UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ – UEVA
CENTRO DE LETRAS E ARTES
CURSO: LETRAS COM HABILITAÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA
DISCIPLINA: FONÉTICA E FONOLOGIA DO PORTUGUÊS
DOCENTE: VICENTE MARTINS
DISCENTES: VIVIANE DOS SANTOS JÁCOME SARA SOUSA
RODRIGO FAGUNDES PORTELLA
SOBRAL-CEARÁ, 07 DE MARÇO DE 2007.
CONSOANTES DO PORTUGUÊS
Por meio dos estudos propedêuticos da disciplina Fonética e Fonologia do Português, podemos entender melhor o funcionamento da fonação, através do aparelho fonador, que é composto por pulmões, brônquios, traquéia, laringe, glote, cordas vocais, faringe, úvula, boca, fossas nasais, palato duro (ou céu da boca), véu palatino (ou palato mole), lábios, dentes, língua, epiglote, esôfago, alvéolo, etc. e que é o responsável pela produção dos sons da fala.
Consoantes são propriedades acústicas que quando produzidas pela corrente de ar vinda dos pulmões, sofrem alguns obstáculos até atingir o meio exterior. As consoantes são classificadas de acordo com quatro critérios:
• Modo de articulação;
• Ponto de articulação;
• Função das cordas vocais (ou sonoridade);
• Função das cavidades bucal e nasal.
Irá nos interessar, por ora, o modo ou a maneira de articulação. Nesse sentido, elas podem sofrer oclusão ou constrição. Dependendo do obstáculo que a corrente de ar encontra na produção do som, as consoantes podem ser:
OCLUSIVAS O obstáculo é total, seguido de uma abertura rápida:
/pe/ /te/ /de/ /be/ /que/ /gue/
Exemplos: pato, tato, data, bato, cato, gato
CONSTRITIVAS O obstáculo é parcial. As constritivas podem ser:
Fricativas provocam um ruído comparável a uma fricção:
/fe/ /se/ /xe/ /ve/ /ze/ /je/
Exemplos: fato, cebola, xícara, vaso, casa, jeito
Laterais o obstáculo é formado pela língua no centro da boca, saindo o ar pelas
laterais:
/le/ /lhe/
Exemplos: leite, palha
Vibrantes há um movimento vibratório rápido da língua ou do véu palatino:
/Re/ (vibrante forte), /re/ (vibrante branda)
Exemplos: caro (vibrante branda)
pêra (vibrante branda)
carro (vibrante forte)
roda (vibrante forte)
OBSERVAÇÃO
As consoantes nasais /me/, /ne/, /nhe/ não são totalmente oclusivas, pois parte do ar escapa pelas fossas nasais, havendo oclusão apenas bucal.
MODO OU MANEIRA DE ARTICULAÇÃO
Oclusiva: Os articuladores produzem uma obstrução completa da passagem da corrente de ar através da boca. O véu palatino está levantado e o ar que vem dos pulmões encaminham-se para a cavidade oral. Oclusivas são portanto consoantes orais. As consoantes oclusivas que ocorrem em português: pá, tá, cá, bar, dá, gol.
Fricativa: Os articuladores se aproximam produzindo fricção quando ocorre a passagem central da corrente de ar. A aproximação dos articuladores entretanto não chega a causar obstrução completa e sim parcial que causa a fricção. As consoantes fricativas que ocorrem em português são: fé, vá, sapa, Zapata, chá, já.
P.S.: A etimologia da palavra fricativo é a seguinte:
“rad. do part. pass. lat. fricátus, a, um ‘esfregado’ sob a f. fricat- + ivo; do v. lat.
fricó, as, cùi, frictum (ou fricátum), are ‘esfregar, friccionar, brunir’.
FONÉTICA OU FONOLOGIA?
