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Artigos-->OLINDA(PE)- E a vergonha que passamos em 1861 -- 21/05/2007 - 16:42 (Wilson Vilar Sampaio) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O PALÁCIO DOS GOVERNADORES EM OLINDA(PE) E A VERGONHA QUE PASSAMOS EM 1861



Por Wilson Vilar Sampaio- Do Instituto Histórico de Olinda



Aconteceu em 1861 um episódio que muito envergonhou Olinda e Pernambuco. Reporto-me à visita do grande historiador Francisco Adolpho de Varnhagen, que estava coligindo dados e manuseando documentos para escrever o vol. II da sua obra “ História Geral do Brasil “, abrangendo o período holandês na capitania do Pernambuco(1630-1654).



Varnhagen não gostava de Pernambuco, pois era amicíssimo do Imperador D. Pedro II, chegando ao ponto de desaconselhar a visita que o Imperador nos fez em 1859, sob a alegação que Pernambuco só queria saber de república e era muito perigoso, recordando ao Imperador o episódio da Revolução Praieira ocorrida em 1849 e ainda na lembrança recente dos pernambucanos.



Pois bem, visitando as obras de reforma do Antigo Palácio dos Governadores, sede da Prefeitura Municipal de Olinda, tendo ao lado políticos da terra, Varnhagen observou um fragmento de pedra na calçada da rua e notou algumas palavras em latim nela gravadas. Aproximou-se, pegou-a, e depois de um pouco de trabalho para limpar a poeira, leu, escrito naquela pedra, que “ André Vidal de Negreiros reedificara o objeto a que ela se referia “ .



Ora, André Vidal de Negreiros havia sido um dos heróis da Restauração Pernambucana e foi nomeado governador da província de Pernambuco. Durante sua gestão, André Vidal procurou reconstruir Olinda que foi incendiada em 1631, após a invasão, quando os holandeses decidiram ficar na “ Povoação do Arrecife” dando origem, assim, à nossa futura capital .



Sarcástico, Varnhagen em carta ao Dr. Antônio de Araújo Ferreira Jacobina, secretário do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, datada de 18/04/1861, comentou o episódio dizendo o seguinte: Junto remetto a V. Sº para ser presente ao Instituto o fac-simile que tirei do tal pedaço de lapida, e posso accrescentar que não havendo authoridade competente dado providencia alguma a respeito delle, houve um illustre pernambucano, o Senr. Gustavo José do Rego, que tomou a si esse cuidado, e tendo-a já em seu poder na rua da Aurora, conta fazêl-a guardar convenientemente em quanto não houver quem lhe queira dar melhor emprego. Ao menos fez o serviço de tirar dos olhos dos passantes um semelhante labéo de pouca attenção por uma pedra que foi inquestionavelmente mandada lavrar pelo heróe da emancipação pernambucana contra o domínio bátavo “ – sic “ Correspondência Ativa de Francisco Adolfo de Varnhagen “ Instituto Nacional do Livro- RJ- 1961, p. 284.



Ele ainda fez outro comentário a respeito do fato: O fragmento de pedra original que ele achou na rua, datada do século XVII e referente à reconstrução do Palácio, soube que ela havia sido arrancada do lugar original para ser colocada uma outra “dizendo que o Senhr. Chichorro mandara rebocar o edifício ou coisa semelhante ” – opus cit. p. 284. ( Antonio Pinto Chichorro da Gama, governador em 1845-1848, que foi expulso durante a Revolução Praieira)



Por fim, despede-se fazendo votos de que seja encontrada “ o resto della em um monturo onde se acha soterrada”.



Varnhagen alfineta os pernambucanos ao constatar o pouco caso que fazíamos em pról da conservação e preservação dos nossos valores e monumentos históricos, porque arrancar uma “ lapida “ de 1658 /1661(período do governo de Vidal de Negreiros) eternizando a reconstrução de um palácio governamental queimado pelos holandeses quando da invasão, jogando-a como lixo no quintal do terreno, por outra de 1848 dizendo apenas que o palácio foi “ rebocado “, realmente, depõe contra nós.



Mas o pior disso tudo é que a alfinetada de Varnhagen de nada adiantou, visto que demos posteriormente vários exemplos da falta de cuidado com o nosso patrimônio histórico e artístico, com a derrubada da Igreja do Corpo Santo, dos Arcos de Santo Antônio, da Conceição e do Bom Jesus, monumentos únicos na América do Sul, demolidos, todos sem a menor necessidade, uns para as obras do Porto e abertura de novas ruas no bairro do Recife e outros apenas “ para modernizar o local”; Sem falar na Igreja dos Martírios, derrubada no "longínquo ano de 1973" quando o prefeito Augusto Lucena resolveu prolongar a Av. Dantas Barreto e a pobre da Igreja(construção do século XVIII) estava no meio.















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