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Artigos-->Quanto vale o show? -- 18/05/2007 - 18:02 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Aqueles de quilometragem mais alta têm na memória a voz rouca de Aracy de Almeida respondendo a pergunta acima com um mau humor até hoje sem igual na TV brasileira: “Cinco mangos!”. Faz tempo. O suficiente para o Show de Calouros deixar de ser uma opção interessante de lazer para o fim de semana. Quem agüenta ficar em casa no sábado à ou domingo à tarde acompanhando a programação da TV aberta? Mesmo você que pode pagar canais por assinatura deve andar enjoado das reprises do Friends e do Seinfeld. O DVD ou o VHS são opções para um ou outro fim-de-semana. Mas a gente não só comida. E é esse querer além do banal que complica as nossas vidas.

É difícil afirmar o que é barato ou caro quando o assunto é lazer, cultura, arte. Não me refiro ao ato de botecar, muito apreciado pelo brasileiro; esse tem preço quase igual num ou noutro bar, variando um pouco de acordo com as opções de cardápio ou do couvert do músico. Um casal gasta entre trinta e quarenta mangos da Aracy para beber umas cervejas, comer uma porção-de-qualquer-coisa com catupiry e ouvir uma bandinha meia-boca. Talvez cinquenta, vinte cinco para cada um. Você pode achar caro ou barato, dependerá do tamanho da sua conta corrente ou da potência do seu cartão de crédito. Mas a conta do bar é um histórico bem discriminado e objetivo do que foi consumido e quanto custou cada item da esbórnio. Cerveja, três reais; Minduin, quatro e cinquenta; couvert artístico, quatro reais. Tudo com Master Card, Visa ou Rede Shop. Como avaliar, no entanto, se é caro ou barato aquilo que não tem preço, como o prazer que um bom show musical? Como saber se o que você sente com cada nota emitida por um violão ou entoada por um raro gogó equivale aos reais deixados na bilheteria? Parece mesmo difícil definir algo assim tão subjetivo. Mas tem artista abusando dessa subjetividade.

Zizi Possi é uma. Ou seria Zizi Posses? Há poucos anos, Zizi fez um estrondoso sucesso com o show italianíssimo Per Amore. Não vi o show, mas quem viu jura que era um primor. Boa música, boa produção, ótima direção (do irmão da cantora). Apostando nessas referências, umas centenas de ribeirãopretanos pagaram oitenta!!! reias para ver o novo show da diva, agora Para Inglês Ver. Quarenta para estudantes, professores, idosos e também para caridosos que doassem alimento a um projeto assistencialista do qual não me recordo o nome. Se o espetáculo fosse um terço do que tinha sido o anterior, lucro! Mas não foi. Aliás, foi constrangedor. Pedro II lotado, todos glamourosos, disputando o melhor lugar com elegância. No palco, antes da entrada de Zizi, um piano, um teclado e um note-book. Machintosh. Avisos, sinais e acessos de tosse, entra o maestro e, depois, ela, muito bem vestida, ao menos à distância. De bom sobre o show só podemos citar mesmo o figurino. A primeira música não empolgou, mas o casal cinquentão no balcão nobre tinha certeza que era só um aquecimento e que, dali a pouco, os outros múscos sairiam da coxia com notas ousadas e versões inovadoras de clássicos americanos e britânicos; já a jovem punk na primeira fila esperava a hora de treinar seu assovio agudo reservado para o clímax oferecido pela banda.

Nada disso aconteceu. Os oitenta ou quarenta reais – e mais os sete do estacionamento - que sairam do bolso de empresários, estudantes, homens, mulheres, desempregados e até de caridosos foram retribuidos com um show sampleado, grande parte rodado de um computador, no qual a diva sem vida deixou a dúvida se dava alguma importância para a platéia ou se apenas estava aproveitando o sucesso de Per Amore para arrancar um extra dos tontos do interior. Agora entendi: era só “para inglês ver”, com todo o sentido dissimulador que a expressão guarda. Bobinho eu!

Quanto valeria esse show da Zizi Possi, com marketing de super produção? Menos que o show da portuguesa Eugénia Melo e Castro, oito reias, quatro se meia-entrada. Um show montado no apertado auditório do Sesc, quase uma audição particular para pessoas de muita sorte em fim de domingo. Eugénia cantando Chico Buarque com sotaque lusitano, violão, baixo, bateria, piano (todos reais e ao vivo). Simples assim, o que essa mulher fez com alguns sucessos da MPB foi covardia. Se fosse um campeonato de futebol, Zizi versus Eugénia, oito a zero para a portuga. Não houve campanha publicitária, nem doação de alimentos, nem glamour. Só aquela troca de vibração que se espera de qualquer apresentação musical. Pelo menos nos shows feitos por gente de carne e osso que, diferente dos computadores, não trava e nem obriga a platéia a esperar o sistema reinicializar, como aconteceu com o Mac da Zizi.

Quanto valeria esse show da Eugénia? No mínimo, os oitenta reais que a Zizi Posses ousou cobrar pelo fiasco em inglês. Alguém pode dizer que o Sesc subsidia os shows e por isso eles custam mais barato. Não discuto isso. Afirmo – e já afirmei – que pagaria oitenta reais para rever a portuguesinha. Já para ver a Zizi... não pago cinco mangos! Ela que me pague!

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