Apesar de a NGB (ou simplesmente a sigla de Nomenclatura Gramatical Brasileira) restringir os estudos dos sons da língua apenas à Fonética, cabe ressaltar que não há somente uma, mas duas ciências dos sons da língua: Fonética e Fonologia.
A Fonologia ocupa-se dos fatos fônicos somente à medida que cumprem uma determinada função da língua. Tratando-se fonema de uma entidade que tem função distintiva no sistema lingüístico, o seu estudo é objeto da fonologia.
A Fonética estuda os sons da língua enquanto utilização pelos indivíduos no ato da fala. As particularidades na realização do som, as características individuais que cada falante pode a ele imprimir ao pronunciá-lo são objetos de estudo da Fonética.
Para exemplificar, observe as palavras tia e dia. A distinção entre elas é feita pelos fonemas /t/ & 61614; /tia/ e /d/ & 61614; /dia/. Esse fato fônico com função distintiva é o estudo de que trata a Fonologia. Esses dois fonemas /t/ e /d/ antes de i, no ato da fala, dependendo do indivíduo, podem realizar-se de maneiras diferentes: [t] ou [t& 8747;], [d] ou [d& 8747;]. Esse fato fônico enquanto realização do falante é o estudo de que trata a Fonética.
ALFABETO FONOLÓGICO
consoantes letras exemplos transcrição fonológica
/p/
/b/
/t/
/d/
/k/
/g/
/f/
/v/
/s/
/z/
/& 8747;/
/& 658;/
/& 8467;/
/& 61548;/
/r/
/R/
/m/
/n/
/ñ/ p
b
t
d
c, qu
g, gu
f
v
s, c, ç, x, ss, sc, sç, xc
z, s, x
x, ch
g, j
l
lh
r
r, rr
m
n
nh pato
bola
tela
data
cabo, quilo
gato, guia
faca
vela
sala, cedo, caça, máximo, massa,
nasce, desço, exceto
casa, zelo, exato
xale, chuva
gelo, jota
lata
telha
caro
rima, carro
mala
nada
ninho /pato/
/bola/
/t& 941;la/
/data/
/kabo/, /kilo/
/galo/, /gia/
/faka/
/v& 941;la/
/sala/, /sedo/, /kasa/, /masimo/, /masa/, /nase/, /deso/, /es& 941;to/
/zelo/, /kaza/, /ezato/
/& 8747;ale/, /& 8747;uva/
/& 658;elo/, /& 658;ota/
/& 8467;ata/
/te& 61548;a/
/karo/
/Rima/, /kaRRo/
/mala/
/nada/
/niño/
OBS: transcrever fonologicamente uma palavra é representá-la através do alfabeto fonológico.
OBS: transcrever foneticamente uma palavra é representá-la de acordo com a pronúncia do falante.
Exemplos: povo [povu]; leve [levi].
VARIANTES OU ALOFONES
No ato da fala, um mesmo fonema pede realizar-se de formas diferentes. A realização dos sons é transcrita entre colchetes. Tome-se, por exemplo, o fonema /t/ na palavra tia. Antes de i podem ocorrer duas realizações ou pronuncias desse mesmo fonema: 1) a ponta da língua tocando os dentes incisivos superiores numa produção dental [t] que daria a pronuncia [tia]; 2) uma realização mais complexa em que a dental se combina com um som palatal, aproximando-se no dorso da língua do palato duro ou céu da boca [t& 8747;] que daria uma pronúncia [t& 8747;ia]. O mesmo pode ocorrer com o fonema /d/ antes de i: [dia] ou [d& 8747;ia].
Essas diferentes realizações não implicam, no entanto, mudança de significado das palavras, são apenas manifestações diferentes de um mesmo fonema. A essas diferentes realizações de um mesmo fonema dá-se o nome de variantes ou alofones.
OBS: os exemplos há pouco demonstrados são presentes em alguns lugares da região Nordeste, a saber, Pernambuco e, inclusive, aqui no estado do Ceará, nos municípios de Juazeiro e Crato, pois lá há o processo conurbativo e são cidades limítrofes com o estado de Pernambuco.
