Pobres pobres pobres pobres coitados
Num dia escuro e fedido... APRENDERÃO!
Salva-me por hora
Uma palavra mágica
Ela anestesia
Remete a mais uma doce dose...
Fantástica, incrível e brilhante panacéia...
Para todos vocês
Que ainda insistem em não pensar
Em continuar como um nada absoluto
Como merda de cachorro chutada, pisada
Em seu mundinho construído pela TV
Pelas regras gramaticais
Pela cotação do dólar
Pela bolsa de valores
Pelas leis IMPOSTAS pela democracia
Aí está a palavra:
FODA-SE!
Um dia...
APRENDERÃO!
Pelo sofrimento,
Pelo sangue,
Pela morte,
Pela sujeira na consciência...
APRENDERÃO!
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