Quem acha que o MST está sob controle engana-se de maneira ingênua. O MST continua poderoso e desafiador do sistema legal brasileiro. Nesta semana, por exemplo, o líder nacional João Pedro Stédile não compareceu na audiência da Justiça de Barra do Ribeiro para explicar a destruição do laboratório de pesquisas da Aracruz.
O MST tem hoje 2 milhões de militantes e 1,8 mil escolas em seus assentamentos. Nelas, 160 mil sem-terrinha aprendem lições revolucionárias em livros de Mao Tsé-Tung e Che Guevara.
Cursos exclusivos em 20 universidades para formação de sem-terra funcionam por convênio. Esses cursos, na maioria, são pagos pelo Incra. Para fazer parte desses cursos, o aluno precisa ser assentado, filho de assentado, não ter formação superior e trabalhar como educador nas escolas dos assentamentos.
Existe uma universidade própria, a Florestan Fernandes, inaugurada em janeiro de 2005 e que já em novembro do mesmo ano formava 60 alunos em cursos de especialização, com a presença do ministro Luiz Dulci, secretário-geral da Presidência.
No diploma, em destaque, estava a seguinte frase: “Contra a intolerância dos ricos, a intransigência dos pobres. Não se deixe cooptar. Não se deixe esmagar. Lutar sempre”.
Há também um projeto de uma escola sul-americana de agroecologia cujo protocolo de intenção para sua implantação no Paraná foi assinado pelos governos do Brasil, da Venezuela, do Estado do Paraná e pela Via Campesina (?).
No Pará, teremos, em breve, estudantes se diplomando como professor rural. O Ministério da Educação assinou convênio com cinco universidades para a formação desses cursos. Tais cursos, segundo o MEC, são inspirados nos cursos de graduação para os sem-terra.
Em Minas Gerais, três cursos funcionam nos mesmos moldes na Universidade Federal. Na aula inaugural de 2005, o líder do MST-MG, Armando Vieira, deu a aula inaugural e deu também o seu recado: “As universidades são latifúndio e nossa presença aqui é uma ocupação”.
A revista Época, numa reportagem que ficou famosa, escreveu: “Há 20 anos eles eram crianças colocadas pelos pais na linha de frente das invasões para constranger a polícia com suas baionetas. Hoje eles são o comando de ocupações (invasões), marchas e saques pelo Brasil afora”. É a primeira geração nascida nos acampamentos e formada nas escolas do MST, chegando ao poder.
As principais máximas da nova geração de sem-terra são as seguintes: “1 – Quando boa parte do povo estiver pronta para pegar na enxada, a gente faz uma revolução socialista no Brasil. 2 – Meus pais só queriam um pedaço de terra. Agora, queremos mudar a sociedade, mesmo que não seja pela via institucional. 3 – A gente precisa ir para a luta, acampar e viver o desconforto para destruir o capitalista que existe dentro de nós. 4 – Quando 169 milhões de pessoas quiserem o socialismo, não vai ter jeito. Nem que seja pela força. 5 – Queremos a socialização dos meios de produção. Vamos adaptar as experiências cubana e soviética no Brasil”.
Eis a súmula da cartilha revolucionária em andamento em nosso país. Até quando as forças da ordem e da lei permitirão a subversão aberta, ostensiva e debochada dos nossos futuros bem-feitores, ninguém sabe.