A FONÉTICA NA SALA DE AULA
Polêmicas existem no plano de ensino da gramatologia, pois cada língua faz uso de um número limitado de sons, dentre aqueles que o aparelho fonador humano é capaz de produzir. Quando nos deparamos com um erro de ortografia, praticado por uma criança ou até mesmo por uma pessoa de pouca instrução, devemos avaliar as razões que a levaram incorrer tal desvio lingüístico.
FONEMAS E LETRAS
Não há uma correspondência absoluta entre o número de fonemas das palavras e o número de letras usadas na escrita alfabética dessas mesmas palavras. Vejamos alguns exemplos (a transcrição fonológica vem indicada entre barras inclinadas, após a escrita alfabética):
casa - /káza/ : 4 letras e 4 fonemas
palhaço - /pa& 61548;áso/ : 7 letras e 6 fonemas
queijo - /kéi& 658;o/ : 6 letras e 5 fonemas
fim - /fi/ : 3 letras e 2 fonemas
maxilar - /maksilár/ : 7 letras e 8 fonemas
forquilha - /forkí& 61548;a/ : 9 letras e 7 fonemas
A RELAÇÃO ENTRE OS SONS DA LÍNGUA E A ESCRITA ALFABÉTICA
O sistema alfabético prevê a representação apenas dos fonemas, e não de todos os sons que ocorrem na língua. Por esse motivo, na escrita do português, não se usam símbolos diferentes para representar o som da consoante inicial de palavras como todo, tudo, tempo, tela, tapa, e tipo. Em todos os casos, usamos a letra t.
É importante também reconhecer que a escrita alfabética não prevê a representação de um mesmo fonema sempre com a mesma letra. Por isso encontramos, no português, a ocorrência de palavras como casa e zebra, em que o mesmo fonema, /z/, é representado na escrita pelas letras s e z, respectivamente.
É possível ainda usar uma mesma letra para representar mais de um fonema. A letra x, por exemplo, pode representar o fonema /z/ em exame e o fonema /s/ em sintaxe. Uma seqüência de duas letras pode representar apenas um fonema, como em chuva, onde a seqüência ch representa apenas um fonema, /& 8747;/. Pode haver ainda o caso de uma só letra, por exemplo, o x da palavra sexo, representar uma seqüência de dois fonemas, /ks/.
ORTOGRAFIA& 61563;língua escrita / grafema (letra)
CORRESPONDÊNCIA ENTRE SOM E LETRA
Para algumas unidades mínimas de som, há uma letra específica que as representa na escrita.
Exemplos:
SONS LETRAS SONS LETRAS
be & 61614; b pe & 61614; p
de & 61614; d te & 61614; t
fe & 61614; f ve & 61614; v
Seria be m mais simples aprender a escrever, se para cada som houvesse uma letra especifica e se cada letra representasse apenas um som.. não é o que acontece.
Exemplos:
a Existem casos em que uma mesma letra representa sons diferentes:
se ----- próximo
x ze ----- exame
xe ----- caixa
se ----- sapato
s
ze ----- casa
b Existem letras diferentes que representam um mesmo som:
s, c, ç, x se & 61614; sereno, cedo, laço, próximo, explicar
s, z, x ze & 61614; casa, beleza, exato
g, j je & 61614; gilete, jeito
c Existem sons que ora são representados por uma só letra, ora por duas letras:
xe & 61614; x, ch & 61614; xícara, chinelo que & 61614; c, qu & 61614; casa, quero
d Existe letra que, sozinha, representa duas unidades mínimas de som. É o caso do x.
táxi
x ---------- ksi ---------- tóxico
e Existe letra que não representa nenhum som. É o caso do h:
h ---------- & 61572; ---------- hora, horta, humildade
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